Cuiabá, Domingo, 14 de Dezembro de 2025
OPERAÇÃO
06.09.2016 | 18h10 Tamanho do texto A- A+

Pai e irmão de ex-vereador faziam parte de esquema, diz Polícia

Pai e os dois filhos recebiam altas quantias em dinheiro "arrancadas" das vítimas

Montagem/MidiaNews

Lázaro, João Emanuel e Irênio seriam peças-chave de esquema

Lázaro, João Emanuel e Irênio seriam peças-chave de esquema

JAD LARANJEIRA
DA REDAÇÃO

O relatório final do inquérito policial da Operação Castelo de Areia – que prendeu cinco pessoas no final de agosto – apontou que o irmão e o pai do ex-vereador cassado João Emanuel, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima e o juiz aposentado Irênio Lima Fernandes, respectivamente, sabiam do esquema desde o começo e inclusive teriam recebido dinheiro diretamente das vítimas.

 

A investigação apura crimes de estelionato supostamente praticados pela empresa Soy Group em todo o Estado. O prejuízo ultrapassa R$ 50 milhões.

 

Irênio Lima Fernandes e Lázaro Moreira já são alvos de medidas cautelares, que não foram divulgadas na conclusão do relatório.

 

De acordo com a polícia, o cabeça da organização criminosa seria o ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel, que foi preso na operação.

 

Foram presos também pela suspeita de participação no esquema: Shirlei Aparecida Matsuoka, sócia majoritária da empresa; Walter Dias Magalhães Júnior (marido de Shirlei), presidente do Grupo Soy; Evandro Goulart, diretor financeiro do grupo; e o empresário Marcelo de Melo Costa, suposto "lobista" do esquema.

 

O inquérito policial foi concluído no dia 1° de setembro pela Delegacia Regional de Cuiabá, em parceria com a Delegacia de Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). O relatório afirma que a empresa Soy foi criada no começo de 2015 por João Emanuel. Ele teria chamado o pai e o irmão para participarem do esquema.

 

Durante a operação, o advogado Lázaro Moreira Lima foi alvo de mandado de condução coercitiva.

 

As investigações

 

As investigações apontam que João Emanuel tinha 10% das ações da empresa, Irênio continha 5% e Lázaro 5%.

 

Marcus Mesquita/MidiaNews

Operação Castelo de Areia

Relatório foi assinado pelos delegados Flávio Stringuetta (GCCO), Diogo Santana (GCCO) e Luiz Henrique Damasceno (NI - Regional de Cuiabá)

“Eles iniciaram a empresa com 7 grandes clientes. A todos estes clientes foram oferecidos empréstimos de valores obtidos no exterior. Estes adiantaram ao Grupo Soy  US$ 200 mil dólares que teria sido dividido entre eles, sendo que US$ 100 mil dólares, ficou com a família Moreira Lima”, diz trecho do relatório.

 

Em busca e apreensão na casa do ex-vereador, a polícia encontrou cartões de visitas usados por João Emanuel e Lázaro.

 

No organograma, os três envolvidos da família Moreira Lima, tinham papéis importantes dentro da empresa: João Emanuel se apresentava como Presidente, Lázaro, como Diretor Jurídico e Irênio, como Diretor Operacional e Conselheiro.

 

Para a Polícia, não procede a tese de que o juiz aposentado Irênio Lima não sabia das tratativas ilícitas.

 

"Irênio Lima Fernandes tem pleno conhecimento das atividades ilícitas desempenhadas pela empresa e total domínio sobre os fatos em investigação, bem como usufrui de todo o proveito advindo dos diversos crimes perpetrados pelo grupo criminoso ao longo dos anos".

 

Da mesma forma, os delegados concluíram que Lázaro Roberto também sabia do esquema, pois tanto ele quanto seu pai foram citados por Walter Dias Magalhães Júnior, presidente do Grupo Soy.

 

"Em interrogatório, o suspeito Walter Dias Magalhães Júnior confirma que Lazaro foi diretamente beneficiado e recebeu parte do dinheiro antecipado pelas vítimas, que era repartido entre os diretores do Grupo Soy para custear despesas pessoais", diz trecho do relatório.

 

Os golpes

 

Conforme o relatório, assim que os “diretores” conseguiam fazer com que o cliente realizasse o adiantamento, o dinheiro era rapidamente dividido entre eles.

 

Irênio Lima Fernandes tem pleno conhecimento das atividades ilícitas desempenhadas pela empresa e total domínio sobre os fatos em investigação

"O grupo agia da forma que assim que recebiam os adiantamentos pedidos das vítimas, essa quantia era imediatamente repassada às contas bancárias do grupo e, em seguida, era rapidamente dividida entre João Emanuel, Lázaro, Irênio e os demais envolvidos no esquema".

 

Em um dos golpes, uma única vítima disse que perdeu R$ 50 milhões e, durante a tramitação, João Emanuel chegou a usar um falso chinês para convencer o cliente a fechar o negócio. Era ele quem traduzia o que o falso chinês - Mauro Chen Guo Qin - dizia.

 

“Ele afirmou que a vítima teria um lucro de R$ 170 milhões por sua participação no investimento, se disponibilizasse 40 folhas de cheque totalizando o valor de R$ 50 milhões para garantia do negocio”, diz outro trecho.

 

Neste golpe, dos R$ 50 milhões "arrancados" da vítima, os três familiares receberam R$ 3 milhões pela sua participação.

 

Outra vítima afirmou em seu depoimento que teve contato direto com Irênio, João Emanuel e Lázaro. Ela diz que perdeu cerca de R$ 500 mil, a pedido da “diretoria” do Grupo Soy, que solicitou a quantia como forma de adiantamento.

 

O relatório ainda ressaltou que ainda não se sabe o que foi feito com o dinheiro que receberam das vítimas nos golpes.

 

O inquérito ainda apontou que, em outro golpe aplicado, os três familiares receberam R$ 100 mil.

 

Na casa de João Emanuel foram apreendidas duas folhas de cheques no valor de R$ 99 mil, repassados por uma das vitimas.

 

Durante depoimento à polícia, João Emanuel e Lázaro optaram por permanecer em silêncio.

 

Leia mais sobre o assunto:

 

"É só a ponta do iceberg" diz delegado sobre investigação

 

Polícia Civil prende cinco acusados de golpes de R$ 50 milhões

 

Veja quem são os alvos da Polícia Civil acusados de estelionato

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia