O placar pode até levar a imaginar que o confronto entre Atlético-PR e Fluminense, neste domingo, na Arena da Baixada, pela 31ª rodada do Brasileirão, foi daqueles de tirar o fôlego e mostrar porque as duas equipes ocupam a parte de cima da tabela. Mas não foi bem assim. Com muita catimba e erros de passe, o duelo foi pautado no meio-campo, e o 2 a 2 se deu mais pela disposição na reta final do que pela inspiração dos jogadores. Um deles, no entanto, teve uma tarde para esquecer: Washington.
Além de chegar a nove jogos sem fazer gols pelo Tricolor - o maior jejum de sua carreira -, o Coração Valente relembrou os velhos tempos e fez a alegria da torcida do Furacão, com um gol contra. Wagner Diniz, Marquinho e Conca completaram o placar. Os episódios negativos para Washington, no entanto, não param por aí. No gol do argentino, ele pegou a bola para cobrar pênalti, mas foi impedido.
Com o resultado, o Fluminense voltou ao primeiro lugar da competição, com 54 pontos, e torce contra o Cruzeiro no clássico com o Atlético-MG, às 18h30m (de Brasília), para se manter nesta colocação. O próximo compromisso está marcado para a próxima quinta, às 21h, no Engenhão, contra o Grêmio de Renato Gaúcho.
Já o Atlético-PR não tem muito o que comemorar. Os dois pontos perdidos em casa tiraram a equipe da zona de classificação para a Libertadores. Com 47, agora o Furacão é sétimo e encara o São Paulo, também quinta às 21h, na Arena Barueri.
Clubes homenageiam Pelé, mas esquecem o futebol
A partida tinha peso decisivo para atleticanos e tricolores no Brasileirão, mas antes de a bola rolar a competição ficou em segundo plano e ambos entraram em campo preocupados em reverenciar o rei. Como forma de homenagear Pelé, que completou 70 anos no sábado, o Furacão exibiu uma faixa com os parabéns pela data, enquanto o Fluminense fez com que dois de suas principais estrelas usassem a camisa 10 com o nome do craque: Muricy Ramalho e o argentino Conca, que deixou a idolatria a Maradona de lado.
Após o apito inicial de Wilson Luiz Seneme, no entanto, o futebol apresentado foi digno de envergonhar o maior jogador de todos os tempos. Burocráticos, Fluminense e Atlético-PR fizeram uma partida marcada por jogadas no meio-campo e muitas faltas. Conca e Paulo Baier não estiveram em seus melhores dias e os goleiros Ricardo Berna e Neto se transformaram em meros espectadores.
Mesmo fora de casa, o Tricolor suportou bem a pressão do "caldeirão" da Baixada e foi quem mais permaneceu no campo ofensivo. Faltava, porém, qualidade para Washington e Rodriguinho, que sequer conseguiam finalizar na direção do gol. Apoiado pelo torcedor, o Furacão se mandou de forma objetiva para o ataque somente nos 20 minutos finais, apostando na velocidade de Guerrón e Branquinho. Nada muito eficiente e que resultou em apenas uma boa oportunidade desperdiçada pelo equatoriano.
Bolas paradas ‘acordam' Neto e Berna
Apesar de o espetáculo em campo não ser dos mais empolgantes, a torcida do Atlético-PR não perdia o pique e gritava incessantemente o nome do clube. Contagiados, os jogadores resolveram se mandar para o ataque a partir do 40 fizeram, enfim, com que os goleiros trabalhassem. Paulinho para os paranaenses e Washington para os cariocas cobraram faltas com precisão para voos certeiros de Ricardo Berna e Neto.
Washington ‘encerra' jejum
Na volta para o segundo tempo, o panorama mudou pouco: as duas equipes continuavam errando bastante no meio-campo e atuavam com uma displicência que não condizia com a importância da partida. Na arquibancada, o torcedor também permanecia inquieto e apoiando o Atlético-PR.
Sonolento, o Fluminense passou a dar espaços na defesa, principalmente pelo lado direito. Foi por ali que Paulinho levou perigo em jogadas de linha de fundo e Branquinho conquistou o escanteio que tirou o primeiro zero do placar, aos 15. Após cobrança fechada de Paulo Baier, Marquinho afastou o perigo, mas a bola voltou para os pés do meia, que voltou a levantar na área. A bola voou e encontrou a cabeça de Washington, maior artilheiro da história do Brasileirão com 34 gols, em 2004, com a camisa do Furacão, que mandou contra o patrimônio: 1 a 0 no placar e gritos irônicos dos torcedores paranaenses para o ex-artilheiro.
E a fase do Coração Valente realmente não é das melhores. Como se não bastasse o gol contra, ele completou nove jogos sem balançar a rede a favor do Flu, maior jejum de sua carreira.
A vantagem fez com que o torcedor atlético ficasse ainda mais inquieto e o grito de "uh, caldeirão" tomou conta da Arena. Para piorar, o Fluminense aumentou sua lista de lesionados e perdeu Diogo, com uma torção no joelho. Mas foi exatamente com tudo contra que os cariocas mostraram força e conseguiram o empata, aos 24, quando Diguinho tentou passe para Rodriguinho e a bola sobrou limpa para Marquinho. Com a pena direita (que não é a boa), o apoiador acertou um chutaço no canto esquerdo de Neto.
A igualdade fez com que a partida voltasse ao ritmo morno do início, com toques para o lado e pouca objetividade. Até que, aos 38, Wagner Diniz avançou pela direita e cruzou rasteiro para Nieto. O argentino se enrolou todo, mas a bola voltou para os pés do lateral, que estufou as redes de Ricardo Berna: 2 a 1 e mais gritos enlouquecidos na Arena.
Sete minutos para o fim, vantagem no placar, torcida apoiando. Tudo estava a favor do Atlético-PR. O Flu, por sua vez, não desistiu e foi buscar a igualdade mais uma vez quatro minutos depois. Em jogada rápida, Tartá, dispensado pelo Furacão no início do Brasileirão, aproveitou descuido da defesa, invadiu a área e recebeu uma trombada do paraguaio Ivan Gonzalez. Pênalti assinalado corretamente, mas que revoltou o torcedor, que trocou o "uh, caldeirão" por "vergonha".
Enquanto isso, uma dúvida no Flu: quem cobraria o pênalti? Washington abraçou a bola, mas foi impedido por Conca, que chamou a responsabilidade e decretou o empate. Agora, sim, não havia tempo para mais nada e a partida que alterou momentos de monotonia com empolgação terminou 2 a 2.
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