Até a década de 1970 o Brasil dependia da importação de alimentos para atender o consumo interno. A Partir daí foi iniciada uma virada na produtividade comandada pela pesquisa agropecuária, rapidamente incorporada pelo setor produtivo.
Graças à ciência, em poucas décadas, transformamo-nos de atrasados “Jecas-Tatus” importadores de alimento em um dos maiores exportadores dessas commodities.
Nesse período o agro deu um grande presente para a sociedade brasileira, reduzindo pela eficiência, em cerca de 70% o preço dos alimentos. Assim o trabalhador passou a utilizar um percentual cada vez menor do seu salário na compra do sustento básico.
No entanto, somos criticados por ambientalistas, lideranças do MST, artistas e apresentadores de televisão. Até a Bela Gil e a Gisele Bündchen já se acham capazes de opinar sobre o assunto.
Afirmam que somos devastadores da natureza, que a produção de alimentos orgânicos vai nos livrar dos agrotóxicos e que uma reforma agraria ampla vai inundar as prateleiras dos supermercados com alimentos baratos.
Nada contra a produção orgânica de alimentos. É um nicho de mercado que deve ser aproveitado. Porém, estamos num país tropical, onde insetos, bactérias e fungos proliferam intensamente. Acreditar que podemos produzir alimentos para toda a humanidade sem o uso de defensivos agrícolas e adubos químicos é uma falácia.
Teríamos que desmatar todo o planeta e ainda esperar que 4 a 5 bilhões de pessoas se candidatem a morrer de fome. No cerrado, por exemplo, sem tecnologia, não haveria nem o retorno da semente plantada.
Não é possível produzir alimentos para 7,5 bilhões de pessoas sem desmatar. É natural também que alguns calangos sejam incomodados em seu habitat natural.
Quanto a uma reforma agrária, ninguém é contra. Se houver agricultores com competência e vontade, será interessante inseri-los no processo produtivo.
Para tal bastaria ao governo comprar as fazendas que estão naturalmente a venda em quase todos os municípios do Brasil, dividi-las em lotes e promover os assentamentos sem invasões, sem brigas jurídicas, sem mortes, sem afrontar o direito à propriedade e sem incluir no processo o componente ideológico.
Recente estudo da NASA concluiu que o Brasil ocupa somente 8% do seu território para a agricultura e 15% para pastagens cultivadas. As áreas preservadas representam mais de 70% do nosso território.
Somos de longe o país com a maior preservação da vegetação nativa do planeta.
É claro, porém, que nesta revolução houve erros e negligências na área ambiental. Nossa mente ainda não estava ambientalmente preparada para acompanhar a velocidade do processo.
Hoje temos consciência que atendendo às pressões ambientais teremos ganhos de produtividade e valorização dos nossos produtos.
Estamos iniciando uma nova revolução agropecuária. Novas tecnologias irão aumentar a produtividade agrícola e a pecuária de corte transferirá milhões de hectares para a agricultura sem a redução do rebanho.
Dentro de uma ou duas décadas dobraremos novamente nossa produção sem desmatar nenhum hectare.
Já deixamos longe o complexo de “Jeca- Tatu”. Hoje não é mais o filho mais burro que permanece no campo. A necessidade de conhecimento tecnológico em diversas áreas do saber humano exige cada vez mais ciência e gestão na condução dos negócios rurais.
ARNO SCHNEIDER é engenheiro agrônomo e pecuarista
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2 Comentário(s).
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jasão othon 10.08.18 15h40 | ||||
É, o agronegócio revolucionou o campo, modernizou e enriqueceu o "Jeca Tatu", porém, estima-se que as plantações extensivas nos chapadõess dizimaram 60 por cento do Cerrado brasileiro, destruiu a floresta milenar, os rios, ribeirões, regatos, a fauna, destruiu as culturas indígenas que protegiam esses biomas,envenenou a atmosfera com agrotóxicos e estes segundo pesquisas feitas por técnicos de saúde e medicina, contaminaram o leite materno, os pulmões de milhares de brasileiros, provocou tumores cancerígenos, alterou e prejudicou o clima definitivamente, e as grandes cidades estão repletas de favelas, cortiços, famílias passando fome no sertão nordestino, enquanto grande parte dessa riqueza gerada do agronegócio fica na mão de grupos econômicos e produtores rurais bem sucedidos que correspondem a 10 por cento da população da Região Centro Oeste e Região Sul, e com isso as voçorocas triplicaram, os incêndios quadruplicaram nos últimos 5 anos.Grande parte da água potável é consumida sem controle na agropecuária e em razão desse descontrole muitas nascentes já secaram. O litro do óleo de soja já está beirando os 3 reais. Que país é esse? O desemprego no país bate recorde com 13 milhões de desempregados, isto porque grande parte desses desempregados já não conseguem emprego no campo devido à mecanização e automatização da produção rural.Enquanto a maioria dos produtores rurais donos de grandes extensões de terras moram em mansões, apartamentos 1 por andar, Hilux, Pajero, BMW. zero km na garagem, pois eles têm descontos polpudos na hora de fechar o negócio nas concessionárias, viagens e mais viagens para o exterior,pois a grande massa da população brasileira vive de salário mínimo, moram em casebres, ou casinhas de uma porte e duas janelas, andam de fusca, ou de ônibus, e viajam sempre de ônibus. Distribuição de renda totalmente injusta, desigual, perniciosa. Mas que país é esse? A pobreza, a falta de saneamento básico, a miséria, está em toda a parte no Brasil, e aí vem esses caras esnobar diante dos desfavorecidos que o agronegócio é o salvador da pátria, é a galinha dos ovos de ouro, é a redenção do povo brasileiro. Conversa fiada pra boi dormir. Tristes Trópicos. | ||||
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Claudia 10.08.18 11h21 | ||||
Vamos tirar a Lei Kandir e os incentivos estaduais e vê se tudo isso é isso mesmo? | ||||
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