É chegado o momento de o Governo Bolsonaro reconhecer a história da ferrovia para Mato Grosso como legado e determinar o cumprimento imediato da Lei assinada pelo ex-presidente Ernesto Geisel, trazendo os trilhos para a capital mato-grossense.
Afinal, passaram-se já 44 anos da aprovação desse projeto. Um projeto altamente debatido pela sociedade, aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado Federal e, avalizado pelo governo federal. Essa luta liderada pelo cuiabano Vicente Emílio Vuolo, acabou se transformando numa obstinação, numa verdadeira “Odisseia”, símbolo da perseverança de perseguir uma utopia que hoje é traçada como nossa mais concreta realidade e da retidão de caráter demonstrada pela sua passagem na vida pública.
Inconformado com a precariedade de nossas estradas, com a irracionalidade de transportar cargas a grandes distâncias por rodovias, e com a convicção de que um dia Mato Grosso seria o celeiro do Brasil (pelas condições climáticas e do solo), Vuolo estava determinado a dedicar todo o seu trabalho no Congresso Nacional na luta por um equilíbrio no sistema de transporte no país.
O primeiro passo foi apresentar o Projeto de Lei nº 312 –A, de 1975, inspirado num estudo técnico desenvolvido pelo engenheiro de Mato Grosso Domingos Iglesias Valério. O projeto no art. 1º estabeleceu: “Fica incluída na relação descritiva das ferrovias do Plano Nacional de Viação, instituído pela Lei nº 5.917, de 10 de setembro de 1973, a seguinte ligação: Rubinéia (SP) - Aparecida do Taboado (MS) – Rondonópolis (MT) – Cuiabá (MT) ”.
O escritor Euclides da Cunha – há mais de 100 anos - já defendia esse traçado como caminho mais curto para ligar o Norte ao Sul do Brasil passando
necessariamente pela construção de uma ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná, entre Rubinéia e Aparecida do Taboado. A prova dessa tese pode ser tirada facilmente se sairmos de avião em linha reta de São Paulo a Cuiabá. Logo passaremos obrigatoriamente em cima dessa ponte.
Para convencer os parlamentares da Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados, Vuolo articulou a realização de um Simpósio em Cuiabá, com o apoio do então Governador Garcia Neto, durante o período de 25 a 28 de setembro de 1975. Estiveram presentes os deputados Lomanto Júnior (presidente da Comissão de Transportes), Hélio Almeida (ex-Ministro do Trabalho do Governo João Goulart), Santos Filho (relator do projeto), Vasco Neto e o Ministro dos Transportes do Governo Geisel, Dirceu Nogueira.
Como representante da Comissão de Transportes da Câmara dos Deputados, Vuolo organizou outro importante Simpósio da Ferrovia na capital paulista, na sede do Instituto de Engenharia de São Paulo, entre os dias 16 e 19 de outubro de 1975.
Após inúmeras reuniões e discursos, o Projeto de Lei nº 312-A foi aprovado pelo Congresso Nacional, sancionado pelo presidente Ernesto Geisel, transformado na lei nº 6.346, de 6 de julho de 1976.
Depois, eleito senador da República, a luta de Vuolo se intensificou. Desta feita, para elaborar o projeto construtivo da ponte rodoferroviária sobre o Rio Paraná de 3.600 metros, principal obstáculo para o prolongamento dos trilhos da estrada de ferro Araraquarense (que passou a ser Fepasa e mais tarde Ferronorte).
Com o apoio decisivo do Ministro Golbery do Couto e Silva, Chefe da Casa Civil do Presidente João Batista Figueiredo, Vuolo conseguiu autorização para a Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (GEIPOT) fazer o projeto da ponte. Foi necessário viabilizar um Convênio entre o Governo do Estado de São Paulo e a União. A solenidade de assinatura desse convênio aconteceu no Ministério dos Transportes, em Brasília, com a presença do Senador Vuolo, Senador Amaral Furlan (SP), Governador de São Paulo, Paulo Maluf e o Ministro Eliseu Resende, representando a União. Eu, bastante jovem na época, estive presente nesse dia histórico que mudou para sempre os rumos de desenvolvimento de toda a nossa região. A empresa Sondotecnica Engenharia e Solos foi a vencedora da concorrência. Mais tarde, esses estudos facilitaram os trabalhos desenvolvidos pelos técnicos da Constran, responsável pela construção da ponte rodoferroviária.
Em vida, o ex-senador Vuolo assistiu à inauguração da ponte e o prolongamento dos trilhos até Alto Araguaia, passando por Aparecida do Taboado, Chapadão do Sul e Alto Taquari.
Hoje, a ferrovia Senador Vuolo adentrou em Alto Garças, Itiquira e Rondonópolis, faltando apenas cerca de 200 km para chegar em Cuiabá.
Essa ligação é fundamental. Postergá-la gera prejuízos a todos e atrasa decisões estratégicas para toda a região. Essa ferrovia fará parte, no futuro próximo, das ligações ao Sul para o porto de Santos, ao Norte com Santarém com a hidrovia do Amazonas, a Noroeste com a hidrovia do Madeira, e na ligação com o Pacífico. Há recursos, produção e vontade histórica. Falta a decisão política do momento.
Por isso, é importante que as lideranças políticas da região se mobilizem e façam a pressão que desempenhou nobremente Vicente Emílio Vuolo.
VICENTE VUOLO é economista e cientista político.
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1 Comentário(s).
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Olavo 12.04.19 14h05 | ||||
Vicente Vuolo, não se se você viu, mas ontem via canal do youtube, o presidente bolsonaro, disse que essa parte será concluiada o mais rápido possíveil, e que o norte e sul será concluida no governo dele, e acredito que isso é pessoalmente um visão de governo do bolsonaro que quer integrar o brasil o mais rápido possível, coisa e a décadas e décadas os governos provisórios não fizeram. | ||||
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