A Justiça de São José dos Campos, a 97 km de São Paulo, condenou nesta quinta-feira (19) sete pessoas pela participação no sequestro do filho do cartunista Mauricio de Sousa. O crime aconteceu entre os dias 19 de março e 6 de abril de 2008.
Mauricio de Sousa não efetuou o pagamento do resgate e o filho Marcelo foi libertado pela polícia 19 dias depois de ter sido sequestrado. A Justiça entendeu que cada um dos condenados teve participação em uma etapa do sequestro.
Por roubo e sequestro de três pessoas, a Justiça aplicou a pena de 26 anos e 17 meses de prisão para um dos condenados. Pelos mesmos crimes, outro acusado foi condenado a 30 anos e 3 meses. Outros cinco foram condenados por sequestro, com penas variando de 15 anos a 22 anos.
As vítimas foram o filho de Mauricio de Sousa, na época com 9 anos, a ex-mulher do cartunista, Marinalva Pereira, e o filho dela, com 2 anos de idade. Outros quatro réus serão julgados pela Justiça de São Sebastião.
O sequestro
Segundo o processo, julgado pela Justiça de São José dos Campos, três homens verificaram a rotina das vítimas na porta da residência, uma chácara na cidade, e passavam informações para o resto da quadrilha.
A ação começou em um bar vizinho à chácara, que pertence ao ex-sogro do cartunista. Os indivíduos entraram no local, levaram R$ 1.300, um cheque de R$ 200 e o veículo do dono do bar. Os homens perguntaram a ele sobre o paradeiro da ex-mulher de Mauricio, que informou que ela retornaria em breve.
Os criminosos, então, entraram na chácara, fazendo refém o dono do bar e dois pedreiros que trabalhavam no local. Ao tomar conhecimento de que eles pretendiam levar o filho do cartunista, Marinalva implorou a eles que não a separassem dos filhos, motivo pelo qual ela e as duas crianças foram sequestradas. Eles foram levados em dois carros, o Kadett do dono do bar e o Astra de Marinalva, até um outro ponto, onde trocaram de veículo.
Após a troca, seguiram para a cidade de Monteiro Lobato, no Vale do Paraíba, onde mantiveram as duas crianças e Marinalva em cativeiro. Eles foram fotografados, informando que as fotos seriam enviadas ao cartunista. Na madrugada do dia 23 de março, as vítimas foram transportadas de carro até a cidade de São Sebastião, no litoral norte do estado. A investigação apontou que neste trajeto, pela Rodovia dos Tamoios, ocorreram duas trocas de veículos.
Durante estes dias em que as vítimas ficaram em cárcere, os sequestradores ligaram para o advogado de Mauricio de Sousa, exigindo o valor de R$ 2 milhões pelo resgate das vítimas. O valor foi reduzido para R$ 800 mil em contatos seguintes, tendo Mauricio recebido um CD com fotos do filho. Um casal foi responsável por enviar o registro fotográfico.
O cativeiro, uma casa no bairro Jaraguá, foi descoberto pela Polícia Civil no dia 6 de abril de 2008, quando as vítimas foram libertadas. Após a libertação, o garoto informou ao pai que não sofreu violência física, mas passou por diversos cativeiros, recebeu alimentação insuficiente e foi mantido em cômodos com janelas vedadas, não viu a luz do dia e foi vigiado por homens fortemente armados.
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