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24.03.2019 | 09h30 Tamanho do texto A- A+

Após transplante, mulher descobre catarata e faz rifa para cirurgia

Josiane Siqueira fez procedimento em 2016; desde então usa corticoides, responsável pela doença

Josiane Siqueira/Arquivo Pessoal

Josiane Siqueira, que está fazendo uma rifa para o tratamento médico

Josiane Siqueira, que está fazendo uma rifa para o tratamento médico

BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO

Em 2013, Josiane Siqueira, hoje com 37 anos, travou a primeira batalha contra uma leucemia mieloide aguda. A doença voltaria a aparecer na vida da jovem mais duas vezes até a realização de um transplante de medula óssea, em 2016. A cirurgia, porém, trouxe novas dificuldades para ela: catarata em decorrência do uso de corticoides. 

 

Como o plano de saúde de Josiane cobre apenas parte do procedimento cirúrgico e não arca com os custos das lentes corretivas para catarata, a alternativa dela foi organizar três rifas para arrecadar o valor necessário, que é de R$ 11 mil. 

 

A rifa é vendida por R$ 50 e dá direito a participação em três sorteios – que serão realizados nos dias 14 de abril, 12 de maio e 1º de junho.

 

“Não aprovaram o pedido da lente trifocal, que custa R$ 5.500 cada. Como não tenho dinheiro sobrando, surgiu a ideia da rifa, que na verdade é um combo de rifas, já que preciso de um valor alto em tempo reduzido”, explicou.

 

No primeiro sorteio, que tem como tema a Páscoa, Josiane sorteará uma cesta de chocolates no valor de R$ 250. Em maio, mês em que é comemorado o Dia das Mães, o prêmio será uma cesta de café da manhã de R$ 200.

Não aprovaram o pedido da lente trifocal, que custa R$ 5.500 cada, como não tenho dinheiro sobrando, surgiu a ideia da rifa, que na verdade é um combo de rifas, já que preciso de um valor alto em tempo reduzido”

 

A última rifa, em comemoração ao Dia dos Namorados, sorteará um jantar especial, que será preparado e servido na casa do vencedor por uma empresa do setor, no valor de R$ 500.

 

Para conseguir facilitar as vendas, Josiane também aceita receber através de débito em conta ou cartões – para pessoas que comprarem a rifa em grupos.

 

“Aceito receber pela conta e dinheiro, se várias pessoas se juntarem para comprar posso ir até um local combinado com a máquina de cartão para pagamento em débito e crédito”, disse.

 

Lentes de correção

 

De acordo com Josiane, o uso constante de corticoide pode provocar vários efeitos colaterais no corpo humano. Há três anos, desde a realização do transplante, ela precisa realizar acompanhamentos em Curitiba, além de tratamentos médicos com especialistas de Cuiabá.

 

“Agora faz três anos desde o transplante. Tecnicamente continuo em remissão da leucemia, porque todo câncer precisa ser acompanhado durante cinco anos para ser considerado como curado”, explicou. 

 

Como não pode interromper o uso de corticoide, Josiane acabou adquirindo catarata nos dois olhos. A doença precisa de uma cirurgia para retirada do cristalino do globo ocular e substituição por lentes de correção.

 

Josiane atualmente passa boa parte do dia em frente ao computador, já que realiza trabalhos de artes gráficas como freelancer.

 

O plano de saúde não cobre a colocação de lentes trifocais, que fariam Josiane enxergar melhor.

 

“Cobrem apenas a lente monofocal, que não é muito boa. É uma lente nacional e os médicos nem a consideram”, explicou.

 

O uso da lente monofocal faria com que Josiane continuasse tendo dificuldade para enxergar.

 

“Não quero ter que passar por duas cirurgias oculares para, mesmo assim, continuar com a visão ruim”, avaliou. 

 

O transplante

 

Como o transplante de medula óssea não é realizado em Cuiabá, Josiane precisou viajar para Curitiba (PR) em agosto de 2015, quando realizou a primeira consulta médica no Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

 

“Em novembro daquele ano, assim que foram feitos os testes de compatibilidade, identificaram um doador cadastrado compatível”, lembrou.

 

“Não quero ter que passar por duas cirurgias oculares para, mesmo assim, continuar com a visão ruim”

O transplante foi realizado em maio de 2016.  Na época, Josiane também enfrentou dificuldades financeiras para realizar o tratamento, já que apesar do transplante ter sido realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ela precisava arcar com despesas de transporte e alimentação em Curitiba.

 

Para arrecadar o dinheiro, ela precisou recorrer à solidariedade das pessoas.

 

“Precisei levantar o dinheiro, fiz ‘vaquinhas’ virtuais, eventos com vendas de hambúrguer e outras coisas para conseguir recursos financeiros”, contou.

 

Após o transplante, é preciso que o paciente passe o primeiro ano isolado. Medida que foi seguida por Josiane.

 

 

 

 

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2 Comentário(s).

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Frederica Mansur Bumlai Gaiva Nadaf  24.03.19 13h24
Conheço várias pessoas que fizeram a cirurgia de catarata e usam a lente monofocal e ficaram com 100% de visão. Aliás inclusive a lente multifocal, às vezes é que pode dobrar dentro do olho e muitas vezes, ter que refazer de novo a cirurgia.E a lente monofocal é muiiito mais barata.,A diferença é que como a menina é muito jovem, provavelmente terá que usar óculos, para compensar.E com a multifocal não.
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claudio  24.03.19 10h03
faz pedido judicial.. judicializa a questão q resolve.
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