O Ministério Público Estadual (MPE), por meio do promotor de Justiça Rogério Bravin, pediu a interdição da boate Rio Sampa Show, localizada na Avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá.
O pedido se baseou em duas mortes ocorridas com jovens que teriam deixado o estabelecimento em eventos diferentes, somente neste último mês.
O primeiro assassinato aconteceu no dia 13 passado. Um jovem de 18 anos foi baleado na cabeça e não resistiu aos ferimentos. Já no dia 24, o evento se repetiu vitimando um jovem de 19 anos.
Para a advogada Selma Paes, o promotor não teria embasamento para pedir a interdição do local. Segundo ela, os crimes não ocorreram dentro da boate. E há registro de confusões recentes em outros estabelecimentos da Capital, que não "provocaram a mesma reação do MPE".
" No nosso entendimento, o promotor foi tomado somente a um preconceito com relação ao funk e classe social que frequenta o Rio Sampa"
“O promotor não tinha embasamento nenhum para pedir essa interdição. Ele simplesmente pede por conta de ser uma boate que toca funk. Ele, inclusive, pediu a interdição de uma outra boate, que também costuma tocar as mesmas músicas”, disse.
O proprietário da boate, Renan Araújo, disse que a casa continuará funcionando normalmente neste feriado e que sempre investiu em todo o aparato de segurança para que nenhum menor entre e que não ocorra nenhuma confusão.
“Toda semana recebemos a fiscalização do Juizado de Menores e nunca tivemos problema algum, além de cumprirmos todas as normas da lei e termos todos os alvarás necessários para funcionamento. No nosso entendimento, o promotor foi tomado somente a um preconceito com relação ao funk e a classe social que frequenta o Rio Sampa”, afirmou.
Sobre os assassinatos ocorridos nos arredores do estabelecimento, Araújo afirma que se trata de uma responsabilidade do Estado, por se tratar da segurança das pessoas fora da casa noturna.
A mesma posição é compartilhada pelo membro da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Eduardo Polisel.
“Fora do estabelecimento a responsabilidade é totalmente do Estado. As pessoas envolvidas neste caso estavam na rua, e o mais grave, em uma das avenidas mais movimentadas da nossa cidade”, disse.
"Fora do estabelecimento a responsabilidade é totalmente do Estado. As pessoas envolvidas neste caso estavam na rua, e o mais grave, em uma das avenidas mais movimentadas da nossa cidade"
PreconceitoO pedido de interdição da boate pelo promotor fomentou a discussão em relação ao preconceito ao gênero do funk, uma vez que se trata de uma boate que toca exclusivamente um ritmo de música originalmente da periferia, em uma das avenidas mais luxuosas de Cuiabá.
Um dos principais nomes do funk em Cuiabá, MC Dentinho lamentou o pedido de promotor, ao qual ele citou ter sido tomado em base de um preconceito ao ritmo tocado no estabelecimento.
“Foi exagerado esse pedido de interdição. O promotor tem que entender que a confusão que existiu foi fora da boate e também poderia ter ocorrido em qualquer outro lugar, mas como foi próximo a um estabelecimento que toca apenas funk, a repercussão foi muito maior”, afirmou.
Segundo Dentinho, nacionalmente o ritmo já conquistou o espaço, estando inclusive hoje nas trilhas sonoras dos principais programas do país.
“O ritmo do funk hoje é global, todas as emissoras de televisão tocam, vemos vários artistas com trilhas sonoras dentro das novelas. Então, sinceramente, vi esse pedido como preconceito e não precisava disso tudo. Inclusive em Cuiabá, nas principais casas noturnas, o funk em determinado momento é tocado, até mesmo nas baladas sertanejas", disse.
Comentários (6)
ISTO NAO E' PRECONCEITO, PARA SE VIVER EM COMUNIDADE TEM QUE TER NORMAS,REGRAS. QUANDO ACONTECER ESTAS FESTAS, VAMOS CONCLAMAR A POLICIA MILITAR PARA FECHAR ESTA AVENIDA GETULIO VARGAS E FAZER UM CERCO NESTE LOCAL,REVISTAR ESTES CARROS.O AMBIENTE NESTE LOCAL E' MUITO PESADO.
enviada por: Roberto Data: 30/04/2015 18:06:21
COMO ADVOGADO CONCORDO COM O DR POLISEL, QUE A SEGURANÇA DO LADO DE FORA DE QUALQUER ESTABELECIMENTO SEJA ELE COMERCIAL OU RESIDENCIAL É DE RESPONSABILIDADE DO ESTADO, MAS INFELIZMENTE ISSO NÃO ESTA ACONTECENDO POIS ATE NAS RESIDENCIAS BANDIDOS ESTÃO ENTRANDO E MATANDO TODOS OS DIAS, IMAGINA NO MEIO DA RUA E AINDA DE MADRUGADA. POIS A COISA MAIS DIFÍCIL E VER POLICIAIS DE MADRUGADA NA CIDADE. ISSO ESTA ERRADO. VAMOS VER ISSO AI MAURO ZAQUE. SAUDADES DO TRAVASSOS E SUA EQUIPE.
enviada por: CARLOS Data: 30/04/2015 17:05:44
Os pais que conduzem os seus filhos para uma igreja jamais irão visita-los em uma penitenciaria. Reflitam e que Deus abençoe a todos.
enviada por: gumercindo do dom aquino Data: 02/05/2015 10:10:31
aqui em cuiaba não tem segurança em lugar nenhum,uma vergonha caixa eletronicos não existe em mercados,rodoviaria,as casas tantos nos bairros de periferias,como de classe media,estão a merce de bandidos,somos roubados em pontos de onibus,nas ruas,isso é sabido pela sociedade cuiabana,rio sampa não tem nada ver com essa violencia.se a policia tivesse presente nas ruas isso não aconteceria.
enviada por: alex sander gois Data: 02/05/2015 05:05:46
Nesse caso específico acredito que o funk é que tem forte preconceito com a vida!
enviada por: alex campos martins Data: 01/05/2015 08:08:16
O problema do funk não é a "música" e sim a letra. A maioria das letras são um desserviço à educação. Estimulam a promiscuidade, a violência contra a mulher e outras coisas nocivas à dignidade humana. Parecem inofensivas, tais letras, mas não são. Agem sobre o consciente e inconsciente das pessoas prejudicando especialmente as que vivem em contexto de violência.
enviada por: marta Data: 01/05/2015 07:07:15