Cuiabá, Sábado, 12 de Julho de 2025
300 ANOS DA CAPITAL
08.04.2019 | 15h29 Tamanho do texto A- A+

Relojoeiro acerta o tempo da Capital há quarenta anos

Antônio Francisco Neto faz do seu box no Shopping Popular um atelier do tempo

Divulgação

 Ao lado do marido há 35 anos, Antônia conta que fez da arte dos ponteiros também a sua paixão

Ao lado do marido há 35 anos, Antônia conta que fez da arte dos ponteiros também a sua paixão

DA REDAÇÃO

Ele tem o tempo como companheiro inseparável e  40 anos acerta as horas de Cuiabá. Sob a trilha sonora dos ponteiros ininterruptos dos relógios espalhados por paredes e prateleiras, o cearense Antônio Francisco Neto faz do seu box no Shopping Popular um atelier do tempo. É ali que o relojoeiro vive seguindo, assim como os segundos, os milésimos de segundos que nunca deixou parar na cidade.  

 

Se andar pela Cuiabá de 300 anos tem sido cada vez mais a passos apressados, no estabelecimento de Antônio ainda é possível acertar as horas com calma e, de quebra, dar corda rumo ao passado. “Tudo começou com meu irmão mais velho. Ele era relojoeiro e, quando veio para cá, começou a trazer os demais para a profissão. Somos em dez homens e três mulheres, apenas um não seguiu no ofício – que, hoje, já conta com esposas, filhos e sobrinhos”, conta com orgulho.

 

Antônio relembra que, àquela época, 40 anos atrás, Cuiabá tinha contornos bem diferentes. “Quando chegamos, a Prainha – por exemplo – ainda era a céu aberto. A Avenida Mato Grosso apresentava valas e só tinha um colégio. Mas, algo que sempre nos impressionou foi que a cidade nos abraçou e nós crescemos com ela. Posso dizer que a gente contribuiu um pouco para ‘construir’ Cuiabá, que é uma capital maravilhosa”, pondera.

 

Ele destaca que o início da trajetória, como “pau rodado”, em solo cuiabano não foi fácil. “Ninguém conhecia a nossa família. Tínhamos que sair de porta em porta, fazer propaganda boca a boca e viajar todo o Estado. Começamos com conserto de relógios, depois ampliamos para fornituras, vendas de relógio em atacado e por aí vai. Fomos evoluindo. Tanto que não consigo calcular o número de relógios que já passaram pelas nossas mãos em quatro décadas”, ressalta.

 

No entanto, um acontecimento em especial não sai da sua memória: foi quando encontrou Antônia Gomes Soares que os ponteiros da sua vida se acertaram. Para além da coincidência de nomes, os dois dividem a parceria do casamento com a do ofício. “Voltei para o Ceará pra casar com ela e a trouxe para cá. Também para a profissão. Até brinco com os clientes que produzi as alianças, ‘quem casou comigo, não separa’”, comenta Antônio, que também é ourives.

 

Ao lado do marido há 35 anos, Antônia conta que fez da arte dos ponteiros também a sua paixão. “No início, olhava para os relógios e pensava que nunca entenderia como funcionavam. Mas, fui aprendendo no dia a dia. Isto, além de acompanhar as pessoas e histórias que passam por aqui. Às vezes, o relógio não tem valor de mercado, mas para aquela pessoa o objeto significa tudo. É preciso estabelecer uma relação de confiança”, reforça.

 

Em seu tempo livre, o casal – assim como muitos moradores da cidade – procuram relaxar na beira do rio. “Gostamos de pescar e acampar. Mas, o relógio não sai do braço nem durante a pescaria. Até porque ela também tem hora. É preciso saber os melhores horários para os diferentes tipos de peixe e, até mesmo, para chegar em casa e ir para a missa. Agora, de segunda a sábado, das 8h às 18h, estamos aqui no Shopping Popular”, explica Antônio.

 

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