A denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra 17 pessoas acusadas de integrar supostos esquemas de corrupção, investigados pela Operação Sodoma, contou com a “colaboração premiada” dos ex-secretários de Estado de Administração, Pedro Elias e César Zílio.
Na denúncia, a promotora Ana Cristina Bardusco revelou que o ex-secretário César Zílio admitiu ter participado efetivamente de uma organização criminosa que atuou durante toda a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), apontado como líder do suposto esquema.
Zílio detalhou ao MPE a forma como o grupo praticava os supostos crimes, e ainda relatou quais as atribuições de cada um dos membros da organização que, segundo ele, tinha uma “rígida hierarquização”.
Conforme o ex-secretário, a cúpula do grupo era integrada pelo ex-governador Silval e pelos ex-secretários Pedro Nadaf (Indústria e Comércio e Casa Civil) e Marcel de Cursi (Fazenda). Todos eles estão presos no Centro de Custódia da Capital, desde setembro do ano passado.
Conforme Zílio, Marcel de Cursi era “o agente encarregado de dar os ajustes legais para as ações que fugiam da normalidade, executadas pela organização criminosa, na busca de vantagem indevida”.
Marcus Mesquita/MidiaNews
"Silval tinha o cuidado de posicionar pessoas de sua confiança em locais estratégicos na administração pública", diz denúncia do MPE
Ainda de acordo com Zílio, o ex-secretário Cursi, sempre que possível, era acionado para buscar solução para arrumar dinheiro no interesse do grupo criminoso.
Para isso, ele se utilizaria da elaboração de decretos e leis, por exemplo, sempre com a finalidade de “camuflar” os atos ilícitos realizados pela organização, dando-lhe aspecto de legalidade.
“Em posição diferenciada, mas na execução de tarefas e no planejamento de algumas ações, aponta os cúmplices: Sílvio Correa, Pedro Elias, Francisco Lima e José Nunes Cordeiro”, diz a denúncia do MPE.
Conforme o depoimento do ex-secretário Pedro Elias – que também confessou participação na organização criminosa –, Silval tinha o cuidado de posicionar pessoas de sua confiança em locais estratégicos na administração pública, para garantir o pleno atendimento aos interesses do grupo.
“Fiscais de propina”
Na denúncia, a promotora Ana Cristina Bardusco identificou Pedro Elias e o ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Correa, como “os fiscais de propina” do grupo criminoso.
Cabia a eles “a tarefa de acompanhar à distância os pagamentos de vantagem indevida, realizados diretamente a outros membros da organização”, diz a promotora.
Marcus Mesquita/MidiaNews
Rodrigo Barbosa, filho de Silval, é apontado como “arrecadador” e “ocultador” da origem ilícita da propina
“Arrecadação e ocultação”
Consta ainda da denúncia do MPE que as atividades de “arrecadador” e “ocultador” da origem ilícita da propina ficavam a cargo de Sílvio Correa e do filho de Silval, o empresário Rodrigo Barbosa, preso na última fase da Operação Sodoma, deflagrada na segunda-feira (25).
Ambos eram “membros de inteira confiança do líder (Slval)”, diz o documento.
Ao MPE, o ex-secretário Pedro Elias afirmou que Silvio e Rodrigo ocupavam o mesmo grau hierárquico na organização, mantendo contato direto com Silval.
“Em nome do líder, eles repassavam aos demais membros ordens dos ilícitos a serem executados, as quais eram fielmente cumpridas”, afirma o MPE.
Ameaças
Ainda ao MPE, o ex-secretário César Zílio afirmou que existia um "pacto de silêncio" entre os membros da organização.
Para isso, constantemente, o ex-governador Silval e demais denunciados – casos de Pedro Nadaf, Francisco Lima, José Cordeiro e Sílvio Corrêa – faziam ameaças e disparavam frases como: “homem de boca mole vira comida de formiga” e “Quem tem c..., tem medo”.
Segundo Zílio, as ameaças tinham “visivelmente, o propósito de transmitir a mensagem de que eventuais delações receberiam brutal represália. Aspecto que até hoje lhe causa muito receio e temor”.
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