Os seis estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) detidos durante uma manifestação, no início da tarde desta quarta-feira (6), na Avenida Fernando Correa, em Cuiabá, foram autuados pelos crimes de resistência à prisão, perturbação da ordem pública e lesão corporal contra policiais militares.
Os universários entraram em confronto com policiais militares da Rotam, após fecharem uma pista da avenida, no sentido Coxipó-Centro, para protestar contra o fechamento de vagas nas casas de estudantes mantidas pela UFMT, no bairro Boa Esperança.
Na Central de Flagrantes, para onde foram levado após a detenção, eles assinaram um termo circunstanciado (para crimes de menor poder ofensivo) e foram liberados.
Os estudantes deverão comparecer a uma audiência já marcada, no Juizado Especial Criminal da Capital, onde haverá a transação penal. Os estudantes podem ser penalizados pela Justiça com a entrega de sacolões a entidades filantrópicas, havendo a opção de prestação de serviços comunitários.
Em relação aos 10 estudantes que sofreram lesão corporal, o delegado plantonista Richard Damasceno Lage entendeu que pode ter havido abuso por parte dos policiais militares, no momento da dispersão dos manifestantes.
Ele solicitou exame de corpo de delito e os laudos serão encaminhados para a Delegacia do Complexo do Planalto. “Fizemos a requisição dos exames e cabe a cada um decidir se faz ou não (o exame)”, explicou.
Em relação a advogada Ioni Ferreira Castro, não houve indícios de que tenha danificado a porta de entrada da sala de ocorrências da Polícia Militar.
Ela (a advogada) não teria força física suficiente para tal”, observou o delegado. Os policiais a acusaram de danificar a porta de entrada da delegacia. O mesmo procedimento o delegado tomou em relação ao advogado Marco Antônio. “Nada foi praticado pelos dois advogados”, informou.
Protesto e violênciaSegundo a Polícia Militar, pelo menos 50 alunos fecharam uma pista da Fernando Corrêa da Costa, durante o protesto. Devido ao longo congestionamento que se formou local, a Rotam foi acionada.
Segundo a assessoria da PM, os estudantes usaram cavaletes de um canteiro de obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), próximo ao local da manifstação, e bloquearam a via por, pelo menos, uma hora e meia.
Ao
MidiaNews, a coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Raíza Moraes, 21, afirmou que “muitos alunos foram atingidos por balas de borracha no rosto, perna, tórax e virilha”.
Uma equipe da UFMT enviou um carro ao local para socorrer os estudantes. Aqueles que tiveram ferimentos mais graves foram encaminhados ao Pronto-Socorro de Cuiabá.
A pró-reitora de Assistência Estudantil da UFMT, Míriam Serra, se dirigiu à unidade policial para auxiliar os alunos.
Segundo a estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT, Ana Raquel, a Polícia usou de truculência para interromper a manifestação.
“Eles nos mandaram sair e, na mesma hora, começamos a atender o pedido. Mas, eles não deram nem um minuto e começaram a atirar contra a gente”, afirmou.
A PM nega que tenha agido com violência gratuita. Por meio da assessoria, a base da PM no Boa Esperança, que participou da ação de retirada dos estudantes, afirmou que enviou 30 policiais ao local e que eles apenas reagiram à ação dos alunos.