Cuiabá, Sábado, 12 de Julho de 2025
"CIDADE VERDE"
08.04.2019 | 11h50 Tamanho do texto A- A+

Estudo aponta que Cuiabá perdeu 17% de área verde em 30 anos

Estudo faz alerta à população sobre ritmo de desmatamento; ocupação desordenada da cidade é causa

Edson Rodrigues/Gcom-MT

Vista aérea da ponte sobre o Rio Cuiabá: perda de vegetação contribui para formação de

Vista aérea da ponte sobre o Rio Cuiabá: perda de vegetação contribui para formação de "ilhas de calor"

BRUNA BARBOSA
DA REDAÇÃO

Nos últimos 30 anos, Cuiabá perdeu, com relação a vegetação nativa, o equivalente a 714 vezes a área do Parque Estadual Mãe Bonifácia, no Bairro Duque de Caxias.

 

Uma pesquisa produzida pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que nas últimas três décadas, 55.763 hectares de vegetação nativa foram desmatados em razão de obras e atividades agropecuárias - isso quer dizer que a Capital perdeu o equivalente a 17% das áreas verdes de seu território.

 

De acordo com o coordenador de geotecnologia do ICV, Vinícius Silgueiro, o levantamento de dados também lança um alerta à população cuiabana.

 

Caso o ritmo de abertura de novas áreas dentro e fora do perímetro urbano siga da mesma forma, restará pouco da “cidade verde”, alcunha dada à Cuiabá.

 

“O que chama atenção é pensar no futuro, por exemplo nos próximos quatro anos: que Cuiabá encontraremos? Uma ‘cidade verde’ ou uma ‘cidade cinza’?”, questionou.

 

Silgueiro explicou que, para concluir o estudo, a equipe do ICV precisou realizar um recorte dos últimos 30 anos da Capital de Mato Grosso, entre 1988 e 2017.

 

O que chama atenção é pensar no futuro, por exemplo nos próximos quatro anos: que Cuiabá encontraremos? Uma ‘cidade verde’ ou uma ‘cidade cinza’?

A pesquisa apontou que, em apenas 10% do período histórico de Cuiabá, a perda da vegetação nativa fica evidente através das imagens de satélite, deixando evidente o grande desafio do município para o aniversário de 400 anos.

 

“Observamos algumas regiões onde o impacto foi mais expressivo, como por exemplo na Avenida das Torres, em Cuiabá. A obra proporcionou loteamentos regulares e irregulares, dentro destes, observamos a grande avanço em Áreas de Preservação Permanentes, além de córregos e rios”, explicou.

 

O montante de área desmatada equivale, ainda, a duas vezes e meia a extensão da zona urbana de Cuiabá, que soma 24.412 hectares².

 

“O resultado que encontramos foi de 55 mil hectares perdidos, ou seja, convertidos para outro uso, principalmente relacionado ao setor agropecuário”, avaliou.

 

Demanda habitacional

 

O estudo também mostrou, através das imagens de satélite, o modo como a dinâmica de expansão urbana impactou a vegetação nativa no entorno, como no caso de bairros extremamente povoados como Morada do Ouro, Jardim Vitória e Jardim Florianópolis.

 

Segundo o estudo, dados da prefeitura apontam que há 115 bairros legalmente reconhecidos no perímetro urbano. Neles, mais de 40% das localidades são consideradas como “assentamentos informais”.

 

A perda de vegetação é sentida por todo cuiabano na questão climática. O fenômeno das ilhas de calor é muito conhecido. A perda de vegetação só acentua esse processo

"É um universo de mais de 120 mil lotes sem documentação, abertos e ocupados sem planejamento algum, com graves consequências sociais, ambientais e para a administração pública", diz trecho do estudo.

 

Conforme o relatório, tal avanço teria comprometido áreas de grande valor ambiental, como as nascentes do Córrego do Barbado, por exemplo. Além de ameaçar áreas já protegidas, como a do Parque Estadual Massairo Okamura, que sofre com a poluição e constante registro de queimadas.

 

Vinícius explicou que as consequências dessa ocupação desordenada podem ser “sentidas na pele” pelos cuiabanos.

 

“A perda de vegetação é sentida por todo cuiabano na questão climática. O fenômeno das ilhas de calor é muito conhecido. A perda de vegetação só acentua esse processo”, apontou.

 

Além de interferir no microclima urbano, o processo também causa impactos que ameaçam o abastecimento de água da cidade, segundo o estudo.

 

"Levantamentos realizados pelo Ministério Público Estadual, por meio do premiado projeto Água para o Futuro, revelam que este avanço se deu, em grande medida, sobre Áreas de Preservação Permanente (APP): a maior parte das 180 nascentes identificadas pelo projeto na zona urbana está parcial ou totalmente degradada", ressalta o relatório.

 

Confira AQUI a íntegra do levantamento feito pelo ICV.

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2 Comentário(s).

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Wagner Diamond   08.04.19 13h12
Cidade verde só se for de mato, porque praça aqui se reforma e põe concreto nela toda, nem árvore com som pra que presta se planta isso quando planta, melhor exemplo é a praça do porto, quem que agente ficar lá com um sol de 40° na cabeça e nem árvore direito tem. Cidade Verde tem que começar pelas praças, por isso que aqui vira uma estufa, amo Cuiabá mas poderiam pegar os exemplos de Curitiba, lá é frio e vejam como são as praças. Fica a diga gestores.
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Robélio Orbe  08.04.19 12h50
A alcunha "Cidade Verde" foi dado pelo grande número de árvores no perímetro urbano e não pela vegetação rural. Há 30 anos passados próximos presentes a capital possuía 250 mil habitantes aproximadamente e a expansão habitacional se dá pela ocupação do solo pelo modo vertical, o mais econômico, ocupando um espaço já desmatado desde a década de 70. Cuiabá cidade verde, sim; pelo grande número de áreas verdes preservadas em parques urbanos. Responsabilizar o desmatamento pelo calor cuiabano é no mínimo irresponsável e leviano, e pior é afirmar que isso ameaçaria o abastecimento d'água na capital, como se a coleta viesse do Córrego do Barbado, Oito de Abril ou do Gambá. A capital possui 180 nascentes? Cadê o mapa que comprove esses números, pois mapear nascentes no período chuvoso onde verte água em qualquer barranco é hipocrisia; quero ver essas minas verterem água no período de seca. Não vejo o MPE notificando a prefeitura para despoluir os maiores Córregos da capital, isso sim uma vergonha! Defendo a ocupação responsável e ordenada do solo, repudio os grilos e invasões, e estas referendadas por liminares da justiça. Sou apaixonado por Cuiabá por conta do calor do clima, até tolero os dias de frio, o que desacostumou-me do frio de minha terra natal.
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