Cuiabá, Quinta-Feira, 3 de Julho de 2025
"A CIÊNCIA NÃO MATA DEUS"
19.03.2019 | 11h22 Tamanho do texto A- A+

Marcelo Gleiser é o vencedor do Prêmio Templeton 2019

Ele é o primeiro latino-americano a ganhar o prêmio, criado em 1972, e vai receber 1,1 milhão de libras esterlinas, o equivalente a R$ 5,5 milhões

Dartmouth College/Eli Burakiae

Marcelo Gleiser, vencedor do premio Templeton 2019

Marcelo Gleiser, vencedor do premio Templeton 2019

DO G1

O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser é o vencedor do Prêmio Templeton 2019, anunciou a fundação responsável pela premiação nesta terça-feira (19).

 

Ele é o primeiro latino-americano a ganhar o prêmio, criado em 1972, e vai receber 1,1 milhão de libras esterlinas, o equivalente a R$ 5,5 milhões. A cerimônia de premiação será em 29 de maio, em Nova York.

 

"[Ele é] Um dos principais proponentes da visão que ciência, filosofia e espiritualidade são expressões complementares que a humanidade precisa para abraçar o mistério e explorar o desconhecido", diz Heather Templeton Dill, presidente da fundação John Templeton, no vídeo que anuncia o premiado.

 

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Gleiser tem 60 anos e vive atualmente nos Estados Unidos, onde ensina física e astronomia no Dartmouth College, em Hanover, New Hampshire.

 

Ele já teve mais de 100 artigos revisados e publicados até o momento e pesquisas sobre o comportamento de campos quânticos e partículas elementares e a formação inicial do universo, a dinâmica das transições de fase, a astrobiologia e as novas medidas fundamentais de entropia e complexidade baseadas em teoria da informação. Agnóstico, seu trabalho se destaca por demonstrar que ciência e religião não são inimigas.

 

"A compreensão e a exploração científica não é apenas sobre a parte material do mundo. Minha missão é trazer para a ciência e para os interessados na ciência esse apego ao mistério. Fazer o público entender que ciência é apenas mais uma maneira de entendermos quem somos", disse Gleiser no vídeo que anuncia o prêmio.

 
'A ciência não mata Deus'
 

"O ateísmo é inconsistente com o método científico", afirmou Gleiser à AFP na segunda-feira no Dartmouth College da Universidade de New Hampshire, onde é professor desde 1991. "Devemos ter a humildade para aceitar que estamos cercados de mistério".

 

Sobre a teoria religiosa de criação da Terra em sete dias, Gleiser diz que não há inimigos. "Eles consideram a ciência como o inimigo, porque têm um modo muito antiquado de pensar sobre ciência e religião, no qual todos os cientistas tentam matar Deus", disse.  "A ciência não mata Deus", completa.

 

Gleiser fundou em 2016 o ICE (Instituto de Engajamento à Interdisciplinariedade) em Dartmouth, com a ideia de promover o diálogo construtivo entre as ciências naturais e humanas, seja na esfera pública ou acadêmicas. O instituto tem apoio da fundação John Templeton.

 

Em 2006, ele apresentou a série de 12 episódios 'Poeira das Estrelas', no Fantástico.

 

Prêmio Templeton
 

O prêmio Templeton foi criado para "servir como um catalisador filantrópico para descobertas relacionadas às questões mais profundas que a humanidade enfrenta", de acordo com a instituição. A Fundação apoia pesquisas que vão desde a complexidade, evolução e emergência até a criatividade, perdão e livre-arbítrio.

 

De acordo com a fundação responsável pelo prêmio, Gleiser foi o escolhido pelo conjunto do seu trabalho que, ao longo dos anos, evoluiu para a quebra de simetria, transições de fase e estabilidade de sistemas físicos, conceitos que influenciariam sua crítica às "teorias de tudo".

 

"O prêmio celebra o trabalho de muitos indivíduos maravilhosos, incluindo alguns dos grandes físicos e cientistas de nosso tempo, cujas pesquisas exploraram questões de significado e valor além dos limites tradicionais de suas disciplinas.

 

Pensar que um dia eu seria incluído em um grupo distinto, sendo um imigrante do Brasil, é inacreditável ", disse Gleiser no site do Dartmouth College.

 

Além de Gleiser, a fundação já premiou 48 pessoas desde que foi criada em 1972. Entre eles estão Madre Teresa (1973), Dalai Lama (2012) e o Arcebispo Desmond Tutu (2013).

 

Fonte: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/03/19/fisico-e-astronomo-brasileiro-marcelo-gleiser-e-o-vencedor-do-premio-templeton-2019.ghtml




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