Cuiabá, Terça-Feira, 1 de Julho de 2025
JUACY SILVA
09.08.2018 | 06h00 Tamanho do texto A- A+

O mundo está envelhecendo

Será que esta questão consta da pauta dos candidatos para as eleições de outubro?

O mundo, de uma maneira geral, está envelhecendo, ou seja, a população nas faixas etárias com 60 anos e mais anos de idade, nas últimas décadas, tem crescido de forma muito mais acentuada do que o crescimento geral da população e, principalmente, bem maior do que a população infantil, com menos de 14 anos.

 

Alguns países  desenvolvidos, como os europeus, o Japão, a Austrália, o Canadá e tambem alguns emergentes como Brasil e a China, apresentam índices de crescimento e parcelas da população com mais de 60 anos, bem superior à média mundial.

 

A maioria dos países europeus e o Japão já têm mais de 22% da população total com 60 ou mais anos de idade e dentro de mais duas ou tres décadas a participação de idosos será superior a um terço, sendo que por volta de 2050 alguns poderão ter um índice de envelhecimento superior a 40%.

 

A maioria dos países europeus e o Japão já têm mais de 22% da população total com 60 ou mais anos de idade

Até o inicio da década de 1950, o crescimento populacional na maioria dos países era determinado por altas taxas de fertilidade e fecundidade. A partir dos anos 50, com a redução dos índices de mortalidade e de fertilidade/fecundidade, muita gente e instituições imaginavam que o crescimento populacional mundial estaria chegando a um ponto de equilíbrio ou “crescimento zero”.

 

Todavia, algumas regiões com a África e países como a Índia e alguns outros paises asiáticos como Indonésia, Bangladesh e outros mais, continuam experimentando altos índices de fecundidade/fertilidade e iniciam  tardiamente a transição demográfica, indicando, por exemplo que dentro de pouco mais de uma década a Índia devera ter uma população bem superior `a da China.

 

A nível mundial, em 2015 o contingente de idosos, acima de 60 anos, era de 900 milhões de pessoas, representando 12,3% do total da população mundial; as projeções da ONU e outras instituicçõs de pesquisas e estudos demográficos indicam que em 2030 o contingente de idosos na população mundial deverá ser de 16,5% ou 1,4 bilhões de pessoas e em 2050 os idosos serão mais de 2 bilhões de pessoas ou 21,5% do total da população mundial.

 

Em 35 anos, a população mundial deverá passar de 7,3 bilhões em 2015 para 9,8 bilhões em 2050, um crescimento de 135,6%; enquanto isso, no mesmo periodo o crescimento da população de idosos devera crescer 222%, com tendência a uma aceleração mais acentuada nas décadas seguintes.

 

No Brasil, o envelhecimento também vem ocorrendo de forma mais acelerada do que aconteceu na Europa. Na França, por exemplo, foi necessário mais de um século para que a população idosa “pulasse” de 7% para 14%, e no Brasil este “salto” ocorreu em apenas duas décadas.

 

Em 1950, a população idosa no Brasil era de 2,195 milhões de pessoas ou 4,2% do total; passando para 14,352 milhões ou 8% no ano de 2000. Em 2017, os idosos representavam 14,6% da população total ou 30,2 milhões de pessoas e as previsões indicam que, em 2030, o Brasil terá a quinta maior população idosa do planeta, nada menos do que 42,8 milhões de pessoas ou 18,7% da população total.

 

Em 1950, a população total do Brasil era de 51,9 milhões de habitantes e a população idosa era de 2,2 milhões; as projeções tanto do IBGE quanto da ONU e outras instituicçõs indicam que em 2030, dentro de 12 anos, a população total do Brasil será de 228,9 milhões de habitantes e a população de idosos será de 42,8 milhões de pessoas.

 

Diante desses números, a conclusão é clara e óbvia: enquanto a população total de nosso país deverá ter crescido 440,7% nesse periodo (de 1950 a 2030), o total de idosos deverá ter crescido 1.945,5% ou seja, 4,4 vezes mais.

 

Pouca gente, inclusive nossos governantes e a elite dominante do país, ou até mesmo as instituições de estudos e pesquisas nacionais se dão conta das repercussões que o envelhecimento populacional terá dentro de pouco mais de uma década. O envelhecimento populacional não é uma mera questão pessoal ou familiar, mas muito mais uma questão nacional e internacional que demanda estudos e definição de politicas públicas e ações efetivas tanto na área econômica, quanto social, cultural, politica e, principalmente, em relação `as estruturas e ações de governo.

 

Em uma próxima oportunidade tentarei refletir sobre essas dimensões e o papel que tanto as instituições públicas quanto as representativas da sociedade civil organizado e também as universidades, no sentido da necessidade de uma compreensão mais profunda, atual e futura desta realidade que, para muitos, é uma verdadeira “bomba relógico”, prestes a ser detonada e que poderá levar pelos ares não apenas sistemas de governo, mas a própria sobrevivência humana neste planeta.

 

O mundo está envelhecendo e o Brasil de forma mais rápida ainda. Será que esta questão consta da pauta ou agenda dos candidatos para as eleições de outubro próximo? Sei, não, como diz o matuto!

 

JUACY SILVA é professor universitário aposentado.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
0 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Preencha o formulário e seja o primeiro a comentar esta notícia



Leia mais notícias sobre Opinião:
Julho de 2025
01.07.25 05h30 » Mulheres visionárias
01.07.25 05h30 » A coragem de sentir e evoluir!
01.07.25 05h30 » Legado transformador
01.07.25 05h30 » Confisco e o simples nacional
Junho de 2025
30.06.25 08h21 » IG do Brasil
30.06.25 08h15 » A rainha do reggae
29.06.25 05h30 » Um líder, um exemplo