Cuiabá, Sábado, 12 de Julho de 2025
JUROS ABUSIVOS
22.03.2019 | 11h21 Tamanho do texto A- A+

Agiotas confiscavam cartões e documentos de índios em MT

Delegado afirma que os indígenas entravam em um ciclo de endividamento que durava anos

Reprodução

A operação foi deflagrada pela Polícia Civil de Barra do Garças

A operação foi deflagrada pela Polícia Civil de Barra do Garças

DA REDAÇÃO

Três mandados de busca e apreensão domiciliar com objetivo de apurar crimes de usura, apropriação indébita e estelionato praticados contra indígenas da etnia Xavante foram cumpridos pela Polícia Civil, na Operação A'uwe deflagrada, na quinta-feira (21), pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Barra do Garças (509 km a Leste).

 

Segundo o delegado da Derf, Wyliney Santana Borges, a Operação “A'uwe” (que significa “Povo Xavante” na linguagem indígena), resultou na maior apreensão de documentos e cartões bancários pertencentes a indígenas em poder de agiotas no Estado de Mato Grosso.

 

As investigações demonstram que os suspeitos emprestam dinheiro para os indígenas, cobrando juros que variam entre 10% a 40% mensais, e como garantia de recebimento, retém os cartões bancários com as respectivas senhas das vítimas, somente devolvendo quando recebem o valor emprestado acrescido de juros.

 

Durante as buscas nas residências dos suspeitos, foram apreendidos 135 cartões bancários com senha dos indígenas, incluindo do programa federal “Bolsa Família”, além de 242 documentos pessoais e oficiais de índios, dentre eles carteira de trabalho, RGs, CPFs e títulos de eleitor.

agiotas

Material apreendido com os acusados de agiotagem

 

Em uma das casas, foram encontradas ainda duas máquinas de cartões, que eram utilizadas para passar os cartões das vítimas, em que o dinheiro tinha como destino a conta bancária de um dos investigados, evitando que precisassem ir ao banco para sacar os valores.

 

Wilyney Santana explica que devido aos juros exorbitantes, as vítimas entram em um ciclo que pode durar anos.

 

“Neste período o indígena fica sem nenhum controle do recebimento de salário, aposentadorias e benefícios que recebem, e como precisam de dinheiro para sua subsistência, voltam novamente nos suspeitos, alimentando o ciclo interminável de empréstimos”, disse o delegado.

 

As investigações prosseguem tramitando pela Derf de Barra do Garças.

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