10.10.2009 | 19h:00

TRAGÉDIA EM RONDONÓPOLIS


Marceneiro alega desprezo para exterminar família

Preso em motel, Paulo Henrique alegou arrependimento. Ele matou mulher, sogro e sogra

Fim da caçada. Na sexta-feira (9), por volta das 10h, policiais da Divisão de Crimes Contra a Pessoa (DCCP), da Polícia Civil, localizaram e prenderam o marceneiro Paulo Henrique Cardoso, 36, acusado de matar a tiros três pessoas e ferir uma quarta, no começo da tarde do dia 20 de setembro (um domingo), no Restaurante Verde Vale, no Centro de Rondonópolis (221 km ao Sul de Cuiabá).

A ocorrência causou comoção na cidade, por se tratar de um crime envolvendo uma relação afetiva entre o acusado e uma das vítimas, Crisa Renata de Carvalho Brasil, 23. Foram mortos ainda Marilúcia Carvalho Brasil, mãe de Crisa, e o biólogo da Secretaria Municipal de Saúde, Lucas Valeriano da Silva, 46, marido de Marilúcia. Além disso, Cryslaine Maggi, 21, foi atingida nas costas por um disparo que resvalou numa das mãos de Crisa, quando Paulo efetuou os disparos em sua direção.

Inteligência

O Serviço de Inteligência da Polícia Judiciária Civil fez todos os levantamentos necessários que nortearam as investigações, até a localização do acusado, por volta das 10h, no Motel Ellos, localizado na BR-364, onde, segundo disse, estava hospedado há três dias.

Ao ser interrogado pela polícia, Paulo Henrique afirmou que estava arrependido e que matou a namorada porque, com o fim do seu relacionamento com Crisa Renata, ela teria mudado o seu comportamento, passado a desprezá-lo. Isso teria ferido os seus sentimentos.

O crime e a fuga

Paulo Henrique disse aos jornalistas que estava desesperado por ela [Crisa] não atendê-lo [telefonemas] e ser mais clara com ele com relação ao fim do relacionamento. Ele lamentou que, depois que Crisa Renata conseguiu um trabalho numa clínica médica, ela o teria isolado de sua vida. "E eu não consegui entender isso", disse.

Questionado sobre o porquê de ter atirado nas demais pessoas, Paulo afirmou que se lembrava de ater atirado apenas em Lucas Valeriano porque ele esboçou um movimento de mão, no sentido de impedi-lo de conversar com Crisa Renata. Depois que atirou em Lucas, ele disse que não se lembrava de mais nada. Apenas que estava saindo e percebeu que uma pessoa atirou duas vezes contra ele e errou.

Em seguida, Paulo pegou a moto e foi até o seu apartamento, no Residencial Mariella, pegou um dinheiro - cerca de R$ 5 mil - e fugiu, tomando o rumo de São José do Povo (a 45 km de Rondonópolis). Ele parou na estrada (MT-270), chorou muito, arrependido do que fizera, mas disse que não sabia que havia matado as três pessoas e ferido uma quarta.

O marceneiro disse que pensou em se matar, mas uma ligação de sua mãe o teria demovido da ideia. Ele contou, então, que abandonou a moto próximo ao Distrito de Nova Galiléia, pegou uma carona e foi até a cidade de Pedra Preta (a 23 km), onde pegou um mototáxi para completar a viagem. Em seguida, pegou um ônibus intermunicipal e foi para Campo Verde. De lá, foi para Chapada dos Guimarães, onde se refugiou na fazenda de um amigo, que, segundo disse, desconhecia o que ele havia feito em Rondonópolis.

Paulo revelou que ficou todos esses dias na fazenda. No começo da semana, ele foi levado pelo amigo até Campo Verde, onde pernoitou e, na quarta-feira (7), foi para Rondonópolis e se hospedou no motel, permanecendo lá por três dias, até ser encontrado na sexta-feira pelos agentes da Polícia Civil.

Paulo Henrique negou ter sido ajudado por alguém, mas chegou a dizer que alguns amigos se ofereceram para levá-lo até para fora do país, mas ele teria recusado. Disse ainda que era sua intenção se entregar à Polícia, mas estava receoso. No momento em que foi localizado no quarto do motel, o marceneiro estava com cerca de R$ 2 mil em dinheiro.

Sobre a arma do crime - um revólver calibre 38 -, Paulo disse à Polícia que a jogou em um córrego no dia da fuga, mas não deu a localização exata.

Problemas com a sogra

O marceneiro confessou, também, ter tido algumas diferenças com a sogra Marilúcia nos últimos tempos, chegando ao ponto de discutir com ela em seu apartamento e romper a relação, deixando de se falarem depois de um episódio recente.

Admitiu que teve problemas com a ex-mulher (não identificada), antes de se relacionar com Crisa Renata. Durante um momento da entrevista, o acusado chegou a se emocionar quando perguntado o que dizer às famílias dele e da Renata. "Eu não queria matar ninguém. Eu estava transtornado por ela [Crisa Renata] me desprezar e não me atender".

Ele pediu desculpas à família da Renata pelo que fez e à sua própria família, por envolvê-la no caso. "Se eu pudesse fazer tudo diferente, eu fazia tudo diferente. Eu perdi a cabeça sim, fiz uma tragédia com alguém que eu amo, que eu amava e estou aqui para pagar", disse.

Depois da coletiva, o marceneiro foi encaminhado à Cadeia Pública de Rondonópolis, onde vai permanecer à disposição da Justiça.

Com reportagem do jornal A Tribuna


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