Assustado com o aumento de casos de suicídios em Mato Grosso, o psicólogo Douglas Amorim resolveu realizar um ensaio fotográfico para alertar as pessoas que sofrem de ansiedade e depressão a buscarem tratamento. E mais que isso, criticar o Estado pela falta de informação sobre a doença.
Nas fotos, tiradas pelo fotógrafo Leomax Lester, o psicólogo se coloca no lugar das pessoas que sofrem de ansiedade e depressão para tentar mostrar a angústia que elas vivem diariamente. As imagens ainda não tem local para exposição.
“Quando as imagens estavam editadas e eu as vi, realmente pude enxergar o quão fortes elas são. É realmente para que as pessoas olhem e veja que não é uma frescura. Não é uma coisa que passa. Mas sim uma doença que precisa de tratamento para que não termine em suicídio”, disse Douglas, em entrevista ao MidiaNews.
Conforme o psicólogo, o suicídio é a segunda maior causa de morte no mundo. Fica atrás apenas para casos de vítimas de trânsito.
No Brasil, segundo ele, a cada 32 minutos uma pessoa comete suicídio. Em Mato Grosso, no ano passado, houve 154 casos.
“E a gente não vê nenhuma ação governamental sobre o caso. Nenhuma placa, por exemplo, do CVV nas pontes sobre o Rio Cuiabá e nos pontos turísticos de Chapada dos Guimarães, que é onde mais acontecem suicídios no Estado”, criticou.
Na foto abaixo, Douglas mostra a fase mais severa de uma depressão, onde o sujeito se sente incapaz de fazer as coisas mais simples. Como levantar da cama, por exemplo.
“As pessoas que estão em um estágio avançado de depressão tendem a mentir ou não contar para outras sobre isso, porque geralmente ouvem coisas do tipo: 'isso é coisa da sua cabeça. Você tem um emprego bom, um carro bom, uma vida boa'. E a ideia do ensaio é fazer com que essas pessoas compreendam que não está só, que ela não é fraca, que isso se trata de uma doença e que não tem o seu controle mesmo, mas tem tratamento”, afirmou.
Em outra foto (confira abaixo) o psicólogo exibe o transtorno de ansiedade, onde o ansioso vive onde está sempre faltando algo, em dívida consigo mesmo e com os outros, incompleto.
“Falta uma sensibilidade de compreender que estamos lidando com uma epidemia. Que as pessoas que cometem suicídio não tem como se manifestar. É como se a manifestação delas fosse a morte e o governo vê isso como uma espécie de auto tratamento. Se a pessoa se matou já está resolvido e pronto. Só vai ter uma preocupação quando alguém muito poderoso passar por isso”, declarou.
Causa
Conforme Douglas Amorim, a crise financeira é a principal desencadeadora de depressão no mundo, seguida de perdas familiares e problemas de relacionamento amoroso.
E a depressão, por sua vez, é a principal causa de suicídio.
A depressão é uma doença provocada por alterações de neurotransmissores em algumas áreas do cérebro, levando a pessoa a ter certos sintomas, como: alterações no sono, perda de apetite, perda no prazer em realizar atividades do dia-a-dia.
A pessoa simplesmente não tem disposição para fazer nada. A parte cognitiva de pensamento também se altera, o indivíduo não consegue se concentrar ou tomar decisões próprias. E em casos mais graves comete um ato suicida.
“A crise de 2008 que aconteceu nos Estados Unidos desencadeou um número de suicídio muito grande. As pessoas se jogavam dos prédios ou se enforcavam dentro do banheiro das empresas. As pessoas que estão pensando em suicídio enxergam a morte como a solução do problema que vivencia. Ela não tem informações que aquilo é uma doença que tem tratamento”, afirmou.
Tratamento
Marcus Mesquita/MidiaNews
O psicólogo Douglas Amorim, idealizador do ensaio fotográfico
Conforme o psicólogo, a primeira parte do tratamento é fazer a pessoa entender que ela sofre uma doença.
“Muitas vezes a gente não consegue chegar à raiz de onde começou, por conta da própria visão tapada, da própria dor que não quer voltar aquele lugar, mas conseguimos desenvolver ferramentas comportamentais para lidar com aquilo”, explicou.
O psicólogo quebra o tabu existente com relação ao tratamento psicológico com medicamento.
“Não existe isso que medicamento vicia. O medicamento faz parte do tratamento, porque nós estamos tratando uma doença. Vou dar um exemplo. A pessoa que rompe um ligamento, precisa tomar remédio para aliviar a dor e depois fazer uma cirurgia. É a mesma coisa com a depressão”, disse.
De acordo com o Douglas Amorim, a ciência já evoluiu muito junto com a medicina, psicologia e diversas outras áreas, fato que pode auxiliar nesse processo.
Veja as demais fotos do ensaio:
Leomax Lester
Leomax Lester
Leomax Lester
Leomax Lester
Leomax Lester
Leomax Lester
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9 Comentário(s).
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Dione l dos Santos 23.01.19 00h28 | ||||
Eu sofro de depressão bem adiantado do e na alama | ||||
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Nascimento 23.01.17 14h52 | ||||
A Depressão é apenas a consequencia de que algo não está bem. Fazer exames de vitaminas, hormonios podem ajudar a diagnosticar algo. Rever valores, prioridades, o modo de vida, excesso de cobrança e culpa, traumas do passado podem gerar ansiedade, fobias e medos. Procurar ajuda é essencial,essencialmente em Deus, além de tomar medicamentos e mudar hábitos e enfrentar as coisas de frente te ajudarão a se recuperar e seguir "kadima", em hebraico que dizer "adiante". | ||||
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Cristiane 23.01.17 10h42 | ||||
muito impactantes essas fotos, conseguiram transmitir esse mundo tão subjetivo dessa doenças tão perversa. | ||||
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Rogério Peixoto 23.01.17 08h41 | ||||
Opa! Você sofre com ANSIEDADE? Então olha isso e assiste esse vídeo até o final para Acabar com isso, e depois deixa um comentário, combinado? http://experimenteapaz.com.br/ansiedade/ #experimenteapaz | ||||
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Maria Helena 22.01.17 14h10 | ||||
Sou funcionaria publica há alguns anos e dona de casa também, houve um período de muita sobrecarga de trabalho, prazo curto, muitas cobranças e pouco investimento, pouco companheirismo. Para dizer a verdade um péssimo gestor. Cheguei a um ponto que não conseguia terminar um trabalho porque estava preocupada com o próximo trabalho, fui entrando em desespero não conseguia dormir, nem me alimentar foi virando uma bola de neve, chegou ao ponto que só pensava em morrer que isso seria a solução da minha vida. É uma doença silenciosa, você não sai falando por ai, só mesmo quem tem família e graças a Deus tive o apoio de minha que me levou a um psiquiatra. Isso já tem 8 anos e, ainda tomo remédio para ansiedade, depressão e enxaqueca. Hoje vejo que é muito importante não cuidar somente da mente, mas também corpo praticando esporte e da alma. | ||||
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