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21.03.2019 | 15h41 Tamanho do texto A- A+

"Meu humor não depende da minha barriga", diz Leandro Hassum

Ator lança novo filme nos cinemas nesta quinta-feira. 'Chorar de Rir' narra a história de um artista que busca ganhar reconhecimento ao trocar o humor pelo drama

RODRIGO FONSECA
DO GSHOW

Com um físico atlético, bem diferente do corpo que tinha quando fez milhões de espectadores no cinema no início da década, Leandro Hassum tem um filme novo para lançar, sem medo algum de que seu novo shape possa causar de estranheza nos fãs do passado. Na verdade, “Chorar de Rir” até ironiza isso.

 

Em uma de suas sequências mais hilárias, o ator, no papel do comediante em crise Nilo Perequê, brinca com seu próprio histórico ao dizer: “Todo mundo ri do gordinho”.

 

Com direção de Toniko Melo (do premiado “VIPs”), “Chorar de Rir” estreia nesta quinta-feira, 21/3. A trama narra a história da luta de Nilo para ganhar respeitabilidade ao trocar a gargalhada pelo drama, fazendo “Hamlet”. Mas, sob uma influência do sobrenatural, encarnado na figura de um feiticeiro vivido por Sidney Magal, algo nos planos do humorista sai errado. Mas ele não vai deixar o erro e o medo de mudar vencerem seu desejo e sua ambição artística.

 

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Com Monique Alfradique, Otávio Müller, Rafael Portugal, Natália Lage e Jandira Martini no elenco, “Chorar de Rir” traduz sentimentos que vêm norteando as atuais escolhas de Hassum nas telas. Na entrevista a seguir, o comediante de maior público no cinema brasileiro de 2002 pra cá fala sobre os elementos que integram seu regresso ao circuito.

 

Gshow: Em uma das melhores piadas de “Chorar de Rir”, você ironiza a silhueta GG que tinha até pouco tempo e que, até hoje, leva muita gente a questionar: “Será que Hassum perdeu a graça ao ficar magro?”. A gordura faz falta para o seu humor?

 

Leandro Hassum: Tem muita gente que vai ficar viúva da minha barriga para sempre, mas é com meu trabalho que quero provar que o meu humor não depende dela. No começo, esse papo de “emagreceu, perdeu a graça” me deixava reativo, nervoso. Mas não é assim que um comediante conquista o respeito de seu público. É trabalhando... É tendo no humor da família seu foco.

 

Você fala em família e, inegavelmente, percebe-se em “Chorar de Rir” um investimento na emoção tão grande quanto a aposta no humor. É uma comédia, claro, mas uma comédia do afeto. O que mudou em relação aos filmes anteriores em relação à emoção, ao amor?

 

Leandro Hassum: Se você olhar mesmo o “Até que a Sorte nos Separe”, o lado romântico, carinhoso, está lá. É legal preservar esse lado emotivo e isso está em grandes comédias de Hollywood também. Tem um filme em que penso muito, quando lembro a história deste meu novo personagem, o Nilo Perequê, que é “Adorável Vagabundo” (dirigido por Frank Capra e lançado em 1941). É a história de um homem que tem a chance de mudar sua vida, mas não abre mão de seus afetos do passado para isso. Entrei nessa história do “Chorar de Rir” um pouco para criticar essa discussão de que é preciso abrir mão da comédia para ser visto como um ator de respeito. Nunca tive essa cobrança e fiz questão de homenagear os grandes nomes do humor brasileiro num improviso no fim do filme.

 

Que comédia tem “Chorar de Rir”?

 

Leandro Hassum: Muitas. Há um momento na trama em que algo mágico acontece, graças ao personagem feiticeiro vivido pelo Sidney Magal. Dali pra frente, começo a usar vários estilos de comédia: o humor físico, o de bordão, o do trocadilho. Tudo o que faço é para manter a plateia viva.

 

E qual é o desafio de se manter o público vivo diante de tanta concorrência digital, como o vício do WhatsApp mesmo nas salas de cinemas?

 

Leandro Hassum: Tem gente que vai a um show do Phill Collins e, ao invés de olhar para o palco, vê o cara cantando a partir da tela do seu celular, pra registrar o momento. Mostrar que está se divertindo é mais importante do que viver o momento. Tem gente que deixa a comida esfriar na ânsia de fotografar o prato. No teatro, tem muito isso de se distrair do palco com foto, com WhatsApp. E tem no cinema. Mas comecei a perceber, depois que tornei meu Instagram aberto, que as pessoas estão mudando: elas já não querem mais ver cenas perfeitas. O que me dá popularidade na rede social é a minha vida em família, mostrada de uma forma espontânea, sem encenação, com erros, com defeitos. As pessoas querem o bastidor. No cinema, a questão do digital tem outro buraco.

 

Qual?

 

Leandro Hassum: Tem muita gente que opta por não ir até o cinema esperando o filme chegar em sua casa, em sua TV, em seu computador, por meios digitais. Isso, para o cinema nacional, é ainda mais perigoso. O meu trabalho é entregar ao público uma comédia de qualidade, em todos os âmbitos do filme, para justificar o esforço das famílias que saíram de suas casas para me assistir. Nenhum colega meu que lança comédia precisa me pedir para postar algo sobre seu filme: sempre posto para ajudar na visibilidade. Quero que toda comédia brasileira lote, que todo filme lote, seja drama, terror, o que for. Por isso venho refinando a estética dos meus filmes.

 

Existe uma questão essencial à trama de “Chorar de Rir”, paralelo à discussão sobre comédia, que é um debate sobre paternidade, traduzido na relação entre Nilo e seu pai, vivido por Perfeito Fortuna. O que o amor paterno representa para você, já que ele é um elemento que se repete em seus filmes?

 

Leandro Hassum: A risada mais importante que arranquei na minha vida foi o primeiro riso da minha filha, Pietra, ainda bebê. Até hoje não sei se era uma gargalhada ou um espasmo, mas era lindo. Não há mal que penetre no bem traduzido naquele sorriso. Durante toda minha carreira, o que faço é tentar reencontrar no público um sorriso como aquele. Esse amor faz parte do que entendo sobre paternidade, mas que está presente também na lembrança do meu pai, Carlos Alberto, que foi um sujeito divertido, apaixonado por Carnaval. Herdei o meu humor dele. E, no filme “Chorar de Rir”, a relação que o Nilo Perequê tem com o pai espelha a admiração grande que eles têm um pelo outro. O Perfeito, uma figura encantadora, é um grande comediante para o filho, com ideias que poderiam render bordão.

 



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