Cuiabá, Quinta-Feira, 4 de Dezembro de 2025
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
19.09.2011 | 22h20 Tamanho do texto A- A+

"Não autorizei contrato sem licitação", diz Machado

Então secretário de Saúde, atual desembargador se posiciona sobre ação do MPF

O desembargador Marcos Machado, então secretário de Saúde:

O desembargador Marcos Machado, então secretário de Saúde:

DA REDAÇÃO

O desembargador Marcos Machado encaminhou ao MidiaNews uma nota de esclarecimento se posicionando sobre o fato de o Ministério Público Federal (MPF) ter ajuizado, na última sexta-feira (16), uma ação civil pública contra ele e o ex-governador Blairo Maggi (PR), por supostos atos improbidade administrativa na contratação de serviços de saúde. 

Segundo o MPF, a contratação da empresa Home Care Medical LTDA. gerou prejuízos da ordem de R$ 4 milhões aos cofres públicos. A empresa fornecia medicamentos e gerenciava o sistema de distribuição dos mesmos. O contrato, com dispensa de licitação, durou um ano.

Na nota de esclarecimento, Machado diz que o MPF "cumpriu sua função de judicializar o fato".

"Todavia, documentos enviados ao TCU (Tribunal de Contas da União) demonstram que eu não contratei, nem autorizei a contratação sem licitação. Bem como não era ordenador de despesas para poder ser responsabilizado por pagamentos", afirma.

O desembargador continua: "Assim que for notificado, promoverei as explicações necessárias. Gostaria de ter sido ouvido pelos procuradores do MPF. Certamente, não chegariam à conclusão de me acionar. Lamento o dano moral, que nenhum deles conseguirá recompor".

Na nota, Machado explica que o contrato com a Home Care foi celebrado em outubro de 2003, quando ele ainda não era secretário, na tentativa de solucionar a crise instalada na saúde pública de Mato Grosso pela falta de medicamento.

"Fui nomeado Secretário de Saúde de Mato Grosso em 18 de dezembro de 2003. No decurso dos seis meses da contratação, determinei a realização de licitação. Por duas vezes o edital foi impugnado, impedindo a conclusão do procedimento pelos vários interessados em fornecer medicamentos à Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso", explica.

Segundo ele, por não haver tempo hábil para a conclusão do procedimento licitatório, o contrato foi prorrogado. "Isso diante da necessidade de identificar e combater o cartel de medicamentos de Goiânia, que se instalou em Cuiabá e praticamente impedia a distribuição regular de medicamentos pelo SUS em Mato Grosso", afirma.

Machado explica, na nota, que não havia outra alternativa. "Não deixaríamos milhares de usuários do SUS-MT, pacientes de doenças de tratamento contínuo, sem medicação, com risco de morte imediata e mediata".

Investigações

Segundo ele, investigações foram efetuadas enquanto a Secretaria de Saúde se organizava para reassumir a gestão farmacêutica, o que efetivamente ocorreu em outubro de 2.004, com a construção e ampliação de prédios para armazenamento e distribuição de medicamentos, bem como organização do fluxo, da logística e das atribuições do setor.

"Cabe registrar que o Denasus (Departamento de Auditoria do SUS do Ministério da Saúde) procedeu ampla auditoria nas compras e no fornecimento de medicamentos realizadas pela Home Care no ano de 2005, e concluiu inexistir quaisquer indícios de superfaturamento, pois os medicamentos foram registrados em pregão de registro de preços realizado pela secretarias de estados de administração e saúde do estado de mato grosso", explica.

Na nota, Machado afirma que o Tribunal de Contas do Estado, em decisão administrativa, não reconheceu que os valores praticados teriam sido abusivos, pois não havia parâmetros nacionais de preço de medicamentos comercializados no interior do Brasil.

"A situação vivida em Mato Grosso serviu de elemento fático para que o Ministério da Saúde tabelasse o preço máximo dos medicamentos de alto custo, ou excepcionais, a serem adquiridos pelos estados no ano de 2006, o que não existia à época (2003), levando os estados a complementarem em valores superiores a 50% o subsídio dado pela União Federal para aquisição desses medicamentos (alto custo ou excepcionais)", afirma na nota.

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COMENTÁRIOS
11 Comentário(s).

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Natália  20.09.11 19h05
Quando os promotores acusam indiscriminadamente as pessoam não tem problema, faz parte , está certo, não ouvem, não esperam, não são cautelosos com as acusações, mas quando "esses" são acusados acham que foi arbitrário, mancha a idoneidade etc etc... Vale aquele ditado: " pimenta no dos outros é refresco."
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Maria do Carmo Silva  20.09.11 11h20
Agora talvez o senhor esteja sentindo na pele o que varias pessoas já sentiram quando o MPE acusa sem provas e não tiveram a oportunidade de se defender.
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EDESIO DO CARMO ADORNO  20.09.11 11h00
Até prova em contrário, acredito na seriedade e lisura do Sr. Marco Machado, ex-promotor de justiça e atualmente agraciado com o pomposo e vitalício cargo de desembargador. De suas explicaçoes, uma chama atençao por ser prática ignorada pelo MP do qual ele fazia parte."Gostaria de ter sido ouvido pelos procuradores do MPF. Certamente, não chegariam à conclusão de me acionar". A lamentaçao do ex-secretário é a de muitos que são denunciados, expostos ao ridiculo público e depois nada acontece. Fica ai, portanto, a sugestão de Machado, primeiro ouvir, colher provas para depois instaurar processo.
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Flávio  20.09.11 10h19
É engraçado o internauta abaixo questionar "quantas vezes o promotor Marcos Machado teria ouvido a outra parte antes de acusar", pois está era uma prática adotada pelo hoje Desembargador Marcos Machado, quando integrante dos quadros do MP. Não apenas ele, mas muitos promotores têm o costume de cobrar explicações ainda na fase de inquérito civil. Inclusive, no MPF de outros Estados é comum ver tal prática. Em MT que parece que os procuradores da república preferem buscar explicações junto ao judiciário, expondo as partes a responder, MUITAS vezes injustamente.
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Carlos Eduardo  20.09.11 09h10
No mínimo contraditório o nobre desembargador, não contratou sem licitação, mas prorrogou o contrato, logo avalizou a contratação. Quantos vezes o promotor Marcos Machado ouviu antes quem ele iria denunciar, embora o assunto não seja engraçado chega a ser rizível a argumentação. 
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