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CRIME EM SP
23.04.2019 | 08h32 Tamanho do texto A- A+

Ex-skinhead vai a júri por esquartejar e congelar corpo de tia

Ele alega ter usado golpe de jiu-jitsu para matar Kely Oliveira

Reprodução / TV Globo / Polícia Civil

Justiça decidiu mandar ex-skinhead a júri popularpelo assassinato da tia em 2015

Justiça decidiu mandar ex-skinhead a júri popularpelo assassinato da tia em 2015

DO G1

A Justiça de São Paulo deve julgar nesta terça-feira (23) o ex-skinhead Guilherme Lozano Oliveira, de 26 anos, preso há quase cinco anos acusado de assassinar a própria tia, esquartejar o corpo dela e congelá-lo por mais de 45 dias dentro de uma geladeira.

 

A professora Kely Cristina de Oliveira tinha 44 anos quando foi morta pelo sobrinho em 2015 na casa onde os dois moravam na Zona Norte da capital. Guilherme confessou ter dado um mata-leão, golpe de jiu-jitsu, no pescoço da vítima.

 

O julgamento dele está marcado para começar às 9h no plenário 9 do Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital. A previsão é a de que o júri popular termine no mesmo dia com a leitura da sentença pela juíza Fernanda Salvador Veiga, da 2ª Vara Criminal.

 

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Guilherme responde preso pelos crimes de homicídio doloso qualificado por motivo torpe, feminicídio e ocultação de cadáver. Vídeos inéditos do caso, obtidos pelo G1, mostram o que o acusado havia dito à Justiça quando foi decretada sua prisão preventiva e durante o seu interrogatório.

 

Vídeos inéditos

 

Nas imagens gravadas pela Justiça em 2015, Guilherme alega que não teve a intenção de matar a tia, mas sim de imobilizá-la após discutir com ela.

 

Segundo o réu, Kely estava alterada e o agrediu com um tapa no rosto. Na sua versão, ele conta ainda que deu a chave de braço na tia, mas a mulher não resistiu, perdeu os sentidos e morreu asfixiada.

 

“Eu fui para cozinha preparar um café pra eu tomar, e ela continuou resmungando, batendo as coisas, batendo porta. E eu acabei discutindo com ela. E ela veio partir para cima de mim para me agredir. E na intenção de contê-la eu enfiei um golpe de jiu-jitsu, uma chave de braço nela, e ela acabou desmaiando, mas ela não voltou mais”, falou Guilherme à Justiça quando foi ouvido na audiência de instrução do caso.

 

O sobrinho agressor e a tia vítima moravam juntos no apartamento dela, na Rua Acapuzinho, na Vila Medeiros, Zona Norte da capital.

 

Acusação

 

Segundo a acusação feita pelo Ministério Público (MP), o motivo do crime teria sido uma discussão por conta da sujeira feita pela cachorra dele no imóvel.

 

“Vou lutar para que ele seja condenado à pena máxima”, disse ao G1 a promotora Claudia Ferreira Mac Dowell, do 2º Tribunal do Júri. Pela lei brasileira, uma pessoa não pode ficar presa por mais de 30 anos por um crime.

 

A reportagem não localizou os advogados do acusado para comentarem o assunto nesta semana. Em outras ocasiões, eles entendiam que Guilherme cometeu um crime culposo (sem intenção de matar) e não doloso (intencional). Homicídios culposos são julgados diretamente por um juiz e homicídios dolosos são julgados por sete jurados, cabendo a decisão da maioria deles para condenar ou absolver o réu.

 

Guilherme é acusado de asfixiar Kely, cortar seu corpo com uma faca de cozinha e depois o esconder por quase dois meses no congelador. Os pedaços foram colocados numa mala e em sacos plásticos, que acabaram guardados dentro de uma geladeira. O aparelho acabou retirado da cozinha e foi acomodado num dos quartos.

 

Tia morta em 2015

 

O corpo de Kely só foi descoberto depois que o irmão dela, que é pai do ex-skinhead, desconfiou do envolvimento do filho no desaparecimento da irmã, que ficou sumida por mais de um mês.

 

No dia 5 de agosto de 2015, o aposentado Marco Antônio Oliveira, acionou a Polícia Militar (PM) e apontou para Guilherme na rua. O jovem ainda tentou fugir de carro, mas bateu o veículo num poste e foi detido na esquina da Avenida Júlio Buono com a Rua Major Dantas Cortez. Em seguida, a viatura policial colidiu na traseira do automóvel do ex-skinhead.

 

No carro de Guilherme havia um adesivo com uma cruz, que, segundo a polícia, é um símbolo usado por grupos neonazistas para representar a suástica. Isso seria um disfarce já que fazer apologia ao nazismo é crime.

 

A polícia informou que ele integrava um grupo skinhead. Lutador de boxe e jiu-jitsu, Guilherme tinha poucos amigos. Seu corpo tem diversas tatuagens alusivas aos movimentos punk e skinhead. Inicialmente ele foi punk, mas depois se tornou skinhead e depois alegou ter deixado o movimento.

 

Ainda de acordo com a PM, Guilherme confessou que ele e a tia discutiram e por isso a esganou. Em seguida, segundo a PM, ele contou que cortou o corpo dela. Um machado foi apreendido com o ex-skinhead.

 

Defesa do réu

 

Ainda em 2015 em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, Guilherme declarou que se sentia um "lixo" após matar e esquartejar a tia em São Paulo. Ele alegou, porém, que a morte de Kely foi acidental.

 

“Ela sofria de bipolaridade. Tinha uma mudança de humor muito repentina. A gente começou uma discussão. Ela veio com a intenção de uma agressão e para tentar conte-la, eu dei um golpe de jiu-jitsu nela, chamado ‘mata leão’, para tentar acalmá-la, na intenção de desmaiá-la mas...”, contou Guilherme à época.

 

Punk morto em 2011

 

A morte da tia de Guilherme não foi o primeiro assassinato atribuído ao réu. Ele já havia sido condenado pelo assassinato de um punk, morto a facadas em 2011, também em São Paulo. Na época em que era skinhead, foi acusado de esfaquear e matar Johni Raoni Falcão Galanciak, então com 25 anos. Ele negou esse crime.

 

Guilherme foi acusado de integrar um grupo neonazista que pregava a discriminação e intolerância a gays, negros, judeus e nordestinos. De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público, ele esfaqueou Johni e fugiu após matá-lo.

 

A briga entre skinheads e punks ocorreu na Rua Cardeal Arco Verde, em frente ao Carioca Club, em Pinheiros, Zona Oeste. A confusão entre os grupos rivais correu antes da apresentação da banda de punk rock inglês Cock Sparrer.

 

Ainda naquela ocasião, outro skinhead ficou ferido no confronto. Câmeras de segurança gravaram o conflito e ajudaram na identificação dos envolvidos na confusão.

 

Em novembro de 2014, Guilherme foi condenado pela Justiça a 15 anos de prisão em regime fechado pela morte do punk. Como respondia ao processo em liberdade, ele não foi para a prisão, podendo recorrer solto da sentença.

 

Reprodução/Polícia Técnico-Científica

cadaver

Outras partes do cadáver da tia de Guilherme foram colocadas em sacos plásticos e guardadas no freezer por quase 2 meses

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/04/23/ex-skinhead-vai-a-juri-em-sp-por-matar-esquartejar-e-congelar-corpo-de-tia-em-geladeira-em-2015.ghtml




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