LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Pelo menos seis agentes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deixaram o gabinete do secretário de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas), Jean Estevan de Oliveira, por volta das 20 horas desta terça-feira (29), em dois carros descaracterizados.
Foram apreendidos documentos contábeis, licitatórios, de liquidação e de prestação de contas referente a convênios firmados entre o Estado e institutos de fachada para realização de cursos profissionalizantes.
Vários computadores também foram levados pelos agentes.
A Setas foi alvo da "Operação Arqueiro", deflagrada pelo Gaeco em conjunto com o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), ambos do Ministério Público Estadual (MPE).
A operação investiga supostas fraudes em convênios e dispensas de licitação para realização de cursos profissionalizantes, como o “Qualifica Mato Grosso” e “Copa em Ação”, ocorridos durante a gestão da primeira-dama e ex-secretária da pasta, Roseli Barbosa, que se afastou do cargo em 28 de fevereiro deste ano.
Durante mais de seis horas, os agentes fizeram buscas no gabinete do secretário Jean Esteves e em várias salas da secretaria, que fica no Centro Político Administrativo.
Ao final das buscas, os agentes saíram por uma garagem anexa ao prédio. Nenhum deles conversou com os jornalistas.
O secretário também saiu por uma saída alternativa, atrás do prédio, e evitou contato com a imprensa.
Servidores da Setas demonstraram insatisfação com a presença da imprensa, que acompanhou o cumprimento de todos os mandados de busca e apreensão feitos pelo Gaeco no local.
Até o momento, o Gaeco já identificou a participação de nove pessoas no suposto esquema.
Os nomes dos envolvidos, porém, apenas serão divulgados após o oferecimento da denúncia.
Operação ArqueiroAs investigações tiveram início após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo promovido pelo Governo do Estado, em abril de 2013.
Segundo o MPE, nos últimos dois anos, a empresa Microlins e os Institutos de Desenvolvimento Humano (IDH) e Concluir receberam do Estado quase R$ 20 milhões para executar programas sociais referentes aos cursos já citados anteriormente.
A sede da Microlins e dos institutos também foram alvos de busca e apreensão.
As investigações apontam que as apostilas utilizadas no curso de hotelaria foram montadas por uma pessoa que possuía apenas o Ensino Médio completo e que teria copiado todo o conteúdo de páginas da internet – entre elas, o site “Desciclopédia”, uma sátira do site “Wikipedia”.
Em seu depoimento, ela confessou ter recebido R$ 6 mil para realizar o serviço.
Confira na galeria as imagens do cumprimento dos mandados de busca e apreensão na Setas.
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