O delegado da Polícia Civil Edison Ricardo Pick e os investigadores Woshigton Kester Vieira e Ricardo Sanches, presos nesta terça-feira (16) durante a Operação Cruciatus, teriam usado sacolas plásticas para asfixiar suspeitos de crimes na cidade de Colniza (a 1.065 km de Cuiabá).
A informação consta no pedido de prisão preventiva feita à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE-MT). As prisões foram determinadas pelo juiz Ricardo Menegucci.
O Gaeco descreve, no pedido, torturas contra três vítimas: M.W., W.G.O. e um adolescente de 17 anos.
"Com efeito, a prática de tortura deu-se, em tese, em três oportunidades, inclusive, conforme o Ministério Público, repetindo-se o modus operandi em duas ocasiões - uso de sacola para asfixiar o ofendido", afirmou o juiz, em trecho da decisão em que manteve as prisões preventivas dos três investigados.

No caso da vítima W.G.O., foi relatado pelo MPE que os policiais invadiram a sua casa para cumprir um mandado de prisão. O suposto crime por ele cometido não é citado no documento.
Na ocasião, ele estava sem roupas e a esposa, que estava em casa, viu toda a cena.
"Foi o delegado Pick, ele me ameaçou de morte. Ele é meio baixo, meio 'zarolho'. Ele colocou a sacola umas sete vezes na minha cabeça. Minha esposa presenciou tudo”, contou W. à polícia à época dos fatos.
Ele disse que, seguido das agressões, ainda vinham ameaças como: “Se você abrir a boca para o juiz, eu vou te matar”.
Já o adolescente, à época com 17 anos, relatou ao MPE que, em janeiro deste ano, o investigador Kester e outros policiais - não identificados –, junto ao delegado Pick, utilizaram de violência contra ele, após ser flagrado com porções de droga.
"Desferiram socos, tapas, chutes na costela e seguraram o ofendido pelo cabelo, além de colocarem uma sacola na cabeça deste, com o objetivo de asfixia-lo, tal como retratado no popular filme ‘Tropa de Elite’", consta em trecho do depoimento do garoto.
"A tortura era praticada contra o declarante com a finalidade de que ele informasse a existência de novas drogas e supostamente de uma pistola [...]. Após as torturas, os policiais ameaçaram o declarante dizendo que se ele denunciasse, mataria todos", diz trecho do depoimento do menor, destacado na decisão.
No caso da terceira vítima, M.W., as agressões supostamento cometidas pelo policial Kester teriam ocorrido durante a sua prisão em flagrante. O suposto delito cometido por ele não é citado na decisão.
Montagem
Os investigadores da Polícia Civil Ricardo Sanches e Woshigton Kester Vieira presos na manhã desta terça-feira
Durante a apuração desse caso, M.W. foi levado para a Delegacia de Colniza para prestar declarações. Ele alega que, na delegacia, foi torturado novamente, pelo mesmo agente - desta vez, na presença do delegado.
As declarações foram corroboradas pelos depoimentos do diretor da Cadeia Pública de Colniza e de dois agentes penitenciários.
"As agressões descritas nos depoimentos do ofendido e das testemunhas mencionadas são compatíveis com as lesões apontadas no exame de corpo de delito", diz o juiz.
"Enfatiza-se que a representação ministerial não está apenas fundamentada em declarações dos ofendidos e seus respectivos familiares, instruindo o parquet o pedido também, com oitivas de servidores públicos, perícia médica e fotografias", diz trecho da decisão.
Audiência de custódia
O delegado e os dois policiais civis passaram por audiência no fim da manhã desta terça-feira e a prisão preventiva do trio foi mantida.
Conforme determinação do juiz Ricardo Menegucci eles serão encaminhados para o Centro de Custódia da Capital (CCC), em Cuiabá.
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8 Comentário(s).
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| Nelson Zé 18.10.18 09h26 | ||||
| Fui espancado em minha residencia aqui em CUIABÁ em um assalto por 5 elementos, me deram 6 coronhadas na nuca, chutaram minhas costela e bateram com um taco de madeira em minhas canelas, alem de fazerem roleta russa. OS MARGINAIS FORAM SOLTOS NA AUD DE CUSTÓDIA. E agora ? Se estao com dó de bandidos que levem para casa de quem os defende. | ||||
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| Luciano 17.10.18 23h44 | ||||
| Bom, pelo que vi teve gente aqui que já condenou os policiais. Pelo que consta na matéria, muitas irregularidades foram cometidas nessa prisão, apartir do meio de prova, qual seja, depoimento das supostas vítimas, todos criminosos, até o deferimento do pedido de prisão, haja vista o fato ter ocorrido em Maio, e por se tratar de servidores públicos com endereço certo. Pois bem, contra policiais o rigor máximo e exagerado da lei, aos criminosos a proteção legal e incentivadora de operadores do direito despreparados e loucos para conseguir Midia. Trata-se de exibição de força e poder institucional. Aqueles que já condenaram os policiais, quando forem assaltados, liguem para esse promotor, ele sabe muito bem como aplicar a força contra o crime Só uma observação, nome da operação retirada de filme de Harry Potter? Mamãe deve ter negado algo para esses "coisinhas lindas di mamãe" gut gut | ||||
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| Areal 17.10.18 15h32 | ||||
| Me espanta como ainda tem leitor que devem se intitular como sendo pessoas de bem que opinam como sendo injustas as penalidade sofridas por esses agentes publicos que comprovadamente praticavam crimes de tortura..cabe a policia prender e cabe a justiça manter preso . Aos indignados porque não vão fazer passeatas contra o judiciário? Mas preferem nesse espaço se comportarem tão bandidos quanto esses que praticaram crime de tortura e se Deus quiser vão ser sumariamente expulsos de suas corporações. Hoje vocês concedem aplausos para eles , o que não pensam que amanhã sabe lá em que vão se transformar ? Leitores desse espaço que aplaudem esses tipos de atitudes são tão piores que esses policiais. Não aguentam uma blits do detran mas de uns tempos pra cá se acham o feras do faroeste, onde o lema é sair dando tiros por ai...cuidado quando se depararem com os preços de uma arma..pra muitos ou vai ser pagar a luz , a agua o gaz ou comprar uma arma e suaves prestações...acordem voces são pobres | ||||
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| Elias 16.10.18 23h17 | ||||
| O uso abusivo da lei é crime e o agente público que usar dessas prerrogativas deve responder por seus atos. | ||||
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| Marcelo17 16.10.18 17h30 |
| Marcelo17, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |