Cuiabá, Segunda-Feira, 23 de Junho de 2025
GRUPO BOM JESUS
19.03.2016 | 18h00 Tamanho do texto A- A+

Gigante do agronegócio de MT quer alongar dívida de R$ 2 bilhões

Conglomerado já tinha endividamento elevado, mas situação piorou em 2015

Divulgação

Nelson Vigolo, presidente do Grupo Bom Jesus, que busca acordo com seus credores

Nelson Vigolo, presidente do Grupo Bom Jesus, que busca acordo com seus credores

DO VALOR ECONÔMICO

O grupo Bom Jesus, um dos maiores do setor de agronegócios de Mato Grosso, com produção de grãos e fibras e revenda de insumos, deve assinar, nos próximos dias, um acordo com credores para reestruturar suas dívidas bancárias, superiores a R$ 2 bilhões.

 

O conglomerado, que tem sede em Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá), já tinha um endividamento elevado, mas a situação piorou a partir de meados de 2015, com a disparada do dólar e a maior inadimplência de seus clientes.

 

Com faturamento de R$ 2,3 bilhões no ano passado, o Bom Jesus negocia uma solução para seu passivo desde outubro.

 

Até agora, segundo fontes ouvidas pelo Valor, já conseguiu obter a adesão de metade de seus credores para um acordo.

 

A meta é conseguir o apoio de pelo menos 70% deles. Nessa lista estão Rabobank, Banco Votorantim, Itaú, Banco Latinoamericano de Comércio Exterior (Bladex), Santander, Bradesco, HSBC, Banco do Brasil e Credit Suisse.

 

O objetivo do "standstill" – acordo fora do âmbito judicial que consiste na suspensão de ações de execuções de garantias por credores por um determinado período – é justamente evitar que o Bom Jesus trilhe o mesmo caminho do Grupo Pinesso e do J.Pupin, grandes produtores de soja e algodão no Centro-Oeste que pediram recuperação judicial em 2015.

 

Uma vez assinado o acordo, o Bom Jesus deve contratar um assessor financeiro para que, a partir daí, os dois lados comecem a desenhar um plano de pagamentos.

 

À reportagem, o diretor financeiro do grupo, Valdoir Slapk, antecipou que esse plano passará inevitavelmente por uma venda de ativos, sobretudo terras, além do alongamento do prazo de vencimento da dívida.

 

O Bom Jesus cultiva soja, milho e algodão em 250 mil hectares, e metade de sua área está em fazendas próprias. Além disso, o grupo também tem no portfólio de ativos outros 72 mil hectares em fazendas ainda não exploradas na Bahia.

 

Sem mencionar números, Slapk garantiu que o grupo está "muito bem calçado" em patrimônio, com ativos "bem superiores" ao passivo. Destacou, ainda, que operacionalmente o negócio de cultivo agrícola, carro-chefe da empresa, teve resultados "muitos bons" em 2015.

 

"A margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização] foi de 32% ano passado", disse.

 

O executivo reconheceu que as áreas do grupo cultivadas com soja no norte de Mato Grosso registraram perdas de produtividade devido a intempéries, mas disse que a quebra não foi significativa. Além disso, acrescentou, a região concentra apenas 20% da área total do grupo semeada com a oleaginosa.

 

Slapk, que confirmou que o grupo está em vias de assinar o "standstill", reiterou que a guinada da moeda americana frente ao real teve um efeito muito ruim no endividamento da empresa – 85% em dólar. Mas observou que foi fundamental para a deterioração financeira a elevada inadimplência de seus clientes da divisão de revenda de insumos.

 

Basicamente, esse negócio consiste no financiamento a outros produtores. O grupo vende insumos (fertilizantes, defensivos, etc) em troca da entrega (futura) de produto agrícola (soja, milho, algodão).

 

"A inadimplência foi muito grande na safra 2014/15 [encerrada em meados do ano passado]", explicou Slapk.




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