Cuiabá, Sábado, 14 de Junho de 2025
OPERAÇÃO DO GAECO
14.05.2014 | 08h34 Tamanho do texto A- A+

Em emails, secretário defende empresário investigado

Secretaria de Trabalho e Assistência Social é alvo de operação por causa de contratos suspeitos

Secom MT

O atual titular da Setas, Jean Estevan, que trocou emails com empresário investigado

O atual titular da Setas, Jean Estevan, que trocou emails com empresário investigado

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
As investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) na “Operação Arqueiro" apontam que o atual titular da Setas (Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social), Jean Estevan Campos Oliveira, atuou em favor do empresário Paulo César Lemes, para que o mesmo mantivesse contratos e convênios com dispensa irregular de licitação com o Estado, por meio de institutos, sem fins lucrativos, de “fachada”.

" Hoje chamei todos os conselheiros governamentais e enquadrei a turma, pois alguns estão jogando contra"

Os promotores de Justiça do Gaeco acreditam que Lemes é o “dono” dos institutos Concluir e IDH, que obteve contratos milionários com a Setas, comandada na ocasião pela primeira-dama Roseli Barbosa. E que, numa triangulação com empresas privadas, ele se beneficiou financeiramente dos institutos.

Por meio da quebra de sigilo do atual secretário Jean Estevan, que na ocasião era adjunto de Roseli, o Gaeco encontrou trocas de e-mails entre ele e Lemes.

Em pelo menos duas mensagens, datadas de junho de 2013, Estevan daria indícios de que estaria atuando para proteger o Lemes, em relação a um pedido de documentação feito pelo CEAS (Conselho Estadual de Assistência Social).

O pedido de informações do conselho era sobre contrato do Instituto Concluir com o Lar da Criança, com valor de mais de R$ 2 milhões.

“Enquadrei a turma”

Em um email rastreado pelo Gaeco, ao qual a reportagem do MidiaNews teve acesso exclusivo, Jean Estevan relata a Lemes: “Amanhã eu terei um embate na reunião ordinária do CEAS, que solicitou formalmente a apresentação de alguns processo, incluindo toda a documentação do Concluir, como lista de contratados, salários, cargos, valores pagos, lista de presença de funcionários, cóida de documentos, etc. Hoje chamei todos os conselheiros governamentais e enquadrei a turma, pois alguns estão jogando contra. Pedi dilação de prazo ao presidente do conselho e amanhã tentarei obter a dispensa de apresentar cópia desses documentos e discutir mais detalhadamente apenas com a comissão de finanças, que é coordenada pela Seplan (Secretaria de Planejamento), que já puxei a orelha da representante. Amanhã será a prova de fogo”.

O email foi enviado por Estevan em 26 de junho do ano passado, às 19h10.

No dia seguinte, em outro email, enviado às 17h21, Estevan relata o resultado da reunião.

“Hoje pela manhã, durante reunião do CEAS, num primeiro momento, consegui prorrogar o prazo para a apresentação da documentação requerida junto a Setas, por mais 15 dias. Logo em seguida, sugeri uma reunião na próxima terça-feira, às 16 horas, no Núcleo Sistêmico, para que a comissão de Finanças faça a análise documental ‘in loco’ do convênio. E tão somente peça cópia daquilo que for ‘estritamente’ necessário, e não o calhamaço que eles querem. O CEAS e a comissão concordaram. Amanhã vou no secretário da Seplan e pedir que ele enquadre a servidora que está à frente dessa análise e parecer, pois ela está forçando a barra. Me disseram no núcleo que ainda não houve a prestação de contas do convênio do Lar (da Criança). Procede a informação ou não? Pois isso pode me dificultar essa triangulação”.

Segundo os promotores do Gaeco, o email deixa claro que o atual secretário da Setas tem ciência de que Lemes utilizava fraudulentamente os dois institutos para participar de licitações e celebrar contratos com dispensa de licitação.

A operação

A primeira-dama Roseli Barbosa, que comandava a Setas na ocasião da assinatura dos contratos suspeitos

A operação “Arqueiro” foi desencadeada pelo Ministério Público, com o objetivo de apurar a existência de provável conluio entre servidores lotados na Setas e os institutos IDH e Concluir, visando à prática de fraudes em licitações e convênios.

As investigações começaram após a divulgação de erros grotescos em apostilas que estavam sendo utilizadas nos cursos de capacitação em hotelaria e turismo, promovidos pelo Governo do Estado.

Segundo o MPE, nos últimos dois anos, as empresas receberam do Estado quase R$ 20 milhões para executar programas sociais referentes ao “Qualifica Mato Grosso”, “Copa em Ação”, entre outros.

Para obterem êxito nas contratações, nomes de “laranjas” foram utilizados pelos fraudadores. A qualidade dos cursos oferecidos também está sendo questionada.

De acordo com a fonte do Gaeco, até o momento, os depoimentos têm confirmado a tese sustentada na investigação, de que o empresário Paulo Lemes seria dono dos institutos investigados – IDH e Concluir – e que ambos foram usados para obtenção de contratos milionários com o Governo.

Conforme o Gaeco, a investigação deverá comprovar se o único crime cometido foi o de falsidade ideológica, com o propósito de vencer as licitações sem risco de concorrência, ou se também houve peculato (desvio de dinheiro público).

Leia mais sobre o assunto:

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4 Comentário(s).

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Lázaro  14.05.14 20h25
Vamos imaginar que isso ocorrera em todo o país,o que vai acontecer com as crianças de hoje no futuro?
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Carlos Gomes Silva  14.05.14 16h14
QUERO VER O QUE A DONA ROSELI BARBOSA TEM A DIZER SOBRE ISSO TUDO
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_Marcelo_  14.05.14 09h59
_Marcelo_, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
beto  14.05.14 09h29
Parabéns a Servidora da SEPLAN, que fazia o seu trabalho com independência, espero ansioso para saber em breve, se a mesma foi enquadrada ou não?
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