Com o fim de 2024, terminam também os oito anos de gestão Emanuel Pinheiro (MDB), marcada por escândalos de corrupção, operações policiais e má gestão na saúde, em obras e no caixa, dentre outras áreas.

Segundo o historiador e analista político Alfredo da Mota Menezes, a gestão teve três grandes gargalos principais: a Saúde pública, a comunicação e o desentendimento com o Governo do Estado, sem pensar na população cuiabana.
De acordo com Menezes, a situação da Saúde diante das mais de 20 operações que a Secretaria Municipal foi alvo afetou bastante a imagem da gestão.
“A Saúde acabou complicando um pouco a imagem da administração de Emanuel, porque chamou a atenção [as irregularidades], teve problemas e, mesmo trocando secretários, a coisa complicou”, afirmou.
“O calcanhar de Aquiles da administração Emanuel foi o setor de saúde”, completou.
Outro ponto apontado foi a comunicação. Para ele, a gestão não sabia como se comunicar com os cuiabanos.

“A comunicação da administração não foi muito efetiva, não conseguia mostrar para a sociedade o que foi feito, só havia um Emanuel sozinho querendo falar isso e aquilo. Tinha que ter um time com uma comunicação efetiva, profissional”.
O último grande gargalo citado pelo analista foi o desentendimento de Emanuel com o governador Mauro Mendes. Para Alfredo, procurar briga com o governador foi um grande “equívoco” do prefeito.
“Foi um equivoco porque se ele sabia que a Prefeitura tinha um déficit acima de um bilhão, como mostrou o Tribunal de Contas do Estado, sabia que os cofres municipais não tinham dinheiro suficiente para fazer o que queria. Por que brigar politicamente com o governador?”, questionou.
“Deveria ter uma aproximação, o prefeito da capital com o governo do estado. O Mauro Mendes estava indo bem e tinha recursos que poderia ajudar, realizar obras com o prefeito e tudo mais”, completou.
Saldo das eleições
Reprodução/RepórterMT
Emanuel e Domingos Kennedy, que foi seu candidato para o Alencastro em 2024
Menezes acredita que a gestão mal-avaliada de Emanuel não interferiu tanto no jogo eleitoral. Como seu candidato, o prefeito lançou o empresário Domingos Kennedy (MDB) para disputar.
“O Kennedy não associou muito a campanha dele com o Emmanuel. Lembra? Ele fez uma campanha por um outro viés, apesar do MDB, etc. e tal, aquela coisa toda. Mas ele não passou a imagem de que ele era candidato do Emanuel”.
Durante sua campanha, tentando fugir da rejeição da qual seu padrinho político possuía, Kennedy evitou associar sua imagem com a de Emanuel. Entretanto, era clara a ligação de ambos.
Apesar de tentar descolar de Emanuel, Domingos Kennedy (MDB) sofreu com a rejeição tendo somente 4,3% dos votos e Emanuel viu seu maior opositor, Abilio Brunini (PL), ser o vencedor do pleito com um discurso de muitas críticas à sua gestão.
Para Menezes o cenário em Cuiabá refletiu o cenário nacional, de polarização. Na Capital foram para o segundo turno os candidatos do PT e PL, partidos que polarizaram no cenário nacional na última eleição presidencial.

“Eu acredito que a eleição na capital ficou polarizada naquilo que está polarizado nacionalmente, esquerda e direita. A administração municipal, claro, não deixa de ter influência, mas não pesou tanto”.
Em uma das últimas pesquisas feitas pela AtlasIntel, divulgada em outubro de 2024, mostrou que 80% dos eleitores cuiabanos desaprovavam a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro.
Sobre o futuro político de Emanuel, Menezes vê um cenário inviabilizado. Com poucas chances em majoritárias, as conversas de bastidores apontam que ele tentará uma vaga na Assembleia Legislativa, o que o analista não acredita.
“'Qual vai ser o destino de Emanuel?’ Essa é a pergunta. O Senado é difícil, para Governo é difícil, federal não pode tirar o filho e pra estadual não acredito que ele vá voltar para um cargo que ele já foi”, analisa.
Apesar das especulações sobre 2026, Emanuel ainda corre o risco de ficar inelegível caso não tenha suas contas de 2024 aprovadas na Câmara Municipal de Cuiabá no próximo ano. Caso isso ocorra, ele ficará inelegível por 8 anos.
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