Cuiabá, Sábado, 5 de Julho de 2025
DENÚNCIA AO MPE
04.04.2019 | 08h20 Tamanho do texto A- A+

Grupo Celeiro venderia carne sem certificação como especial

Presidente da Acrimat e diretor da empresa, Marco Túlio diz que acusações são infundadas

MidiaNews

O presidente da Acrimat, Marco Túlio Soares, que dirige a Celeiro

O presidente da Acrimat, Marco Túlio Soares, que dirige a Celeiro

BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO

Uma denúncia feita ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao  Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea)  acusa o Grupo Celeiro, especializado no comércio de carnes, de fraude e falsificação de produto.

 

Conforme consta no documento, a empresa estaria vendendo peças bovinas de raças de origens desconhecidas como "carnes especiais".

 

“O que a empresa faz é comprar de produtores rurais da região, muitos sem qualquer tipo de certificação de raça, tratar o corte e embalá-lo com o seu padrão de produção e rotulá-lo como sendo proveniente de raças que, na verdade, não se sabe a origem”, diz trecho da denúncia.

 

Conforme o denunciante, os órgãos de controle e fiscalização teriam "pleno conhecimento" das irregularidades do grupo, já que o proprietário da empresa, Marco Túlio Duarte Soares, também ocupa o cargo de presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat). 

 

Ao adquirir produtos sem certificação, por mais que o gado venha a ser de determinada raça bovina, o fato de não ter havido a certificação desse rebanho representa enriquecimento ilícito da empresa

A denúncia também foi encaminhada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e ao Ministério Público de Mato Grosso (MPE).

 

"A empresa vem operando de forma irregular e os órgãos de controle tem o pleno conhecimento disso porque o proprietário, Sr. Marco Túlio Duarte Soares é presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso (ACRIMAT), e assim patrocinou inúmeras ações no governo passado, principalmente as ligadas ao Indea - Instituto de Defesa Agropecuária, órgão que seria o responsável por fiscalizá-lo", consta em trecho do documento. 

 

Ainda segundo o documento, o Grupo Celeiro não possui frigorífico na cidade de Rondonópolis (a 218 km de Cuiabá), onde está localizada a sede da empresa.

 

“O Grupo Celeiro não possui frigorífico na cidade de Rondonópolis, o que pode ser facilmente averiguado pelas informações que constam em seu próprio site, onde há apenas indicação do escritório da empresa e de seu setor comercial”, ressalta.

 

celeiro

Carnes oferecidas pela marca serão vistoriadas

O denunciante acusa ainda a empresa de “enriquecimento ilícito”, já que o Grupo Celeiro estaria, supostamente, comprando cortes de carne bovina a preço baixo e revendendo com valores “altíssimos”.

 

“Ao adquirir produtos sem certificação, por mais que o gado venha a ser de determinada raça bovina, o fato de não ter havido a certificação desse rebanho representa enriquecimento ilícito da empresa, que paga mais barato por um corte e o revende a preços altíssimos, dizendo ter uma certificação que não possui, em clara concorrência desleal com outras empresas que cumpriram os protocolos e certificações e pagaram elevados custos para isso”, diz trecho da denúncia.

 

"Cortes sem certificação"

 

De acordo com a queixa encaminhada ao Indea-MT, a certificação dos cortes como provenientes de raças especiais de bovinos é incompatível, já que os abates devem ser acompanhados por veterinários.

 

Ainda segundo o denunciante, tal certificação é impossível já que o grupo não possui um frigorífico próprio.

 

“Para que as embalagens de carne possam fazer referência ao produto como de origem de determinada raça (NELORE; ANGUS; etc) é obrigatório que a indústria frigorífica esteja aderida aos protocolos de cada raça e que os abates e processamento dos produtos sejam acompanhados por veterinários, os quais fazem toda a supervisão e certificação de origem daquele produto", afirma o denunciante.

 

"Dessa forma, não se pode esperar os cumprimentos dessas normas por uma empresa que sequer tem seu próprio frigorífico, restando nítido que rotular embalagens de carne sem a devida adesão aos protocolos de raça mencionados, implica em fraude e falsificação de produto”, ressalta.

 

Conforme o denunciante, o Grupo Celeiro também estaria descumprindo o ”regulamento da inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal no Estado de Mato Grosso”.

 

O Decreto Estadual nº 290, de 25 de maio de 2007, citado na denúncia, prevê a apreensão de produtos fraudados e falsificados, além de aplicação de multa e conhecimento da Defesa Sanitária e Saúde Pública sobre o caso.

 

Código do Consumidor

 

A denúncia também aponta que, além de apresentar riscos à saúde pública, o Grupo Celeiro comete infrações penais, previstas no Código de Defesa do Consumidor. O denunciante diz que “não resta dúvida” quanto à gravidade da situação e dos atos praticados pela empresa.

 

O Código de Defesa do Consumidor prevê pena de detenção de três meses a um ano, além de multa, para “afirmação falsa ou enganosa ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços”.

 

A lei também prevê detenção de três meses a um ano e multa para a empresa que “fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber sei enganosa ou abusiva”.

 

Por fim, o denunciante pede que as “medidas cabíveis” sejam tomadas contra a empresa, como a imediata retirada dos produtos em estabelecimentos onde são comercializados e interdição das unidades do grupo em Cuiabá e Rondonópolis.

 

A denúncia também pede a proibição da venda dos cortes bovinos do Grupo Celeiro até que a situação da empresa seja regularizada, além da instauração de um inquérito civil para “averiguação de lesões a direitos difusos e coletivos, passíveis de ajuizamento de ação civil pública”.

 

O outro lado 

 

A assessoria da Celeiro Carnes Especiais, informou, por meio de nota, que o grupo ainda não teve acesso integral à reclamação anônima encaminhada aos órgãos fiscalizadores e que a defesa será apresentada assim que o acesso aos autos por permitido. 

 

A empresa ainda rechaçou as acusações e definiu as mesmas como "infundadas e sem fundamentações jurídicas". 

 

Leia a nota na íntegra:

 

"A fim de assegurar a transparência e tranquilizar seus clientes, a Celeiro Carnes Especiais, empresa do Grupo Celeiro que atua há mais de 20 anos na pecuária mato-grossense, informa que ainda não teve acesso integral à reclamação anônima feita aos órgãos fiscalizadores. Todavia, assim que o acesso aos autos for permitido, será apresentada a defesa para restabelecimento da verdade.

 

O Grupo Celeiro tem orgulho de ser mato-grossense e ter conquistado, pela qualidade da carne produzida no Estado, o título de 2ª melhor marca de carne do Brasil, oferecido pela revista Dinheiro Rural, uma das maiores e mais respeitadas publicações especializadas e que possui um rigoroso critério de avaliação feito por especialistas em carnes do país.

 

Além disso, a empresa sempre teve a preocupação com a procedência do animal, por questões de segurança e manutenção da qualidade, prestando informações permanentemente aos órgãos fiscalizadores estaduais e nacionais, e investido em rastreabilidade para monitorar o animal desde o seu nascimento até a gôndola. Por esta iniciativa, a Celeiro é uma das poucas empresas do país a ter o Selo “Produzindo Certo”, certificado pela Aliança da Terra.

 

Por fim, a Celeiro rechaça as acusações infundadas e sem fundamentações jurídicas, reafirmando o compromisso com a qualidade de seus produtos que já romperam as fronteiras de Mato Grosso e estão nos melhores e mais exigentes fornecedores do país". 

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Osvaldo Goncalves de Queiroz  05.04.19 09h13
Toda denuncia deve ser averiguada, pois trata de alimentos humanos, mas não deve jogar pedras sem antes confirmar as irregularidades. Devem também verificar outras carnes (bovinos, suínos, frangos, peixes, etc) de procedências não sabidos, principalmente nas açougues em geral.
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Luciano  04.04.19 11h13
Não sei se é de nelore, de angus, de vagyo...mas que a carne é boa, isso é...
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Genésio luiz Neponuceno  04.04.19 10h53
Isso é pura maldade com quem trabalha corretamente!! Deus tenha piedade dessa pessoa que esta fazendo isso com quem é e sempre foi uma pessoa Idônea. Sera que é so pq as Carnes do Celeiro e uma das melhores que temos no Brasil?
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Maria  04.04.19 10h38
Carne de preço caríssimo nao condizente com a qualidade. Comprei uma picanha em um famoso mercado de Cuiaba. Quando abri. A carne estava estragada. Reclamei. Vi o nercado vistoriando tudo e retirando algumas carnes. Ja comprei file com um gosto forte. Realmente. Ja estava na hora de uma vistoria .
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adriana pereira dos santos  04.04.19 09h42
Dor de cotovelo de quem fez a denúncia. Os produtos são de ótima qualidade e muitas vezes não tem pra entregar pra nós comerciantes por falta de produto de qualidade, pois eles só compram mesmo animais de qualidade. É uma pena que pessoas invejosas fiquem a denegrir um trabalho tão sério. Sinal que tá incomodando os concorrentes.
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