Diego Guimarães

Vereador de primeiro mandato, o advogado e professor Diego Guimarães (Progressistas) integra um grupo de novos parlamentares que tem apostado em uma atuação independente e crítica à gestão municipal.
Segundo Guimarães, a atual legislatura avançou em relação às anteriores, seja pela aprovação de "bons projetos", pela fiscalização incisiva e pela ausência de escândalos.
E é, em razão disso, que o vereador acredita que o Parlamento municipal não merece o epíteto de "Casa dos Horrores". "Não aceitamos essa pecha. Sempre digo: quando eu erro, quero que a crítica seja direcionada a mim e não a um corpo, a uma instituição".
Conforme ele, a atual legislatura não é marcada por nenhum escândalo. "Ao contrário de outros poderes, onde temos conselheiros do TCE afastados, deputados presos, ex-governador preso, secretários presos, prefeito afundado em lama", disse.
Na entrevista, o vereador falou ainda de seu projeto político, da Secretaria dos 300 anos e fez críticas duras ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
Leia os principais trechos da entrevista:
MidiaNews – A Câmara de Cuiabá, já há alguns anos, é conhecida como a “Casa dos Horrores”, dado o número de escândalos envolvendo ex-presidentes e a propalada inoperância. Isso é algo que o incomoda?
Diego Guimarães – Acho que a Câmara não merece. Não aceitamos essa pecha. Sempre digo: quando eu erro, quero que a crítica seja direcionada a mim e não a um corpo, a uma instituição. Ali existem mais de 400 funcionários, que saem todos os dias e vão trabalhar. Tenho certeza que ninguém sai de casa e diz: "Ah, vou pra Casa dos Horrores". Todo mundo ali tem família, história, currículo, um futuro. No momento em que você generaliza "Casa dos Horrores", está colocando todos numa vala comum. Acho que a crítica tem que ser direcionada. Então, me incomoda e reitero que a Câmara e quem trabalha ali não merecem.
MidiaNews – Mas não acha que os vereadores têm que mostrar trabalho, se aproximar mais da população para acabar com essa pecha?
Diego Guimarães – Primeiro acredito que a Câmara pegou a pecha. E quando a pessoa não gosta do apelido, ele cola. Mas se pegarmos a legislatura atual, não temos escândalo de corrupção. Ao contrário de outros poderes, onde temos conselheiros do TCE afastados, deputados presos, ex-governador preso, secretários presos, prefeito afundado em lama e, infelizmente, a "Casa dos Horrores" continua sendo a Câmara.
Com relação ao trabalho, na minha visão – muito embora os debates acalorados aconteçam e ali é o campo para o debate, dentro de um padrão mínimo de respeito -, vejo que a pessoa que rotulou esse debate como ruim é que não entende o papel de um parlamento. As ações dos vereadores nessa legislatura – seja da base ou de oposição – vejo que eles têm trabalhado muito. Bons projetos de lei aprovados, audiências públicas realizadas, trabalho no campo social, busca de solução para os problemas dos bairros. Isso tem sido feito. Mas é importante que se diga é que quem implementa as políticas públicas na sociedade é o Poder Executivo. E repito: o Executivo demonstra sua incompetência de gestão e de execução da sua função.
MidiaNews – Então o senhor atribui essa pecha a problemas ocorridos em legislaturas passadas?
Diego Guimarães – Se fizermos um comparativo, cinco ou seis ex-presidentes tiveram problemas e alguns chegaram a ser presos. As legislaturas passadas nos fizeram receber essa pecha. Na atual - e espero que assim conclua - não tivemos escândalos de corrupção, de malversação de dinheiro público, barganha de algo não republicano. Na minha visão, ressalvada a parte da defesa feroz que a base do prefeito faz, acredito que é uma legislatura que tem feito um bom trabalho.
MidiaNews – Nesses primeiros meses da gestão do presidente Misael Galvão, já é possível traçar um paralelo com a gestão do ex-presidente Justino Malheiros? Em que uma difere da outra?
Diego Guimarães – O Misael demonstra ter um poder muito grande de diálogo, ele é mais presente dentro da Câmara Municipal, ele é atencioso, tem um perfil mais conciliador. O Justino era mais nos bastidores políticos, conversando com os vereadores da base, mas também nunca deixou de dialogar conosco. Acredito que, com o tempo, será possível fazer um comparativo mais apurado das duas gestões.
Uma ressalva que faço é que, na gestão do Justino, passamos por momentos muito tumultuados, muito por conta da CPI do Paletó. Ficamos quase um ano na administração dele num pé de guerra muito grande, por conta da defesa feroz que a base do prefeito fazia, impedindo investigação. Foi um momento muito tumultuado e pode ter prejudicado um pouco a gestão dele.
MidiaNews – Recentemente o senhor e outros vereadores de oposição faziam vistoria no Pronto-Socorro, quando foram retirados pelo secretário de Ordem Pública, coronel Leovaldo Sales. O senhor acredita que de fato houve truculência da parte dele?
Diego Guimarães – O Sales precisa entender que na função de secretário ele não é coronel. E vereador não é bandido. Até bandido quando é preso tem as regras mínimas de urbanidade que ele merece ser tratado. O secretário está ali desempenhando uma função dentro do Poder Executivo. Naquele dia, tínhamos autorização para estarmos na unidade. Recebemos reclamações de profissionais dando conta de falta de insumos e medicamentos, e fomos verificar. Procuramos a direção, conversamos com o superintendente, ele nos autorizou. Ele nos levou ao almoxarifado, farmácia, estava fazendo uma vistoria extremamente pacífica. E do nada aparece o Sales, de forma extremamente grosseira, desrespeitosa. Quem cometeu invasão ali não fomos nós vereadores. Foi ele. Chegou gritando, empurrando, tentando tomar celular do vereador Felipe Wellaton.
Ele não está mais na Polícia, ele está no cargo de secretário e precisa entender isso. Penso, inclusive, que o prefeito, nessa ação, deveria tê-lo afastado. O Sales mostrou completo desequilíbrio psicológico. Ele não está preparado para lidar com esse tipo de situação. Talvez até procurar uma orientação psicológica, um profissional que possa orientá-lo, acalmá-lo, aprender a lidar com adversidades, com pessoas que pensam diferente dele. Porque, se não, uma hora ou outra vai acabar fazendo algo pior.
Fico imaginando se com os vereadores ele agiu daquela forma, imagina com o trabalhador lá da comida de rua, por exemplo, que frequentemente tem conflitos com a Secretaria de Ordem Pública no Centro de Cuiabá. Falar manso na frente da televisão e querer agir como coronel não adianta. Acho que, até por parte do prefeito, caberia uma postura mais enérgica. E aí falta gestão, falta pulso do Emanuel Pinheiro, que, num momento como esse, passa a mão na cabeça de seu secretário e acha que tudo está correto.
MidiaNews – O prefeito saiu em defesa do secretário e entendeu que ele agiu de maneira correta nesse episódio. Houve também equívoco por parte do prefeito?
Diego Guimarães – Acho que o secretário estava ali cumprindo ordem do prefeito no momento em que o Emanuel estava mais preocupado com as festas. Quando a gente entra no Pronto-Socorro para mostrar a realidade, ele percebe que tira, talvez, o brilho da festa dele e a população começa a desnudar a realidade da unidade de saúde. Mas repito: o Sales não está em condições psicológicas de continuar exercendo a função de secretário de Ordem Pública de Cuiabá. Ele não é coronel, ele é secretário.
MidiaNews – Em algum momento o senhor temeu por sua segurança e de todos que estavam na unidade?
Diego Guimarães – Contra mim, que fique bem claro, nunca recebi qualquer ameaça. Mas, obviamente, pelo desequilíbrio que ele demonstra nessas ações, fica o receio. Sempre converso com os colegas para registrarmos um boletim de ocorrência, não bater boca com ele, pois não é assim que se resolve os problemas.
E fica o alerta para tomarmos mais cuidado das próximas vezes, pois sempre que possível a Prefeitura distorce os fatos. Eu sempre ligo um gravador, uma câmera do celular, pois sabemos das distorções.
MidiaNews – Sobre essas gravações, filmagens que os vereadores da oposição costumam fazer, o senhor não entende que há um excesso por parte de vocês? Não parece um pouco de populismo?
Diego Guimarães – Acredito que é necessário. Na maioria das vezes, em unidades de saúde, por exemplo, nós não gravamos pessoas. Sempre filmamos o chão ou nos filmamos. Apenas divulgamos isso quando ocorre algum fato que precisamos comprovar que a versão da Prefeitura é mentirosa. Em outros casos, o áudio ou vídeo ficam lá guardados. Sabemos que, se não fizermos isso, a Prefeitura vende uma versão dos fatos para nos prejudicar. Vivemos num mundo tecnológico, não podemos viver numa esteira de sombra, onde os fatos são contados por uma parte e pela outra, como se uma tivesse falando uma verdade e a outra não. A verdade é uma só. Continuarei fazendo, sempre respeitando a imagem das pessoas envolvidas.
MidiaNews – Falando um pouco mais da atuação do senhor na Câmara e de outros opositores. Vocês têm feito debates interessantes, mas acabam sendo “patrolados” pela base. É frustrante ser vereador de oposição? Incomoda não conseguir avançar em determinadas pautas ou investigações?
Diego Guimarães – Quando você assume uma linha de independência - e o tempo tem nos ensinado isso -, você incomoda muita gente. Quando você incomoda, é preciso ter um poder de diálogo e argumentação e negociação muito maior. Esses vereadores ditos de oposição não ficam só “perseguindoo Poder Executivo”, apontando erros. Grandes projetos de leis foram aprovados por esses vereadores, outros estão em tramitação. Temos uma produção legislativa também extremamente alta e qualificada.
Para mim, não é frustrante ser oposição. Entrei na Câmara para desempenhar um papel, fazer o que é correto e aquilo que a população que me elegeu esperava. É muito gratificante quando encontro um eleitor na rua e ele diz: “Oi, Diego, meu voto não foi jogado fora. Parabéns, segue nessa linha”. E isso é gratificante. Não fui eleito para agradar quem estava lá dentro. Fomos eleitos para incomodar, para apontar erros e o parlamento tem essa função.
O problema muitas vezes do gestor público é que ele trata quem o critica como inimigo. Salvo engano, Ulisses Guimarães falava: a melhor assessoria que o gestor pode ter é a oposição. Se o Emanuel Pinheiro nos escutasse, ele teria se salvado de boa parte dos escândalos que ele passou. Teria exonerado Huark [Douglas Correia, ex-secretário de Saúde, que está preso], não teria feito esses projetos megalomaníacos para a Sec 300, teria atentado que a tarifa do ônibus estava no valor equivocado – tanto que a Justiça mandou retornar ao valor antigo. Se ele nos escutasse, não teria feito inauguração “fake” do novo Pronto-Socorro e acabou caindo num grande descrédito. E fez isso naquele momento, só para agradar seu ego e do então presidente Michel Temer. Se ele escutasse as críticas, que são construtivas... O agente político tem que estar aberto a essas críticas. Os bajuladores servem para afundar as pessoas, eles não estão preocupados com a melhoria dos agentes políticos. Estão preocupados em manter cargos, manter a “boquinha”. Mas tudo isso é passageiro e, na minha visão, o que o Emanuel não observou é que o cargo político é passageiro. Daqui menos de dois anos acabou nosso mandato. E aí, como fica nossa história, nosso nome, nossa vida fora da política? Então, eu me preocupo muito com isso.
MidiaNews – Essa votação que ocorreu da comissão processante contra o prefeito o surpreendeu? O número de votos favoráveis à comissão, inclusive, o do vereador Lilo Pinheiro, que é primo do prefeito...
Diego Guimarães – Nos surpreendeu. Agora a gente até brinca lá que temos cinco vereadores de oposição e cinco do “centrão”. São vereadores que nos confidenciaram que não estavam mais dispostos a colocar seu corpo em defesa do Emanuel Pinheiro. Vereadores que agiram de uma forma muito sensata - e o próprio Lilo, que é advogado, fez uma fala na tribuna, que penso ter sido uma das mais coerentes que já ouvi ali. Ele disse que comissão processante não é julgamento prévio, que é assegurado devido processo legal, contraditório e ampla defesa, que a Câmara tem o dever de fiscalizar. O Lilo percebe que o momento político pede que a comissão seja instaurada e aí seguem com ele o Wilson Kero Kero, Vinicius Hugueney, Doutor Xavier e Clebinho Borges. Mostra que alguns vereadores têm se atentado aos fatos e, principalmente, à voz das ruas.
Não tenho nenhuma sinalização quanto a eles virem para a oposição. É bom deixar claro, pois, do contrário, vão dizer que estou falando por eles. Eles não sinalizaram isso, foi uma atuação pontual. E aí abro um parênteses para mostrar o despreparo do prefeito em lidar com as pessoas que o criticam. Soube que nesse jogo político de cargos e apadrinhamentos, desses cinco que eram da base, parece que ele até exonerou um secretário que era indicação do Vinicius. Soube que outros também estão sofrendo retaliações. Mostra desequilíbrio do prefeito ao lidar com críticas.
MidiaNews – O fato de o senhor pertencer a um partido que é da base do prefeito lhe traz algum tipo de desconforto? Alguma situação embaraçosa? O partido lhe deu carta branca para se posicionar da forma que entender ser a mais adequada?
Diego Guimarães – Não me traz desconforto, de maneira nenhuma. O Progressistas entendeu como pensa o vereador Diego Guimarães. Tenho uma visão moderna de partido, de política. Visão moderna que não aceita cabresto, que não aceita meia dúzia de líderes partidários sentarem numa reunião e decidirem como o parlamentar vai votar. No momento em que eu votar contra os princípios, contra aquilo que está estabelecido no estatuto do partido, aí sim estarei desonrando o partido, dando argumento para que, eventualmente, eu seja expulso.
Agora, meu posicionamento político e minha atuação parlamentar, quem decide sou eu e meus eleitores. Partido nenhum pode mandar em atuação de parlamentar, especialmente em fatos tão sensíveis como é o caso de corrupção. Sou contra o apadrinhamento político por cargos, que muitas vezes o partido sofre e os parlamentares sentem na obrigação de seguir numa linha de defesa do Executivo. Aí perdem sua principal função de atuação. Há duas funções típicas do Legislativo: legislar e fiscalizar. No momento em que você abre mão da fiscalização, em troca de cargos e secretárias... Nosso partido tem três secretarias. Até pouco tempo eram 4, já que, segundo comentários, o Huark também era indicação do Progressistas.
Por isso, estou numa construção para levar uma proposta nova ao Progressistas para 2020. Acredito que nosso partido não tem que caminhar com Emanuel Pinheiro. Agora, uma coisa deixo clara: se Emanuel entrar por uma porta do partido – já que há comentários de que ele pode mudar de sigla –, eu saio por outra. Se, eventualmente passar por uma votação no partido, aceitar a afiliação de Emanuel Pinheiro, com unhas e dentes vou defender que ele não venha.
A única tristeza é que, em função desse meu posicionamento, fiquei isolado. Pelo menos para as reuniões partidárias não sou mais convidado. Temos diálogos pontuais, mas não tenho participado de uma forma ativa, especialmente das reuniões partidárias. Só fico sabendo depois. Mas acredito que o debate para 2020 tem que ser feito de forma mais aprofundada, não de forma rasa por conta de meia dúzia de cargos que o partido tem.
MidiaNews – Então, à exceção de uma entrada do Emanuel no Progressistas, o senhor não pensa em deixar a sigla?
Diego Guimarães – Não. Estou muito tranquilo. No início, isso me preocupava. Hoje percebo que podemos conduzir isso de forma muito tranquila, respeitosa. Eles nos respeitando e eu os respeitando. E partido político é assim mesmo, há o conflito de ideia e isso é importante.
Mas vou sim, buscar uma proposta nova para 2020. Estamos construindo junto com esses vereadores independentes, com o deputado Ulisses Moraes, o deputado Elizeu Nascimento... Temos buscado com alguns agentes políticos uma proposta para Cuiabá em 2020. Independente do nome, de partido, estamos fazendo uma conversa de forma suprapartidária – e aí tem DC, PSB, PROS, PV, Progressistas, PSC e outros. Temos que abraçar não um nome, mas sim uma proposta para Cuiabá. Vamos abrir esse diálogo com as bases, presidentes de bairro, sociedade, e depois buscar um nome para ser o candidato a prefeito.
MidiaNews – Pelas conversas de bastidores, pela experiência do senhor, acredita que há a possibilidade de ele sair de cena e lançar como candidato, quem sabe, o filho, a esposa, outra pessoa da família ou próxima a ele?
Diego Guimarães – Sinceramente não sei. Seria legal ele colocar o Popó [Marco Polo Pinheiro, irmão do prefeito] na política. Ele se mostra um grande articulador nos bastidores, bom de tomar café na padaria. Ficar nos bastidores falando mal das pessoas é fácil. Ele deveria mostrar quem é. Mas acho muito difícil. Vejo que na carreira política da família “Emanuel Pinheiro”, o momento é de baixar a poeira, ficar no canto deles, deixar o Emanuelzinho [deputado federal] tocar o mandato. Vamos ver como ele vai se sair na política, não podemos fazer nenhum pré-julgamento.
A única coisa que a gente pode falar é que sabemos parte de como ele chegou lá, que sabemos que teve uma influência muito grande do pai. Com ações usando da Prefeitura, de cargos, como está sendo investigado, inclusive, no campo da Operação Sangria. Agora, vamos deixar isso para o Judiciário.
MidiaNews – Nos últimos dias foram comemorados os 300 anos de Cuiabá e havia uma expectativa muito grande, especialmente em relação a entrega de obras que foram prometidas no início da gestão. Como o senhor vê a chegada desta data depois de tantas promessas grandiosas e pouca coisa sendo entregue de fato?
Diego Guimarães – O prefeito Emanuel Pinheiro, desde a campanha eleitoral, falava que sonhava em ser o prefeito dos 300 anos, que ele sonhava em entregar grandes obras na Capital, que ele sonhou com a Secretaria dos 300 anos, sonhou com recursos de R$ 500 milhões – chegou a fazer uma apresentação de, salvo engano, 20 obras que ele entregaria – e tudo não passou de um sonho. Um sonho para ele e um pesadelo para Cuiabá. Na minha opinião, vejo que ele tem uma péssima equipe que o acompanha. Junto a isso, a incompetência dele em gerenciar. A Prefeitura se encontra muita solta, um prefeito que está mais preocupado em fazer política - isso desde o início de seu mandato – do que fazer gestão.
Eu comentava que, nos seis primeiros meses de mandato, o Emanuel Pinheiro não havia descido do palanque. E tão logo ele pensou em descer do palanque dele, subiu no palanque do filho. E aí emendou numa politicagem sem tamanho para tentar manter aquela boa imagem da gestão dele, a duras penas, prometendo o que não conseguiria cumprir e esquecendo-se de áreas essenciais, como Saúde e Educação. Ele acreditou que pintando meio-fio e limpando canteiros centrais resolveria os problemas da cidade.
E, infelizmente, deu no que deu. Até a comemoração que ele fez foi tristonha, abandonado, isolado. Apenas dois ou três vereadores acompanharam a comemoração. Eu acho que ele ficará marcado na história de Cuiabá como um sonhador e incompetente, que nada realizou. E Cuiabá vai pagar muito caro por isso. Tem obras paradas desde a gestão Mauro Mendes – como uma série de unidades básicas de saúde, que ele não conseguiu concluir. Ele passou o aniversário de Cuiabá sem uma grande obra pra inaugurar. E creio que a população sentiu. Vimos nas pessoas um desânimo.
MidiaNews – Ainda nesse contexto do aniversário da cidade, uma medida do prefeito alvo de muitas críticas foi a criação da Secretaria dos 300 anos. O senhor entendia que de fato era necessária a criação dessa Pasta ou foi uma medida equivocada?
Diego Guimarães – Quando chega à mensagem na Câmara para a aprovação da Sec 300, nos é apresentado um projeto de incentivo à cultura, ao turismo, ao empreendedorismo, à busca de recursos para grandes projetos para Cuiabá, com equipe especializada em levantamento de projetos a nível federal – seja emendas parlamentares ou recursos nos ministérios. Nos é apresentado um projeto de Cuiabá 300 anos que não se resumiria até 8 de abril de 2019, mas sim a toda gestão. Além disso, seria uma equipe enxuta. E, eu como vi que na campanha eleitoral, o Emanuel vendeu essa ideia dos 300 anos e a população comprou, fui favorável à Sec 300 anos e votei a favor.
Contudo, tão logo a secretaria foi criada e o [ex-secretário] Júnior Leite assumiu, começaram os projetos megalomaníacos, as festas e dinheiro público sendo gasto. Já há na Justiça uma empresa cobrando dinheiro do Município de eventos que a Prefeitura disse que só havia recursos da iniciativa privada. Então, tudo isso prova que, se o prefeito quer dar um presente a Cuiabá ainda para esses dois anos, é a extinção dessa pasta. Serão R$ 1,6 milhão ao ano economizados e que podem ser investidos em escolas, postos de saúde, comparar insumos para unidades de saúde que estão em falta.
MidiaNews – Com relação ao episódio do aluguel dos prédios para a Sec 300 anos - sendo um deles jamais usado -, o senhor atribui esse fato à incompetência ou má-fé? E da parte de quem?
Diego Guimarães – A minha tristeza é não poder investigar esse caso. Se tivéssemos investigado na comissão processante que apresentei, poderíamos ter essa resposta. Ao que tudo leva a crer, o prefeito tinha conhecimento porque assinou as duas dispensas de licitação. O próprio secretário Júnior Leite falou em entrevista que o prefeito sabia. Pra mim, passa para o campo da má-fé. Mas só poderia concluir esse raciocínio se investigássemos. E aí registro minha tristeza com os colegas vereadores que não permitiram ir além.
MidiaNews – Até em razão dessa projeção que o senhor ganhou, pensa em se lançar candidato a prefeito, seja agora em 2020 ou mais à frente?
Diego Guimarães – Acho que a política é muito dinâmica. Além de vereador, ainda estou advogando, tenho um escritório, atendo clientes, participo de audiências. Sou professor universitário, concluí meu mestrado em Direito em setembro do ano passado e quero voltar a dar aulas no próximo semestre. Não sei nem se continuo na política a partir de 2020. Obviamente eu gosto, me encanta poder, por meio do nosso trabalho, dar o que temos dado a Cuiabá. Se eu encerrar mandato em 2020, ressalvado alguns equívocos que eu tenho certeza que cometi, saio com uma sensação de dever cumprido.
Outros desafios que possam vir, quer seja ser candidato a prefeito, a deputado, ou candidato à reeleição, deixo na mão de Deus. Sou capaz de abrir mão de qualquer candidatura, simplesmente para entrar de cabeça em um projeto que traga o melhor nome para ser prefeito de Cuiabá, em 2020. Sou capaz de abrir mão de um projeto pessoal, político, volto para meu escritório, vou para os bastidores e contribuir para que possamos talvez tirar da política pessoas que fizeram dela uma profissão.
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10 Comentário(s).
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kamila araújo 19.04.19 08h35 | ||||
Não tenho procuração do secretário Sales para fazer a sua defesa, mas como servidora da secretaria de ordem pública, como dever de justiça, quero registrar que nunca trabalhei com uma pessoa mais coerente, equilibrada, honesta e acima de tudo preparada e que tem feito desta secretaria uma coluna de sustenteção para a atual gestão. Evidentemente a opinião pessoal desse vereador é por si só precária injusta e cheia de interesses pessoais porque já por duas vezes o secretário foi obstáculo para os seus comportamentos eleitoreiros. | ||||
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Luzinete 18.04.19 14h01 | ||||
Se o vereador Diego deixar a política será uma grande perda para a prefeitura e o Estado de Mato Grosso. Precisamos de uma oposição séria e honesta e que apresenta projetos voltado para o cidadão , eis aí uma pessoa que queremos como prefeito ou na Assembleia Legislativa e que sabe um dia Governador. | ||||
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Edmilson Sanches 14.04.19 21h06 | ||||
Continue na política Diego...Ainda vai ser governador de MT | ||||
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Pedro Assis 14.04.19 19h42 | ||||
Parabéns pela coerência! Por mais políticos assim. | ||||
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bernardes 14.04.19 14h56 |
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