O presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (Amef), Benedito Carlos de Almeida, emitiu uma nota em repúdio contra as prisões decretadas pela juíza Ana Cristina Silva Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, no âmbito da Operação Terra Vista.
A Operação foi deflagrada no último dia 13 para desbaratar um suposto esquema de fraudes ambientais que ultrapassaria os R$ 150 milhões. Ao todo, foram expedidos 128 mandados de prisão.
Além de engenheiros florestais, foram alvos representantes legais e operacionais de empresas e ex-servidores da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
Segundo Benedito de Almeida, todos os engenheiros presos na ação foram liberados no mesmo dia, já que não foi encontrada qualquer ilegalidade na conduta dos mesmos.
Antes de liberados, no entanto, passaram por “vexame e humilhação”, conforme aponta a associação que representa os profissionais.
“A AMEF repudia o flagrante desrespeito à engenharia florestal e às leis que protegem e regram o exercício da nossa profissão. Os engenheiros foram submetidos a tratamentos vexatórios, humilhantes, abusivos, a desnecessária condução no compartimento engradado da viatura, além de uso totalmente desnecessário de algemas, uma violência contra a dignidade profissional de cada um deles”, diz trecho da nota.
No documento, a presidente afirma também que viu “abuso” e “truculência” na condução da operação.
Segundo o presidente, a associação não "compactua com qualquer tipo de ilegalidade" e entende que aqueles que estejam envolvidos em esquemas de crimes ambientais sejam punidos “com o rigor da lei”.
Todavia, de acordo com Almeida, enquanto não ficar comprovada a participação dos profissionais nos supostos crimes, não há que se tomar qualquer medida precipitada.
“Cabe à Justiça apurar primeiramente os fatos, antes de denegrir a imagem do profissional e tratá-lo como bandido. Cabe destacar que dos profissionais que haviam sido presos, as prisões foram revogadas e expedidos alvarás de soltura no mesmo dia”, afirmou ele.
“De acordo com a legislação, as prisões só são cabíveis quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários aos esclarecimentos ou quando houver fundadas razões de autoria ou participação em alguns crimes previstos na lei”, acrescentou.
Por fim, o presidente ressaltou que os supostos crimes ambientais investigados na operação teriam ocorrido em 2014, de modo que a associação entende que as autoridades tiveram tempo suficiente para identificar os verdadeiros envolvidos nas fraudes.
“Por isso tamanha indignação e perplexidade pela forma humilhante a qual os profissionais foram submetidos”, concluiu.
Operação
A Operação Terra à Vista é oriunda de inquérito policial conduzido pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), com o objetivo de investigar um grupo acusado de atuar na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), fraudando o Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora).
O trabalho de apuração começou no ano de 2014, com o auxílio de uma auditoria realizada pela própria Sema, que descobriu um esquema de fraude no sistema na criação de créditos florestais, beneficiando diversas empresas do ramo madeireiro e terceiros (com inserção de dados falsos no sistema).
Segundo a polícia, muitos créditos circularam para outras empresas gerando Guias Florestais inidôneas, as quais podem ter sido usadas para acobertar operações ilegais, promovendo, em tese, tanto a circulação de produto florestal de origem ilícita, quanto à lavagem dos valores correspondentes a essas mercadorias ilegais (madeiras extraídas ilegalmente, lavagem de dinheiro).
Leia mais sobre o assunto:
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9 Comentário(s).
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Luciene Neves 21.03.19 18h24 | ||||
Parabenizo à AMEF e todos os envolvidos na elaboração dessa ação/nota de repúdio. O que ocorreu, a forma como os nossos colegas engenheiros foram conduzidos e tratados, é um absurdo, pois antes de sairem algemando e expondo os nomes de cidadãos publicamente, como bandidos, deveriam ter apurado tudo em detalhes e só após tiverem a absoluta certeza de que aquele cidadão está realmente envolvido, aí sim poderiam expor estes ( pois qdo se deflaga uma operaçao presupõe que foi feita a investigaçao minuciosa), mesmo assim, a questao de algemas , levar em gaiolas de camburão, coisas desse tipo, só quando for considerado necessario. Fica aqui minha INDIGNAÇÃO. Os bandidos de colarinho branco, sao tratados com toda frescura, nao pode isso, nao pode aquilo, e olha que todos tem possuem a ficha longa. | ||||
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hgneel rodrigues 20.03.19 10h03 | ||||
Fica a minha pergunta, com político a coisa é diferente porque? O cara rouba, uns até de "Paletó", e estão soltos, estes tem o direito de aaaaampla defesa, já o profissional que tem um registro no conselho de classe, é credenciado junto aos órgãos ambientais, "SEMA, IBAMA" e outros a fim, são constantemente humilhados por agentes públicos despreparados (não generalizando), portanto, fica minha indignação pela falta de zelo pela Vida social, física e mental do profissional, quando não se prova NADA daquilo que supostamente é acusado. A lei deve ser cumprida, mas que sirva de correção e punição para os que realmente cometeram algum crime. | ||||
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Marcelo 20.03.19 09h10 | ||||
Parabéns à todos os colegas que tomaram a frente em defesa da nossa classe que vem sendo ultrajada e pisoteada em especial a AMEF, por operações irresponsáveis elaboradas e executadas por pessoas e profissionais que em muitos casos não se preocupam em pesquisar mais a fundo, cometendo gafes e injustiças irreparáveis nos jogando na berlinda e ao escanteio da sociedade, precisamos sim de profissionais sérios e comprometidos com a verdade e autoridades responsáveis pelo o que assinam e julgam, para que assim sejam punidos os que de fato devem ser punidos, dando lugar e holofote para os que procuram trabalhar de maneira séria e comprometida com o Meio Ambiente e as gerações futuras | ||||
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Joce Dambros 20.03.19 09h01 | ||||
Parabéns ao presidente Benedito por através da AMEF trazer esta situação a público, algo que já vem há décadas acontecendo, em muitos casos estas situações destroem com a reputação dos profissionais. Para esta operação em questão, os profissionais foram PRESOS para serem ouvidos e depois liberados. | ||||
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Eng Júlio 20.03.19 08h56 | ||||
Parabéns a AMEF pela iniciativa. | ||||
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