Um dos principais aliados do governador Mauro Mendes (DEM) na Assembleia Legislativa - cotado inclusive para ser líder na próxima legislatura -, o deputado estadual Dilmar Dal'Bosco (DEM) avalia como crucial o momento em que vive o Estado e vê como fundamental a aprovação dos projetos enviados pelo Executivo, prevendo cortes nos gastos e aumento na receita.
"Se nós não colocarmos um freio, não estancarmos esse buraco que cada vez mais se avoluma, nós vamos quebrar o Estado neste ano e no próximo ano inviabilizar Mato Grosso", afirmou em entrevista ao MidiaNews nesta semana.
Sobre a dificuldade do Executivo em pagar os salários - tendo inclusive escalonado a folha de dezembro e parcelado parte do décimo terceiro -, Dilmar pede que os servidores tenham compreensão com o Executivo.
"Eu sei da dificuldade. Eu sei que é difícil você fazer compromisso. Nós estamos começando as aulas, tem que pagar matrícula, tem a compra no mercado, o cartão de crédito. Eu sei da grande dificuldade que está passando o servidor público. Nós temos que entender que o Estado está em calamidade. Se não tomar medidas, vai entrar em colapso", disse.
Confira a entrevista na íntegra:
MidiaNews – Nesta semana, o governador Mauro Mendes enviou à Assembleia um pacote de projetos para combater o déficit de caixa e tirar o Estado de uma grave crise econômica. Qual a expectativa do senhor em relação à tramitação desses projetos? E qual a maior dificuldade?
Dilmar Dal'Bosco – A maior dificuldade é de entendimento. O primeiro passo é tirar cópia de todas as mensagens que o Governo apresentou, enviar para os gabinetes, e discutirmos para que os parlamentares tenham propostas. Não é que vencemos um obstáculo hoje [quinta-feira]. Mas nós entregamos as mensagens pelo Governo, protocolamos na Mesa Diretora, lemos as mensagens, e já aprovamos um requerimento de dispensa de pauta. Com isso, nós já ganhamos um prazo longo. Quer dizer, na semana que vem tem mensagens que poderão estar aptas a serem votadas.
Nós temos o compromisso com a LOA [Lei Orçamentária Anual] até o final de janeiro, que é o período regimental que deve ser respeitado. Acredito que até o fim do mês nós possamos vencer essas votações, que são importantes para o Estado.
MidiaNews – O senhor espera que os deputados tenham sensibilidade nesse momento em que o Estado vive uma situação gravíssima do ponto de vista econômico?
Dilmar Dal'Bosco – Com toda certeza! O ex-líder do governador Pedro Taques, o deputado Wilson Santos, já buscou esse entendimento. Ele é solidário, já conversei com ele. O deputado Valdir Barranco, que hoje está na oposição, com tendência de continuar, mas é um gestor – já foi prefeito – e sabe das dificuldades de gestão. Eu tenho certeza que eles irão contribuir.
Nós, a Assembleia Legislativa, temos uma grande responsabilidade. Como foi errado em outras legislaturas, nós temos que tentar consertar. Se nós não colocarmos um freio, não estancarmos esse buraco que cada vez mais se avoluma, nós vamos quebrar o Estado neste ano e no próximo ano inviabilizar Mato Grosso, como por exemplo [ocorreu com] o Estado do Rio Grande do Sul, do Norte, Minas Gerais e Goiás. E nós não podemos deixar que em 2020 Mato Grosso entre em colapso.
MidiaNews – O senhor fará um apelo aos deputados para terem consciência do papel deles nesse momento?
Dilmar Dal'Bosco – Vai haver diálogo, conversa, explicar. Não o apelo. O apelo é quando você exige uma coisa de alguém ou motivando algo. É um diálogo de explicação. De haver debate. Eu gosto muito do debate, da conversa. Conversa sadia em que você produz. Tenho certeza que a gente vai conseguir ter o entendimento dos colegas deputados.
MidiaNews – O senhor citou que a Assembleia precisa corrigir erros que cometeu lá atrás. A AL, em outras legislaturas, errou ao deixar as despesas crescerem muito?
Dilmar Dal'Bosco – Com certeza! Nos governos anteriores, muitas vezes, trataram de igualdade na carreira A pela carreira B, e não analisando que isso ia dar um reflexo muito grande.
Um exemplo - e nada contra nenhum segmento dos servidores públicos: nós da Assembleia Legislativa aprovamos projetos de lei que dão aumentos além da Revisão Geral Anual (RGA), ganhos reais, como a exemplo dos profissionais de Educação, que têm aumentos até 2023.
Mauro Mendes traz para nós, em mensagem, essa irresponsabilidade muitas vezes do gestor que está em seu fim de mandado e faz um acordo para que os outros paguem. Então, já está na lei [de responsabilidade fiscal estadual] que só podem ser concedidos aumentos na gestão. Se quiser dar aumento para qualquer segmento, além do reajuste, ele tem que fazer para a gestão dele e não para próximos gestores.
MidiaNews – Há cerca de dez dias, alguns deputados da próxima legislatura se reuniram com o Fórum Sindical já demonstrando que vão estar contra medidas que afetam os servidores.
Dilmar Dal'Bosco – O governador Mauro Mendes e sua equipe mandou projeto que define maneiras e condicionantes para o reajuste [dos salários]. Aquelas condicionantes sendo vencidas, com toda certeza, vai dar o reajuste. É da mesma maneira que você, tendo o seu salário em dia, você vai pagar a prestação da geladeira. Tendo seu salário em dia, você tem a prestação da geladeira para pagar, mas teve um problema de saúde com seu filho, e aí você tem que priorizar.
O que acontece: se você não tem o lastro e a condição financeira para efetivar a RGA, qual a maneira que você vai dar? Ou descumprir ou dar pedalada, como o Governo fez, em um exemplo que a CPI do Fundeb mostrou. Essa é uma grande questão, que deve ser analisada.
MidiaNews – Na entrevista que deu na quinta-feira na Assembleia, o governador Mauro Mendes afirmou que Mato Grosso está em um abismo e próximo do colapso total. O senhor enxerga dessa maneira?
Dilmar Dal'Bosco – Com certeza. Se você analisar, de 2003 para 2017 – que são os dados que temos apurados –, nós tivemos um reajuste de despesa, principalmente com pessoal, de 681%. E tivemos um incremento de receita de 380%. Então é muito longe essa distância entre o crescimento da despesa e da receita. E olhe que nós estamos crescendo a receita em Mato Grosso!
E aí você vê que o exercício de 2018 encerrou-se com déficit orçamentário de R$ 2,133 bilhões. Nós temos mais empenhos que não foram efetivados, não pagos, mas alguns com dinheiro vinculado que são financiamentos que estão em obras a terminar. Isso encerrado 2018. Além disso tudo temos R$ 4 bilhões de déficit orçamentário.
A previsão para 2019 é que nós vamos ter mais um déficit de R$ 1,950 bilhão. Por isso que terão que entrar esses projetos. Por isso que é necessária a reforma administrativa. Por isso que estão pensando que algumas autarquias possam ser encerradas para que não haja mais custo ao Governo. Por isso que o Governo propõe a diminuição do duodécimo dos poderes. Isso, para tentar diminuir esse déficit de R$ 1,950 bilhão, só de 2019, fora o já acumulado.
E nós temos um grande problema previdenciário. Em 2018 o Estado tirou dinheiro líquido da Fonte 100. Para você ter uma noção, o dinheiro para sobrar de pagamento de pensionistas e aposentados, para sobrar líquido, de R$ 2,5 bilhões, vão sobrar R$ 1 bilhão. Então, imagina o quanto você vai ter que arrecadar para cobrir o déficit previdenciário.
Sobre o déficit previdenciário, se não estancarmos de alguma maneira, em 2022 nós estaremos na casa de R$ 3,5 bilhões. Então é muito difícil manter o Estado em pé.
MidiaNews – Ainda há a questão do escalonamento dos salários, parcelamento do décimo terceiro. Isso é uma agenda ruim para o início do Governo. Como o senhor acredita que deve ser a relação do governador com os servidores nesse momento?
Alair Ribeiro/MidiaNews
"O governador está tendo diálogo com os servidores. E pediu para eles compreensão, mas que também contribuam"
Dilmar Dal'Bosco – O governador está tendo diálogo com os servidores. Ele conversou durante uma hora e quarenta minutos. Eu estive lá. E pediu para eles compreensão, mas que também contribuam. Até porque os dados informados não foi o governador que fez, quem fez foram os próprios servidores. E lá o secretário de Fazenda [Rogério Gallo] é servidor do Estado.
Hoje, nós não temos a liquidez, o dinheiro. Podemos ter saldo, mas não temos liquidez. Por quê? Nós somos um grande guarda-chuva do dinheiro público ou o guardião. Nós arrecadamos o dinheiro, mas esse dinheiro não é totalmente do Executivo. Ele é repassado aos Poderes, tem 25% que é direito e obrigação dos municípios, 20% do Fundeb, tem a dívida dolarizada, dívida com a União – que tem que estar em dia, senão também não recebe repasse. Nós temos um agravante.
Por isso, não significa que se nós temos R$ 10 mil na conta, pode tirar e pagar. Toda a semana tem que arrecadar e deixar o saldo arrecadado para transferir para os municípios. É obrigação. Se você tirar o dinheiro que não é do Estado, que é uma arrecadação do Município, nós incorremos em “pedalada”. E aí, com toda certeza, teremos uma ação civil pública contra o gestor.
MidiaNews – O governador Pedro Taques pagou as RGAs, não fez um escalonamento tão grande e saiu mal visto pelos servidores. Mauro Mendes não corre esse risco, já que começou o mandato fazendo escalonamento maior e parcelando o décimo terceiro de parte dos servidores em quatro vezes?
Dilmar Dal'Bosco – É muito fácil quando você entra no serviço sem nenhuma dívida para pagar. Um exemplo: é como você abrir uma conta em um banco. Na hora que você terminou abrir, o gerente fala assim: "Você está devendo para nós". E você fala: "Mas eu acabei de abrir a conta". Então o Estado não começa do zero. O Estado está herdando uma dívida.
O ex-governador deixou de pagar o décimo terceiro de novembro e dezembro, e o salário de dezembro. Além disso, o Samu está há seis meses sem receber. Tem seis meses que não paga o transporte escolar dos municípios, quatro meses para alguns hospitais regionais, outros seis meses de repasses aos municípios que não foram efetivados, principalmente na Saúde. Não pagou as viaturas locadas para a Polícia Militar. Então, vários fatores ficaram pendentes. Ele [Mauro Mendes] já começou herdando dívidas.
Por isso, neste momento, é preciso compreensão para que o servidor faça uma reflexão. Isso não significa que o governador não quer pagar. Quem é o pai de família que tem dinheiro na conta, o filho pede um presente e ele não compra só porque não quer dar? Se tivesse o dinheiro disponível, com toda certeza, não deixaria de pagar os seus colaboradores. O mais importante de um gestor público é pagar quem presta serviço à sociedade, que são os servidores. Então, nenhum deputado, nem o governador, nem ninguém da equipe econômica tem nada contra o servidor público do Estado.
MidiaNews – Nesse momento, como aliado do governador, qual o pedido que o senhor faz ao servidor público?
Dilmar Dal'Bosco – Eu vejo que teremos que ter uma grande compreensão. Nós não temos de onde buscar esse recurso financeiro. Falta dinheiro no caixa. Se o governador, por um único decreto, pudesse autorizar o Banco do Brasil ou a Caixa Econômica a pagar o servidor público, o gerente olharia e falaria: "Para mim isso não serve, porque não tem saldo na conta".
Eu acho que é preciso dar um voto de confiança ao governador Mauro Mendes. Porque eu tenho certeza que, com algumas medidas que ele está colocando para que sejam aprovadas na Assembleia, tendo já o dinheiro disponível, ele vai honrar com toda certeza o servidor público. E voltar ao pagamento, que hoje paga com atraso, para o dia em que pagava anteriormente – que é o último dia útil do mês.
O servidor público, neste momento, tem que ter um pouco de compreensão. Eu sei da dificuldade. Eu sei que é difícil você fazer compromisso. Nós estamos começando as aulas, tem que pagar matrícula, tem a compra no mercado, o cartão de crédito. Eu sei da grande dificuldade que está passando o servidor público. Nós temos que entender que o Estado está em calamidade. Se não tomar medidas, o Estado vai entrar em colapso, realmente. E é um momento de tentar ajudar. O Governo vai pagar o salário, tanto que já tem previsão de pagamento. Agora, tem algumas coisas que foram deixadas por outro Governo que nós temos que ajustar no caixa. Nós não temos dinheiro para dois salários. Nós temos dinheiro – que estamos juntando – para pagar um salário.
O que o governador está propondo é de que neste período curto seja ajustada essa dívida herdada do Governo anterior.
MidiaNews – A aprovação dos projetos enviados à Assembleia é fundamental para o sucesso do Governo Mauro Mendes?
Dilmar Dal'Bosco – Ajuda, contribui, redefine, define. Lá, por exemplo, há um Projeto de Lei em que o Estado tem algumas obrigações a fazer e cumprir, inclusive diminuir o percentual de incentivo fiscal. Se hoje, está dando o incentivo fiscal de R$ 1 milhão, tem que baixar 15%. Então, há metas que diminuem com a reforma tributária, mas arrecada com algumas coisas. Então, tem uma missão para o governador Mauro Mendes para que ele possa ter mais recurso em caixa e conseguir vencer esses obstáculos.
Essas leis que estão lá trazem diretrizes mais corretas e condicionantes para que o governo possa cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, trazem a realidade do nosso Orçamento, porque daí todos vão ter que ceder um pouco. É por isso que os poderes devem ceder um pouco também.
MidiaNews – Ainda há o indicativo de greve dos servidores para fevereiro devido ao escalonamento de salários e 13º terceiro.
Alair Ribeiro/MidiaNews
"Eu acho que é preciso dar um voto de confiança ao governador Mauro Mendes"
Dilmar Dal'Bosco – O servidor, da mesma maneira, já entrou dezembro falando que iria paralisar em janeiro. Agora, nesta reunião, está dando uma chance de diálogo, ainda estamos em conversa, por isso eles já prorrogaram para fevereiro. O governador falou aos servidores: "Eu vou abrir o meu caixa diariamente para vocês saberem o que entrou e o que vai ter que pagar". E o que é o compromisso de pagamento? Lá nada vai ser pago além do compromissado. O compromissado é repasse de direito dos municípios, o Fundeb, a Saúde, o aluguel e combustível das viaturas da polícia... Então, há compromissos de custeio que devem ser pagos. E lá estará o dia-a-dia dos compromissos do Governo.
MidiaNews – O senhor acha que o governador Mauro Mendes está conseguindo transmitir a mensagem de dificuldade à sociedade mato-grossense?
Dilmar Dal'Bosco – Está. As pessoas que fazem parte do processo político estão entendendo a mensagem do governador, que é muito esclarecedora e dinâmica. O governador é muito verdadeiro. Ele conversa com a verdade. Ele não é uma pessoa que engana. Para ele, é sim ou não. Isso é o que um gestor precisa: ser verdadeiro na sua conversa. Deve falar realmente o que é a verdade. O governador tem colocado isso com propriedade para que todos entendam. Talvez não consiga chegar a todos os mato-grossenses, mas a maioria está entendendo e vendo. O Governo está mostrando, detalhando em números para todo mundo – poderes, prefeitos, Tribunal de Justiça, servidores públicos...
MidiaNews – Voltando a falar da articulação para a aprovação dos projetos encaminhados à Assembleia. O senhor acredita que essa legislatura aprova tudo ou ficará para a próxima?
Dilmar Dal'Bosco – É isso que buscamos. Mas se não conseguirmos, vamos para a outra legislatura. Ninguém está aqui para aprovar um projeto “goela abaixo”. Estamos aqui para o diálogo. Discussões e debates são lá no Parlamento. Se nós não concordamos com um inciso, parágrafo, versículo, que modifiquemos. Vamos tentar fazer uma redação que seja boa para o Estado. Nenhum projeto de lei que está na Assembleia é para o Mauro Mendes. É para o bem do Estado. Da mesma forma que nos projetos não há que a culpa é do governo Dante de Oliveira, que foi Blairo Maggi, Silval Barbosa ou que foi Pedro Taques. O projeto de lei está falando que daqui para frente tem que ser regrado, cuidar e diminuir a máquina, para que o Estado entre na linha. Eu tenho certeza que os projetos são bons para o Estado. Pode-se discutir? Pode. Pode ter mudança na propositura? Pode. Agora, temos que ver se essas mudanças não prejudicam o Estado.
MidiaNews – Acha que a nova legislatura terá maior tendência de aprovar os projetos encaminhados?
Dilmar Dal'Bosco – A legislatura A ou B, ou esta ou aquela, terá dificuldade. Todas têm dificuldade. Até porque temos que respeitar a ideia, a proposição do parlamentar. Quer dizer: cada parlamentar tem uma formação, um conhecimento. E todos buscam o melhor. Uns buscam que seja contemplada sua região, que a modificação de uma lei ajude tal localidade, tal segmento. Com todos haverá debates no sentido do que significa aquela lei, do que aquela lei direciona. A discussão é boa para o Parlamento e para o Estado.
Quando nós discutimos e colocamos propositura em que possa melhorar o projeto, estamos ajudando o Estado. E é por isso que é “Casa de Leis”, que a Assembleia Legislativa é importante. É lá que muitos projetos bons para o Estado foram discutidos e aprovados.
MidiaNews – E sobre a discussão sobre o projeto que cria o novo Fethab (Fundo de Transporte e Habitação). Está havendo pressão do setor?
Dilmar Dal'Bosco – Nós estamos conversando. Eles já têm algumas coisas boas cedidas. Isso significa que nós construiremos um projeto com todas as mãos, não será uma imposição. O governador pôs um projeto de lei com uma diretriz, mas temos que discutir se isso é suficiente ou é muito.
Nós também temos que ter responsabilidade. Temos que saber que se nós diminuirmos muito [alíquotas sobre as commodities], em muito mais tempo nós vamos demorar para sair do colapso que nós vivemos hoje.
MidiaNews – Dos projetos encaminhados à Assembleia, qual o senhor acredita que consumirá mais energia para ser aprovado?
Dilmar Dal'Bosco – O que mais vai dar embate é o que altera a cobrança [sobre as commodities]. A pessoa que está em pagamento com aquilo, ela fala: "Poxa vida! De novo nós estamos contribuindo para uma coisa que já há contribuição, e não tem sucesso". Então fica sempre uma preocupação.
Então, nesse Governo, eu vejo que há uma diferença. O vice-governador Otaviano Pivetta (PDT) é um grande agricultor e não vai deixar que as coisas sejam desvinculadas a essa arrecadação. Essa arrecadação vai entrar uma parte aqui e a outra parte será exclusiva e encaminhada para a Secretaria de Infraestrutura, para essas obras estruturantes que precisam ser executadas. Mas é um projeto que mais terá debate.
MidiaNews – A Aprosoja é contra o novo Fethab, mas, caso aprovado, o presidente Antônio Galvan entende que os produtores deveriam gerir esse dinheiro. Isso é viável?
Dilmar Dal'Bosco – É difícil você fazer uma gestão dentro de um órgão público, porque o responsável pelo recurso é o governador e secretário da Pasta. Não há como você entrar dentro de um órgão público. Que, então, transforme o presidente da Aprosoja - que é meu amigo - em secretário.
Agora, não tem como você arrecadar pelo Estado e determinar que o dinheiro fique à disposição do agricultor para que ele emita o cheque. Acho que tem que dar esse voto de confiança ao governador Mauro Mendes e ao vice-governador Otaviano Pivetta.
MidiaNews – Se o senhor realmente se confirmar como líder do Governo, isso não pode trazer um desconforto, já que também foi líder do Governo Taques?
Dilmar Dal'Bosco – De maneira nenhuma! Até porque eu sempre deixei bem claro que, quando eu assumi a liderança do Governo anterior, foi a pedido do meu partido e eu fui responsável. Eu sou líder do Governo do Estado, líder em defender o Estado de Mato Grosso, o diálogo entre a Assembleia Legislativa e o Governo. Para que a gente tenha um bom relacionamento entre Assembleia, governador, vice-governador, Casa Civil e todas as secretarias.
Eu vou buscar um bom diálogo de entendimento. Isso eu fiz com muita responsabilidade quando fui líder do governo passado. Eu não estava lá para brincar, só para ser líder. Eu estava com uma missão de cuidar, esclarecer, de ter diálogo com todos os deputados para que nós entendêssemos e aprovássemos projetos bons para o Estado.
Da mesma maneira, com a mesma seriedade e compromisso, eu irei tratar cada deputado. Eu fiz amizades, não fiz inimizades [quando foi líder de Taques], e tenho respeito por todos os colegas. Trato com decência igual, cuido muito, me preocupo mais com o colega do que a mim mesmo.
MidiaNews – Uma das queixas dos deputados nessa legislatura era a falta de diálogo com o ex-governador Pedro Taques. Sua experiência como líder dele pode ajudar Mauro Mendes a não cometer os mesmos erros?
Dilmar Dal'Bosco – Já se percebe uma grande diferença. Talvez porque o Mauro seja um empresário, empreendedor, gera emprego, sabe ter trato com seus colaboradores. Ele já foi prefeito da nossa Capital. Ele também entrou com dificuldade quando prefeito, com a Câmara dos Vereadores, e foi e viu que é importante o diálogo com o Legislativo. O Executivo depende do Legislativo.
O governador Mauro Mendes atende as ligações que você faz para ele. Ele tem ligado pessoalmente aos parlamentares. Quando tivermos uma reunião com todos os deputados, lógico, ele vai pedir para assessoria ligar para todos, mas momentaneamente ele tem atendido aos deputados. Esse grande diálogo com os deputados tem que ser feito com muita responsabilidade, seriedade, tratar do “sim” e do “não" da mesma maneira.
Acho que o Mauro aprendeu muito como gestor da Capital. E tenho certeza que vai trazer essa experiência que não tivemos no Governo passado, porque foi a primeira gestão [de Pedro Taques como chefe do Executivo], e teve essa grande dificuldade de diálogo com o parlamento.]
MidiaNews – Acredita que esse foi um dos grandes erros de Pedro Taques como governador?
Dilmar Dal'Bosco – Ele faltou com o diálogo. Nós temos que ter a simplicidade, se colocar na posição do governador do Estado, mas entender que não é só uma pessoa que tem a sabedoria de gerir. Ele tem que saber que, muitas vezes, a Assembleia contribui para a gestão.
Nós, deputados estaduais, mesmo a oposição, queremos o bem do Estado. Todos querem que o Governo vá para frente. Agora, nós tivemos dificuldades. Tivemos atraso em tudo. Atraso de salário, pagamento da Saúde, prefeituras com grandes dificuldades, transporte escolar que não tinha dinheiro repassado. Então, foram vários problemas com o Governo passado, que não trouxe para dentro para dar a resposta. Muita conversa, muita promessa, e as coisas não aconteceram. Muitos prefeitos hoje estão decepcionados porque não foi cumprido o que o Governo prometeu em execução de obras. Faltou muito diálogo.
MidiaNews – Qual o posicionamento do senhor a respeito da eleição da Mesa Diretora da Assembleia?
Dilmar Dal'Bosco – Eu defendo o deputado Eduardo Botelho. Somos da mesma sigla partidária. Ele colocou esse projeto para reeleição como presidente da Assembleia Legislativa, nós já conversamos dentro do partido, nós já temos o apoio do Mauro Mendes, apoio do Otaviano Pivatta, do Jaime Campos, Julio Campos e Fábio Garcia. De todo nosso partido. E eu sou partidário e irei apoiar. Nós estamos buscando um entendimento para a composição da Mesa. Quem vai ser o vice-presidente, primeiro e segundo secretários... Essa composição é que está se buscando.
MidiaNews – Acha que esse movimento dos novatos em propor uma chapa independente pode atrapalhar a reeleição do Botelho?
Dilmar Dal'Bosco – A democracia está aí para isso. Para que haja a disputa. Agora, seria muito mais interessante e estamos propondo que esses deputados sejam responsáveis por toda gerência e gestão da Assembleia Legislativa. Tem que compor com os novatos nessa chapa. Isso é uma ideia que deve ser construída.
MidiaNews – O senhor está na liderança do Governo na atual legislatura. Vai continuar na próxima?
Dilmar Dal'Bosco – Na verdade, o governador Mauro Mendes fez o convite para eu estar ajudando o Governo neste momento em que ele ainda precisa dessa legislatura, que se encerra no dia 31 de janeiro. Mas também tem conversado comigo para que eu possa, na próxima legislatura, permanecer como líder.
Alair Ribeiro/MidiaNews
"Nós, deputados estaduais, mesmo a oposição, queremos o bem do Estado. Todos querem que o Governo vá para frente"
O secretário-chefe da Casa Civil [Mauro Carvalho] tem comentado em algumas entrevistas, falando sobre a situação. O presidente da Assembleia [Eduardo Botelho] já foi mais claro – e eu também entendi dessa maneira – que eu estaria líder do Governo ajudando nessa legislatura.
Mas aí fica livre para o governador Mauro Mendes, se assim entender, a continuação [do meu mandado]. Nós vamos retornar, no novo pleito do parlamento no dia 1º de fevereiro, que vai ter a nossa posse, para nova legislatura. E aí, lógico, compõe novos deputados.
[Colocar na liderança] Deputados eleitos que estavam na base do Governo pedindo voto e são de outros partidos também não deixa de ser interessante ao governador Mauro Mendes. Mas de um jeito ou de outro eu vou estar defendendo ele, até porque sou do mesmo partido. Quando iniciei esse projeto político para Mato Grosso, eu era presidente do Democratas. E foi quando eu convidei o governador para o partido e hoje, com sucesso, vai governar o nosso Estado.
MidiaNews – Então, o senhor ficará como líder do Governo?
Dilmar Dal'Bosco – Caso esse seja o entendimento, sim. Mas eu vou deixá-lo bem tranquilo, até porque nós precisamos de mais deputados. Nós precisamos da base consolidada. Teremos quatro deputados do MDB, por exemplo, que é um partido da base aliada. Temos um deputado d PSD, dois do DEM, temos dois deputados do PSC. Então, temos uma composição que estava [na base] – e outros deputados que já estão se encaminhando.
São vários deputados colegas que podem ser escolhidos, mas se o governador quiser que eu continue, com toda certeza eu vou contribuir com o Estado.
MidiaNews – Quantos deputados vocês estão contando na base do Governo?
Dilmar Dal'Bosco – Nós estamos trabalhando para chegar a 14 ou 15 deputados. Mas acredito que podemos chegar a um pouco mais, até porque no momento que o Estado passa, muitos deputados querem ajudar. Acho que o intuito do parlamento é esse.
Quando estive líder no período de um ano e oito meses, eu elogiei a oposição e a situação. Porque quando votamos projetos importantes no Parlamento, nós pensamos no Estado. Muitas proposituras, mesmo da oposição, eu acatei quando era líder.
Nós estaremos trabalhando para que possamos ter 24 deputados. Mas lógico, há posicionamentos que vêm falando que vão ficar na oposição, e nós entenderemos isso. Mas trataremos com a responsabilidade e sempre buscando um bom diálogo com todos, mesmo os que estejam na oposição.
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19 Comentário(s).
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dilvan coelho de moraes 18.01.19 01h20 | ||||
Parabens Deputado, para isso que contribui com sua campanha, para ficar contra os interesses do servidor publico, quem leva o Estado no Estado em que se encontra, não é o servidor publico e sim os grandes baro~es do agronegocios que o governo dispensa com os incentivos fiscais e o funcionalismo paga a conta .Muito obrigado pelo apoio, vem mais vezes pedir apoio financeiro, que estou pronto para ajuda-lo novamente. | ||||
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carlos Nascimento 16.01.19 09h09 | ||||
Vc pede compreensão deputado, mas quem vai pagar a minha luz, água e demais despesas, inclusive alimentação, a hora que cortarem minha luz e água eu vou morar na sua casa ou na do governador. Vc deputado fala isso porque não esta sem salário, quem te viu quem te vê agora, porque vc não pede para o Legislativo do qual vc faz parte e do judiciário para diminuir o duodécimo | ||||
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thaiz 14.01.19 13h44 | ||||
Caro deputado,a dificuldade esta sendo vivida apenas pelo executivo.Judiciario e legislativo que inclusive tem os maiores salarios estao isentos de qualquer atraso parecido. | ||||
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alexandre 14.01.19 10h09 | ||||
Se baixar o orçamento da assembleia pra 250 milhoes, em 2019 eu começo a dar atenção ao que vc diz... | ||||
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Diogo Vargas 14.01.19 08h41 | ||||
Por que so agora o senhor vem informar em redução, teria que ter essa conduta no governo passado deputado. | ||||
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