FAB LAB

Um espaço dedicado à criatividade, à colaboração multidisciplinar e à experimentação. Assim pode ser explicado o Fab Lab Cuiabá, que funciona dentro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com a participação de estudantes formados e ainda em capacitação.
Uma ideia que surgiu no campo acadêmico dos Estados Unidos, o Fab Lab é uma abreviação para “laboratório de fabricação” em inglês. Consiste no espaço em que pessoas de diversas áreas se reúnem para realizar projetos de fabricação digital de forma colaborativa.
Como o ideal é o “faça você mesmo”, mais do que simplesmente ter uma ideia na cabeça, quem procura o espaço tem a vontade de colocar em prática e, além disso, compartilhar seus experimentos com toda a sociedade.
O Fab Lab Cuiabá é um dos 16 laboratórios de fabricação no país e foi idealizado pelo aluno de arquitetura da UFMT, Pedro Teodoro, de 22 anos, e um professor.
Em funcionamento há pouco mais de um ano e meio, o espaço também é coordenador por um grupo de estudantes e recém-formados (Rafael Benine, Guilherme Brustolon, Priscylla Oliveira e Felipe Oliveira), que decidiu colocar em prática e compartilhar suas ideias.
“O Fab Lab, por essência, é um espaço que ajuda a comunidade a desenvolver as suas ideias, aquilo que as pessoas almejam. O Fab Lab não tem a característica de limitar o que as pessoas querem fazer. Se uma pessoa que trabalha em uma ONG e tem um objetivo social, na qual ela quer produzir, o Fab Lab vai ajudar essa pessoa a desenvolver”, afirmou Pedro Teodoro.
O estudante conheceu o conceito por meio de um de seus professores. A ideia, segundo ele, era analisar o futuro da arquitetura e a fase digital da produção de materiais.
A análise acabou na descoberta de um novo modo de se pensar e fazer tecnologia.
“Eu e um professor estudávamos a direção em que a arquitetura estava indo. Víamos que a arquitetura estava saindo de um momento em que era manual, onde se fazia fontes de concreto com martelo, e passava para um processo de fabricação diferente. Este processo de fabricação diferente era digital. Onde se faz uma estrutura no computador, gera as peças, manda para uma indústria, que manda as peças exatas, para que sejam encaixadas. Isso é mais eficiente e faz a construção ser mais rápida, além de dar uma liberdade formal maior”, declarou.
“A partir deste entendimento, nós pensamos que deveríamos pegar a arquitetura e estudá-la pelo lado da fabricação digital. [...] A gente via que já existia este modelo, que era o Fab Lab, que além de ser para a arquitetura, era para todas as áreas de conhecimento”, completou o estudante.
De acordo com a Fab Lab Brasil Network, representante da Fab Foundation (organização americana que ajuda quem quer abrir um Fab Lab), existem três tipos de fab labs: os acadêmicos, os públicos e os profissionais.
Os acadêmicos (o nome já diz) são sustentados por universidades ou escolas, enquanto os públicos podem ser sustentados por governos, institutos de desenvolvimento ou mesmo comunidades locais.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Pedro Antônio, estudante de arquitetura de 22 anos
Os profissionais são os únicos que precisam se preocupar com a viabilidade financeira e, geralmente, ganham dinheiro alugando espaço e máquinas para empresas e makers desenvolverem seus produtos. Esses fab labs costumam cobrar dos frequentadores uma taxa por horas, dias ou meses de uso.
No caso da fábrica de laboratório da Capital, o espaço é bancado pelos próprios organizadores, já que, mesmo utilizando um espaço dentro da universidade, nem a UFMT e muito menos os órgãos públicos colaboram com a continuidade da atividade.
“Não temos um acordo com a UFMT. Apenas com os professores responsáveis pelo espaço. A UFMT sabe da nossa existência. Estamos dentro do Conselho de Inovação da Federação das Indústrias. Acaba que, nesses ambientes, nós já nos relacionamos com o vice-reitor e outras entidades de classe. Mas ninguém teve real interesse em pegar o Fab Lab e ajudar a desenvolvê-lo”, afirmou.
“A gente arca com tudo do próprio bolso. Há certo tempo tivemos várias máquinas que apresentaram problemas ao mesmo tempo. E vimos que era necessário começar a cobrar pelo menos o custo de manutenção. A gente está começando a cobrar, pois a situação está feia. Cada um dos membros tem uma ocupação. A gente consegue injetar dinheiro, mas isso está ficando complicado”, explicou Pedro Teodoro.
Atuação com a sociedade
De acordo com Pedro Teodoro, para o Fab Lab Cuiabá ser considerado como tal, ele precisa seguir alguns princípios como compartilhar ferramentas e processos com os outros laboratórios do tipo, participar ativamente da rede por meio de videoconferências e encontros presenciais e abrir as portas à comunidade sem cobrar nada.
Tais dias abertos a sociedade são chamados “Open Day”.
“Não é um perfil do fab lab libertar a escolha das pessoas, mas ser uma ferramenta, em que estas pessoas nos procuram para que estas ideias sejam desenvolvidas”, disse.
“A gente organiza os Open Days, em que as pessoas chegam até o laboratório com seus arquivos que precisam usar ou com uma ideia. A gente auxilia no desenvolvimento ou impressão disso e a pessoa paga o material”, declarou o idealizador do espaço.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Uma das impressoras 3D, em que os participantes do fab lab desenvolvem seus conhecimentos
Outros eventos como este, segundo Pedro Teodoro, estão sendo programados e divulgados na pagina oficial do laboratório no Facebook. (VEJA AQUI)
O estudante de arquitetura também entende que o laboratório já tem como maior legado algo que ele chama de fomento do ecossistema das invenções, mesmo que a falta de infraestrutura inicial atrapalhe a atuação do fab lab com a sociedade.
“Por conta da nossa correria para tentar fazer com que o laboratório ‘aconteça’, a gente deixou muitos projetos de lado. Nós ainda temos pouca atuação com a sociedade, pois estamos com carência de infraestrutura. Mas o simples fato de estarmos fomentando o ecossistema de invenção, já é o maior legado que o Fab Lab pode deixar para a sociedade”, pontuou.
Ainda segundo Pedro Antônio, projetos com o setor da educação já estão sendo realizados, para buscar a aproximação entre os jovens e este novo entendimento de invenção.
O laboratório
O primeiro Fab Lab foi montado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, pelo professor Neil Gershenfeld como parte da disciplina How To Make (almost) Anything (Como fazer quase tudo).
Em pouco tempo se tornou um ponto de encontro entre estudantes, profissionais e empreendedores, em busca de espaço, máquinas, ferramentas e o apoio necessário para o desenvolvimento de produtos e ideias.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Mas o simples fato de estarmos fomentando o ecossistema de invenção, já é o maior legado do Fab Lab
O Fab Lab Cuiabá é um espaço aberto pra quem deseja colocar em prática seus projetos, independente da área em que atue ou a funcionalidade do produto que deseja construir.
Assim como todos os Fab Labs do Mundo, o de Cuiabá, de acordo com o estudante, conta com máquinas específicas: uma impressora 3D, uma cortadora a laser e uma fresadora.
Entre os projetos no laboratório estão uma maquina de drinks e peças produzidas pela impressora 3D e a fresadora.
A impressora 3D é uma das máquinas que mais chamam a atenção. Atualmente, é uma ferramenta utilizada no desenvolvimento de soluções nas mais diversas áreas do conhecimento, como na engenharia, medicina e educação.
A máquina consegue modelar materiais como plástico, gesso, metal, borracha, cera, tecidos, resina e até mesmo alimentos a partir de imagens digitais.
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1 Comentário(s).
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Lauro Ojeda 21.03.16 10h32 | ||||
Parabéns ao pessoal do Fablab de Cuiabá, que apesar das dificuldades tem ajudado à população do estado a desenvolver projetos inovadores e por incentivar o empreendedorismo. Precisamos de mais gente como vocês, galera! #tamojunto | ||||
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