A ida ao cinema da família de Geisy Rosa terminou em frustração. A filha dela, de 9 anos, que tem transtorno de espectro autista e é cadeirante, foi hostilizada pelo público que foi ao Cinemark, no Shopping Goiabeiras, no último domingo (29), no fim da tarde.
De acordo com os relatos da mãe, ela e as duas filhas foram ao cinema como costumam fazer ao menos duas vezes na semana.
A escolha desta vez foi "Thor: Ragnarok". Como o filme tem cenas fortes de ação, a menina gritou como forma de demonstrar alegria e empolgação, natural no caso de autismo.
“É natural dos autistas fazerem isso. É a maneira que eles expressam a alegria. Com o passar do tempo, vão se acalmando e param”, relatou a mãe.
Arquivo Pessoal
A menina de 9 anos, que foi hostilizada dentro do cinema
Os espectadores não entenderam a manifestação da criança e falaram palavras de baixo calão. “Um homem chegou a gritar para mim: ‘Pega essa menina e volta para o buraco de onde ela saiu’”, contou a mãe com voz trêmula.
No Facebook, a filha mais velha, Fernanda Rodrigues, contou que apesar, de já ter escutado muitas manifestações preconceituosas por causa da irmã, essa foi a mais grave.
“Meu sangue, instintivamente, ferveu. Em resposta a ofensa, uma outra moça (não te conheço, sequer te vi, mas te venero!!) manifestou-se: ‘Gente! É uma criança especial!’, que assim como eu ficou perplexa com a reação desrespeitosa da criatura”.
Após o ocorrido, Fernanda e a mãe entraram em contato com a gerência do cinema, mas não obtiveram resposta.
“Eles me disseram que nada poderiam fazer. O gerente completou me perguntando se não teria como acalmá-la, afinal as demais pessoas estavam lá para ver o filme”, desabafou, revoltada.
A família permaneceu no filme até ao final da sessão.
O outro lado
A reportagem entrou em contato com o gerente do Cinemark, Marcolino Lopes, que afirmou que o cinema atendeu a demanda da família, mas precisaria saber a identificação da pessoa que as ofendeu.
“Se nós não temos a identificação de quem fez as ofensas, é difícil mediar a situação”, disse o gerente.
A política do Cinemark, segundo Lopes, é o de mediar a situação entre as partes.
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32 Comentário(s).
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Leire 04.11.17 11h36 | ||||
Não tem como saber se o grito é de um autista ou de um não autista parece que isto não está muito claro em alguns comentários,portanto dizer que o homem praticou bullying ou algo dessa natureza beira o ridículo,o hostilizador não se comportou de maneira adequada diante a perturbação,o autismo é um assunto que precisa ser mais esclarecido a toda população. | ||||
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Ellen Jordania 04.11.17 08h10 | ||||
Eu sairia da sala e pediria o meu dinheiro de volta, ou que me deixasse assistir a próxima sessão. É complicado, respeito, não concordo com essas ofensas, mas também vejo o lado dos consumidores. Tenho certeza que deve ter sido terrível. Quem sabe agora os shoppings disponibilizam uma sala para pessoas especiais. | ||||
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Cris 04.11.17 07h24 | ||||
Não vejo problema em essa ou qualquer outra criança especial frequentar cinema ou qualquer outro lugar, ela estava devidamente acompanhada por um responsável, fala-se tanto em inclusão social, e nos deparamos com uma situação dessas, pra mim não tem desculpa, errou em gritar mesmo não sabendo q era uma criança especial. Se quer respeito deve se respeitar. | ||||
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Maria 03.11.17 20h17 | ||||
É uma situação tão complicada, claro que o nível de grosseria é reprovável. Mas vc paga caro pra ir ao cinema quer ver o filme tranquilo e nem era um filme infantil. Quando é infantil só vai adulto que já sabe que não vai ser tudo tranquilo e todo mundo tolera mais porque os pequenos estão apendendo a se comportar, mesmo assim a gente chama a atenção. Já fui a uma apresentação teatral em que uma criança especial atrapalhou demais, era irritante o tanto que ela interrompia os atores. Só vale o direito dela? A família também precisa considerar o direito dos outros ao entretenimento. | ||||
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alex r 03.11.17 19h52 | ||||
Olha independente os dois lados erraram, a mãe por acreditar que só o lado dela tem direito e a pessoa que falou asneiras, apesar de estar no direito de ver o filme ainda sim agiu em excesso. Mas o bacana é a discussão que se promoveu. Acredito que pensarei também no próximo quando esta situação ocorrer comigo. | ||||
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