04.10.2011 | 20h:52

EXECUÇÃO NA PIZZARIA


Comerciante diz que ficou sem ação diante da violência

Dono da "Rola Papo" conta como foi espancamento de estudante africano por empresário e militares

O comerciante José Dimas, dono da Pizzaria Rola Papo, palco do assassinato por espancamento do estudante africano Toni Bernardo da Silva, 28, disse, em entrevista ao MidiaNews, que os agressores do rapaz eram "muito fortes" e que ele se sentiu impotente, diante da violência registrada em seu estabelecimento, na madrugada do último dia 23 de setembro.

Dois policiais militares e um consultor de telefonia celular são acusados de terem espancado o ex-estudante da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) até a morte. A pizzaria está localizada no bairro Boa Esperança, em Cuiabá.

Dimas disse que, por mais que pretendesse, não conseguiria conter a briga. "Imagina a minha situação, diante dequatro jovens fortes, em plena forma física e brigando violentamente. Eu não consegui conter a violência, mas pedi para que parassem", revelou.

O comerciante disse ainda que não viu a briga desde o início, mas que, assim que percebeu a confusão, pediu para que uma funcionária ligasse para a Polícia Militar. "Além disso, vários clientes que estavam na pizzaria também ligaram para a Polícia. As pessoas ficaram assustadas, foi horrível. A briga foi muito feia", revelou.

José Dimas contou que a Pizzaria Rola Papo funciona há 20 anos, no bairro Boa Esperança, e que só tinha que lamentar o quadro de violência. "Foi uma tragédia, não queríamos que isso ocorresse. Foi difícil trabalhar no outro dia e todos os dias seguintes tem sido difícil", afirmou.

Ameaça na pizzaria

Um dia depois da morte de Toni, amigos e compatriotas do estudante realizaram uma manifestação na frente da pizzaria, que funcionava normalmente.

Os estudantes pediam para que os clientes e funcionários respeitassem o luto e o fato de que uma pessoa tinha sido morta há menos de 24 horas, no local.

Velas foram acesas e os alunos fizeram orações. Pouco tempo depois, os clientes pagaram as contas e saíram da pizzaria, que fechou em seguida. Dimas afirmou que, durante a manifestação, ele e seus funcionários foram ameaçados de morte.

"Falavam que ia ter mais morte no local, que era uma falta de respeito para com o Toni e para com todos. Não sou contra manifestações, mas, violência e ameaças, não vou admitir. Temos que continuar a vida e manter o comércio. Tenho família, funcionários...", disse.

O caso 

Toni Bernardo da Silva foi morto a pancadas, no fim da madrugada de uma sexta-feira (23), no interior da pizzaria.

O estudante era natural de Guiné-Bissau, país na costa ocidental da África, e fazia intercâmbio no Brasil. Cursava Economia na UFMT.

Logo após o crime, a Polícia Militar prendeu o consultor de telefonia celular Sérgio Marcelo da Silva, 27, e os policiais militares Higor Marcell Mendes Montenegro e Wesley Fagundes Pereira, ambos de 24 anos.

Os três foram acusados de espancar o universitário até a morte.

Sérgio tentou fugir do local, mas foi localizado pela PM. Ele alegou que iria se dirigir até o Pronto-Socorro Municipal, para "buscar atendimento".

Segundo informações da PM, a briga começou quando o estudante se aproximou da esposa de Sérgio, identificada como Cláudia Rocha, e teria pedido R$ 10.

A mulher teria negado e o estudante a teria puxado pelo braço, exigindo o dinheiro.

Nesse momento, o consultor teria começado a agredir o jovem, e os policiais Higor e Wesley entraram na briga. Eles não estavam em horáro de serviço. Higor está na PM há três anos e passou no último concurso para o Curso de Formação de Oficiais (CFO).

Os três foram inidiciados pela Polícia Civil, na semana passada, por assassinato.


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