O comerciante José Dimas, dono da Pizzaria Rola Papo, palco do assassinato por espancamento do estudante africano Toni Bernardo da Silva, 28, disse, em entrevista ao MidiaNews, que os agressores do rapaz eram "muito fortes" e que ele se sentiu impotente, diante da violência registrada em seu estabelecimento, na madrugada do último dia 23 de setembro.
Dois policiais militares e um consultor de telefonia celular são acusados de terem espancado o ex-estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) até a morte. A pizzaria está localizada no bairro Boa Esperança, em Cuiabá.
Dimas disse que, por mais que pretendesse, não conseguiria conter a briga. "Imagina a minha situação, diante dequatro jovens fortes, em plena forma física e brigando violentamente. Eu não consegui conter a violência, mas pedi para que parassem", revelou.
O comerciante disse ainda que não viu a briga desde o início, mas que, assim que percebeu a confusão, pediu para que uma funcionária ligasse para a Polícia Militar. "Além disso, vários clientes que estavam na pizzaria também ligaram para a Polícia. As pessoas ficaram assustadas, foi horrível. A briga foi muito feia", revelou.
José Dimas contou que a Pizzaria Rola Papo funciona há 20 anos, no bairro Boa Esperança, e que só tinha que lamentar o quadro de violência. "Foi uma tragédia, não queríamos que isso ocorresse. Foi difícil trabalhar no outro dia e todos os dias seguintes tem sido difícil", afirmou.
Ameaça na pizzaria
Um dia depois da morte de Toni, amigos e compatriotas do estudante realizaram uma manifestação na frente da pizzaria, que funcionava normalmente.
Os estudantes pediam para que os clientes e funcionários respeitassem o luto e o fato de que uma pessoa tinha sido morta há menos de 24 horas, no local.
Velas foram acesas e os alunos fizeram orações. Pouco tempo depois, os clientes pagaram as contas e saíram da pizzaria, que fechou em seguida. Dimas afirmou que, durante a manifestação, ele e seus funcionários foram ameaçados de morte.
"Falavam que ia ter mais morte no local, que era uma falta de respeito para com o Toni e para com todos. Não sou contra manifestações, mas, violência e ameaças, não vou admitir. Temos que continuar a vida e manter o comércio. Tenho família, funcionários...", disse.
O caso
Toni Bernardo da Silva foi morto a pancadas, no fim da madrugada de uma sexta-feira (23), no interior da pizzaria.
O estudante era natural de Guiné-Bissau, país na costa ocidental da África, e fazia intercâmbio no Brasil. Cursava Economia na UFMT.
Logo após o crime, a Polícia Militar prendeu o consultor de telefonia celular Sérgio Marcelo da Silva, 27, e os policiais militares Higor Marcell Mendes Montenegro e Wesley Fagundes Pereira, ambos de 24 anos.
Os três foram acusados de espancar o universitário até a morte.
Sérgio tentou fugir do local, mas foi localizado pela PM. Ele alegou que iria se dirigir até o Pronto-Socorro Municipal, para "buscar atendimento".
Segundo informações da PM, a briga começou quando o estudante se aproximou da esposa de Sérgio, identificada como Cláudia Rocha, e teria pedido R$ 10.
A mulher teria negado e o estudante a teria puxado pelo braço, exigindo o dinheiro.
Nesse momento, o consultor teria começado a agredir o jovem, e os policiais Higor e Wesley entraram na briga. Eles não estavam em horáro de serviço. Higor está na PM há três anos e passou no último concurso para o Curso de Formação de Oficiais (CFO).
Os três foram inidiciados pela Polícia Civil, na semana passada, por assassinato.
Comentários (6)
Que os envolvidos sejam severamente PUNIDOS! Pelo que eu sei, não estamos mais nos tempos das execuções da idade média.. ou será que Cuiabá ainda está?
enviada por: Doutor Veríssimo Data: 05/10/2011 18:06:50
BOM AS PESSOAS NÃO FORAM AO ESTABELECIMENTO PARA MATAR E SIM PARA COMER UMA PIZZA ...OK??? .SÓ QUE O ESTUDANTE ESTAVA EM ESTADO ALTERADO ENTÃO OS POLICIAS QUE O MATARAM SEM JULGAMENTO... O FIZERAM.DEVERIAM APENAS IMOBILIZAR O CIDADÃO MAS JUNTO COM EMPRESARIO MATARAM ... SINTO MUITO AO DONO DA PIZZARIA MAS UMA PALAVRA DE ORDEM PODERIA TER EVITADO A TRAJÉDIA ...MATUPÁ / SINOP / CUIABA NA LISTA MUNDIAL DE LINCHAMENTOS PUBLICOS É UMA PENA TAMANHO DESPREPARO DESSES POLICIAS.
enviada por: marcelo Data: 05/10/2011 17:05:26
É um absurdo esse empresário faltar com a verdade sobre a manifestação do dia 23/09/2011 (sexta-feira), estava presente na manifestação do inicio ao final e em nenhum momento ele se direcionou aos manifestantes para conversar ou tomar um posição. O restaurante ficou aberto normalmente até ás 22:00 Hrs quando seus últimos clientes sairam e então ele saiu sendo muito vaiado e a manifestação acabou. Se realmente não pode reagir a situação que ao menos seja verdadeiro em suas declarações.
enviada por: Patricia Data: 05/10/2011 15:03:24
Tantas pessoas de bem são executadas, as vezes com requinte de crueldade, ou morrem vitimas de acidente de trabalho e a imprensa não da o enfoque deste caso. Esse "ESTUDANTE" de origem humilde no seu país, teve a oportunidade de se formar no BRASIL ganhando uma bolsa e não aproveitou, se envolveu com o sub-mundo das drogas. As imagens do sistema de segurança do comércio mostram claramente que o sujeito estava alterado talvez sob efeito da droga. Não conheço nem um dos envolvidos na situação mas estavam no "NO LUGAR ERRADO E NA HORA ERRADA" O que aconteceu com eles poderia ter acontecido com qualquer um de nós, são pessoas que estavam ali para comer uma pizza e não para matar alguem, foi uma fatalidade. Faria o mesmo para me defender e a minha mulher.
enviada por: Carlos Data: 05/10/2011 10:10:06
A violência dos policiais reflete o tratamento recebido dentro dos quartéis, o qual é denominado "DISCIPLINA". Os CURSOS DE FORMAÇÃO também incentivam a violência, ou seja, a "metodologia" aplicada leva o futuro policial a agir sempre de forma truculenta. A abordagem de forma inteligente e respeitosa deveria prevalecer na maioria das ocorrências. Veja, por exemplo, as TORTURAS ocorridas no Curso de Tripulantes Operacionais oferecido pelo governo de Mato grosso em 2010. No citado Curso, o aluno Abinoão Soares veio a óbito em decorrência das torturas praticas pelos integrantes do BOPE. Cabe ressaltar que, até a presente data, ninguém foi punido pelo massacre. Inclusive, a Corregedoria entendeu que houve homicídio de natureza culposa. Isto e uma vergonha! Vamos aguardar a decisão do TJMT
enviada por: José Freitas Data: 05/10/2011 08:08:52
Concordo com este cidadão, além dele ter familia, seus funcionários também as tem, é inadimissivel eles sofrerem ameaças, pois a unica coisa que fizeram foi trabalhar! agora a falta de segurança já é culpa do Estado, se for o caso a policia também terá que dar segurança a ele e seus funcionários, afinal ele também paga impostos.
enviada por: Edson Silva Data: 05/10/2011 00:12:57