09.02.2025 | 08h:00

PARADA SEM MENOR


Ativistas: projeto de lei é inconstitucional e vereador "quer palco"

Rafael Ranalli (PL) apresentou proposta vetando pessoas com menos de 18 anos no evento

Mães pela diversidade

O presidente da Parada LGBTQIA+, Clóvis Arantes

O grupo Mães pela Diversidade de Mato Grosso e a organização da Parada LGBTQIA+ criticaram o projeto de lei do vereador Rafael Ranalli (PL), que visa proibir a participação de menores de 18 anos no evento. 

Esse vereador que acabou de entrar e não apoia nenhum LGBTQIA+, pelo contrário, fecha as portas

 

Anessa Pinheiro, presidente do grupo que reúne mães de pessoas LGBTQIA+, diz que a parada é um ato político, e não de badernagem que instiga a parte sexual. 

  

Para Anessa, o projeto de lei é uma iniciativa diretamente contra a comunidade LGBTQIA+.

  

“Esse vereador que acabou de entrar e não apoia nenhum LGBTQIA+, pelo contrário, fecha as portas”, afirmou Anessa. 

  

Clóvis Arantes, presidente da Parada LGBTQIA+, é outro crítico da proposta. Ele explica que o evento é também pedagógico para os menores. 

 

“A partir do momento que as crianças participam da parada, elas, pedagogicamente, compreendem o valor do respeito e da cidadania. Elas entendem que a cidade é e deve ser de todo mundo, que a gente não tem que ter medo de andar na cidade”, afirma. 

 

Ele também aponta a inconstitucionalidade do projeto, pois a Parada acontece em local público e durante o dia. A edição deste ano deve ser realizada no dia 13 de junho. 

 

“Não tem base legai porque é um evento durante o dia, de massa, aberto ao público e não se cobra entrada. Como você vai proibir uma pessoa de ir e vir? Isso não é papel da Parada, nós não somos fiscalizadores. Quem teria que fazer essa verificação seria o Conselho Tutelar, o que seria muito complicado”. 

 

Para Arantes, Ranalli “quer palco”. Ele avalia que, ao invés de se voltar contra a população LGBTQIA+, os políticos precisam concentrar forças para resolver problemas reais. 

 

“O vereador poderia fazer um projeto para proibir que as crianças sofram bullying e discriminação na escola, e sejam impedidas de exercer a sua cidadania. Nós temos muitos jovens que abandonam a escola porque sofrem violência. Quando começam a ser chamados de “gayzinho”, “menininha”, esses jovens abandonam a escola”, diz o presidente. 

 

“A gente tem mil problemas na cidade para serem resolvidos. Cuiabá é a quinta capital mais perigosa para a população LGBTQIA+ viver”. 

 

Anessa também comenta sobre a violência sofrida pela comunidade. 

 

“Nós, mães, estamos bastante preocupadas com tantas mortes LGBTQIA+, que é muito mais importante do que essa pauta que ele quer levantar”, critica. 

 

Arantes também destaca que a própria Polícia Militar já lhe afirmou que a Parada LGBTQIA+ é o único movimento de massa de Cuiabá em que os policiais não precisam apartar brigas. 

 

“A nossa Parada tem 22 anos e nunca tivemos problema. É tudo muito tranquilo. Então é importante para a gente saber que tem os grupos que fazem parte da Segurança Pública que dizem: ‘A parada é tranquila, é uma festa da diversidade, é uma festa da democracia’”. 

 

O Mães pela Diversidade ainda salienta que a decisão de os filhos participarem ou não deve ser dos responsáveis. 

 

“Se os governantes pararem de se preocupar com a opção sexual, com o gênero das pessoas, seria mais fácil, muito mais bonito. Tanto a sociedade como a política. Tem tantas coisas mais importantes [para se preocupar]... Nós vivemos num Estado que tem problema com saúde, emprego, educação…”, critica. 

 

“É preciso parar de militância, parar de briga, parar de achar que o que não é igual a ele é esquisito”.

 

 


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