Suspeito que o tempo oportuno para aprovar a reforma da Previdência já passou.
Também ela está tão mutilada depois de concessões absurdas, que o dinheiro gasto e os presentes ofertados aos parlamentares para aprová-la já trouxeram prejuízos maiores que os possíveis benefícios.
Foram tantas verbas liberadas, cargos distribuídos, conchavos alinhavados, que, depois de tanto esforço e tantas dores, se insistirem nas concessões para gerar esse monstrinho, vão parir um gabiruzinho raquítico, disforme e inútil.
Não sou alarmista a ponto de achar que, se a reforma não for aprovada, o caos se instalará imediatamente. Não chegaremos a um processo agudo neste ano, somente remaremos inutilmente a canoa que não vai sair do lugar.
Mas, quando ela estiver a ponto de afundar de vez, os políticos serão obrigados a tomar uma atitude; só que, quanto mais tardarmais radical deverá ser o corte.
Enquanto houver algum dinheiro para pagar os aposentados, mesmo vindo de endividamento da União, de desvio de um setor para acudir outro e de ausência total de investimento, será difícil aprovar uma Previdência racional e sustentável.

Ela, a Previdência, é hoje a ponta mais visível do enorme desequilíbrio das contas do governo, mas há outras, entre elas, a folha de salários do País, estados e municípios, que consome a maior parte do dinheiro arrecadado.
Claro que os funcionários públicos não são os culpados por esse desacerto, pois o que falta é gestão para melhorar o aproveitamento dessa mão de obra, certamente a mais qualificada do Brasil.
Esse desequilíbrio não foi criado pelo PT porque sua origem remonta à Constituição de 1988, que carimbou verbas e criou porcentagens de destinação mal distribuídas.
Mas os governos de Lula e Dilma pisaram fundo no acelerador do descontrole, enganando o povo para se manterem no poder.
Dar benefícios e aumentar salários, mesmo em momentos de absoluta falta de caixa, tem sido o costume dos governantes.
Só que não dá para repartir o que não tem. Benefícios distribuídos à custa de endividamento serão cobrados no futuro.
Os próximos aposentados vão pagar caro pela irresponsabilidade dos atuais gestores.
Um governo fraco como o do Temer, que ficou ainda mais desacreditado com as gravações de conversas comprometedoras, não vai dar conta de aprovar a reforma de Previdência, mesmo com todo dinheiro que já repassou para conseguir apoio dos deputados.
Melhor seria esquecer esses assuntos mais polêmicos, deixando para o próximo presidente, que, com a água no pescoço e sem dinheiro para pagar aposentadorias e altos salários dos funcionários públicos, será obrigado a cortar os privilégios que seus antecessores concederam.
O perigo é a volta do Lula para terminar o serviço que ele e a Dilma começaram e enterrar definitivamente o País.
RENATO PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá.
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3 Comentário(s).
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| Gessé Lopes 21.01.18 20h18 | ||||
| Excelente matéria Renato. Eu acredito que qualquer reforma da previdência é no mínimo imoral se antes não acabarmos com as aberrações com dinheiro público no Brasil. O Custo do Congresso, o custo do STF, por minuto gasta-se mais do que 36 milhões, o exército de cargos de confiança, que nada mais são do que cabo eleitorais, a enxurrada de auxílios (moradia, paletó, livros, dentista, saúde etc...), diárias astronômicas, passagens áreas e outras bizarrices que daria pra ficar aqui o dia todo enumerando. E isto nem quer mexer infelizmente. A reforma administrativa é uma necessidade mais urgente. Mas agora repassar o prejuízo da corrupção, má gestão, uso populista das verbas da seguridade para o coitado que já contribui 27, 30, 35 anos e uma vergonha. Não dá pra aceitar | ||||
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| Rosa Deola 21.01.18 09h50 | ||||
| Concordo. Se é necessário fazer reforma da previdência a mesma tem de ser bem elaborada não prejudicando um setor e deixando vários setores fora da reforma, tem que ser bem elabora , para que o povo não se sinta agredido. | ||||
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| José Gonçalves 21.01.18 09h12 | ||||
| Renato...vc não conhece outro assunto pois suas colunas são só para descer a lenha no PT, isso chama-se Paranoia PTfobia....muda o disco. | ||||
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