O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) divulgou neste sábado seu relatório final sobre a queda de avião da TAM, após tentar pouso no Aeroporto de Congonhas, em julho de 2007. Os dados foram apresentados no início desta tarde para os familiares das vitimas do acidente, que questionaram a ênfase para fatores relacionados à atuação dos pilotos.
Segundo o presidente da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ 3054 (AfavTAM), Dario Scott, a síntese apresentada nesta tarde mostra a seriedade da investigação feita pelo Cenipa, mas será necessária uma análise do documento para avaliar se todos os fatores, como os relacionados aos órgãos de controle, à empresa aérea a à fabricante da aeronave, AirBus, foram apontados. "O relatório deve apontar todos os fatores sem ter tendência para o fator A ou B", destacou.
A investigação da Polícia Federal (PF) apontou que os pilotos foram responsáveis pelo acidente por terem errado ao manusear os manetes do avião. A partir de dados das caixas-pretas do A320, os comandantes Kleiber Lima e Henrique Stefanini di Sacco manusearam os manetes de maneira diferente da recomendada, mantendo uma das duas alavancas em posição de aceleração.
Pai de Stefanini, Rafael Di Sacco chamou o resultado da investigação da PF de "canalhice". "Não tem outro nome. É queima de arquivo. É fácil. Os culpados morreram e não podem falar nada", disse.
"O relatório da PF nos deixou indignados porque não levou em conta a seriedade das investigações da Polícia Civil (de São Paulo) que apontou onze responsáveis, como a TAM, Infraero, Anac e a fabricante do AirBus", acrescentou Scott.
O Cenipa frisa que o relatório tem objetivo estritamente preventivo, não cabendo indicar culpados pelo acidente. "Esta é a grande diferença entre a nossa investigação e a investigação criminal a quem cabe levar as pessoas que tenham culpa a julgamento", disse o comandante chefe do Cenipa, brigadeiro-do-ar Jorge Kersul Filho. "Não sabemos nem vamos dizer quem são os culpados vamos dizer os fatores que contribuíram para o acidente", completou.
Ao todo 78 representantes das famílias estiveram na apresentação do relatório do Cenipa. Cerca de cinqüenta foram levados a Brasília de Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP). Os demais tiveram atendimento da TAM.
O acidente
Em 17 de julho de 2007, o Airbus da TAM, vindo de Porto Alegre, não conseguiu pousar no aeroporto de Congonhas, atravessou a avenida Washington Luís e se chocou contra um depósito de cargas da companhia área, pegando fogo. O acidente deixou 199 mortos, entre ocupantes do avião e pessoas que estavam no prédio atingido.
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