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18.03.2024 | 17h25 Tamanho do texto A- A+

Advogada diz que policial que matou idoso é cunhado de grileiro

João Pinto, de 86 anos, foi morto por policial civil após desentendimento em área em Cuiabá

Olhar Direto

No detalhe, João Antônio, que foi morto por um policial civil

No detalhe, João Antônio, que foi morto por um policial civil

LIZ BRUNETTO
DA REDAÇÃO

O policial civil Jeovanio Vidal Griebel, que matou o idoso João Antônio Pinto, de 86 anos, no dia 23 de fevereiro passado, em Cuiabá, é cunhado do suposto grileiro que invadiu parte de uma área que pertencia à vítima, na região do Contorno Leste, no Bairro Jardim Imperial, em Cuiabá. 

Os policiais não tinham autorização para entrar lá, eles invadiram a propriedade

 

A informação é da advogada Gabriela Zaque, que atua na defesa da família do idoso. 

 

Segundo ela, João Pinto foi morto após uma discussão com o suposto posseiro, identificado como Elmar Soares Inácio, por causa de uma cerca erguida na propriedade.

 

A advogada relatou que, logo após o desentendimento, Elmar Soares ligou para o policial, que em pouco tempo chegou à propriedade. 

 

“O senhor João Pinto teve a sua terra invadida por grileiros há muito tempo. E ele vinha lutando para conseguir a reintegração de posse da propriedade, que foi determinada para abril deste ano”, explicou. 

 

Ela contou que, após a ligação de Elmar ao seu cunhado policial, três viaturas descaracterizadas chegaram na propriedade da vítima, cerca de meia hora depois, e entraram sem autorização judicial.  

 

“Eles não tinham autorização para entrar lá, não havia prévia investigação, não tinha nada. Foram lá porque o cunhado de um deles ligou falando que o senhor João Pinto o ameaçou. Eles invadiram a propriedade e gritaram: ‘Polícia! Polícia’. Logo em seguida ocorreu o fato”, disse. 

 

O desentendimento

 

A versão apresentada pelos policiais foi a de que o idoso foi morto após reagir à abordagem policial. A família discordou, e apontou inconsistências. 

 

Segundo a defesa, na manhã do dia em que João foi morto, o cunhado do policial se desentendeu com ele. 

 

“O senhor João passou lá, de manhã, e viu esse homem construindo uma cerca. O clima deve ter esquentado na hora, ele mandou retirar a cerca e mostrou que estava armado. Isso é o que está no inquérito policial”, diz a advogada. 

Reprodução

Propriedade de João Antônio Pinto

Área onde aconteceu a morte do idoso

 

Segundo Gabriela, o idoso tinha porte de arma. “Esse possível grileiro ficou ofendido, se estressou e ligou para o cunhado dele, que é policial. Mas foi tudo muito estranho, porque ele ligou e, em meia hora, os policiais invadiram a propriedade”, disse. 

 

Os policiais abordaram os seguranças que o idoso tinha contratado. Logo em seguida a vítima foi morta. 

 

“Os policiais alegam que foi em legítima defesa, que o senhor João Pinto estava armado e eles atiraram. Mas não existe legítima defesa, para isso eles teriam que estar dentro da lei, e não estavam, eles invadiram a propriedade”, disse a advogada.

 

João estava no hangar da propriedade, na companhia de um caseiro. Segundo a testemunha, os policiais chegaram gritando, ele tentou avisar o idoso mas não sabe se ele ouviu, pois apesar da boa saúde, tinha problemas auditivos.

 

O caseiro disse ter se escondido e apenas ouvido os tiros que mataram seu patrão. 

 

João Antônio foi morto no dia do aniversário da esposa e, conforme Gabriela, a família ainda está abalada com tudo o que aconteceu. O casal completava 50 anos juntos. 

 

"Corporativismo"

 

A advogada explicou que até agora constam no processos os interrogatórios dos autores e das testemunhas. Os resultados periciais ainda não ficaram prontos. 

 

Gabriela disse que já entrou com um requerimento junto à Corregedoria da Polícia Civil, para averiguar se foi instaurado um procedimento de investigação para apurar a conduta dos policiais. “Eles me responderam que não. E que não vão entrar com nenhum procedimento até que o inquérito seja concluído. Mas o inquérito pode levar anos. Isso é revoltante”, disse. 

 

“A gente confia no trabalho da polícia, mas o corporativismo não pode prevalecer”, afirmou. 

 

“João Antônio confiava no Estado para garantir o seu direito de propriedade. O Estado não garantiu, permitiu que esses grileiros tomassem conta. E, então, além de violar a propriedade dele, um agente do Estado tirou a sua vida”, disse.

 

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