Uma onda de assaltos a carteiros em Cuiabá tem gerado um clima de medo e tensão entre os profissionais. Somente no mês de março, três carteiros foram interceptados por ladrões armados. De janeiro a março, foram registrados 11 assaltos.
Os carteiros tiveram suas mochilas, que, geralmente, carregam talões de cheque, cartões bancários, documentos, entre outros, levadas pelos bandidos.
Os boletins de ocorrência foram registrados da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) e encaminhados para a Polícia Federal. Como os carteiros são funcionários federais, qualquer investigação é feita pelo órgão.
Em uma das ocasiões, em um assalto em Várzea Grande, o carteiro foi rendido pelos bandidos e colocado dentro do veículo, que usava para fazer as entregas. Os ladrões “passearam” com o profissional por mais de uma hora. Nesse tempo, ele ficou sobre ameaça de arma de fogo.
Falta de apoio
Além da insegurança vivida pela categoria, os carteiros reclamam de falta de apoio da direção dos Correios. O Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Correio e Telégrafos de Mato Grosso (Sintect/MT) alega que os profissionais não estão recebendo respaldo após as ocorrências. A principal reclamação é que de os profissionais não recebem apoio psicológico, e são obrigados a voltar às ruas, antes mesmo de se recuperem do trauma sofrido.
O carteiro e membro do sindicato, Samuel Carvalho de Souza, disse ao MidiaNews que profissionais e diretoria se reuniram na segunda-feira (26) e o Sintect oficializou as reclamações dos carteiros. Souza disse que a direção justificou que tem buscado agir com procedimentos preventivos, enviado e-mail aos profissionais sobre como agir nessas situações.
Souza acredita que a atitude da empresa revela a negligência com a gravidade da situação.
“Essa postura de enviar e-mail mostra a falta de cuidado com um assunto tão grave. Precisamos que seja feita uma investigação severa sobre o caso, essa onda de assaltos já aconteceu em outas cidades e só acabou com investigação e prisão dos envolvidos. Se isso não for feito, estaremos à mercê dos ladrões”, disse.
Apoio psicológico
Souza afirmou que, por falta de carteiros, os profissionais que são assaltados voltam ao trabalho antes mesmo de se recuperarem. “Não existe acompanhamento médico. A avaliação do carteiro é feita por um médico que atende dentro dos Correios, um médico contratado pela empresa. É claro que esse médico vai atender as necessidades da empresa, mesmo sem poder, com medo, receio temos que enfrentar as ruas”, disse Souza.
Problema nacional
Em entrevista ao MidiaNews, o diretor-adjunto regional dos Correios de Mato Grosso, Dílson Antônio Leocádio da Rosa, disse que os casos são investigados pela Polícia Federal. Mas justifica que Mato Grosso compartilha de uma situação que é vivida por carteiros em todo o Brasil.
Ele explicou qual é o procedimento da empresa em ocorrências de assaltos.
“Infelizmente, essa realidade é nacional, é um problema que todo o Brasil passa. Nessas situações, a primeira providência que tomamos é dar o acompanhamento psicológico para os carteiros. Isso também ocorre com os funcionários das agências quando passam por assaltos. Nossa preocupação é com a pessoa, com o ser humano. O procedimento é o seguinte: quando o carteiro é assaltado, ele tem que parar o serviço, entrar em contato com a chefia, essa chefia vai de encontro do profissional e os dois se deslocam para a delegacia mais próxima para registrar o BO. Em seguida esse profissional é encaminhado para uma avaliação médica”, explicou.
O diretor-adjunto informou ainda que caso seja necessário o profissional será afastado de suas atividades profissionais até que esteja recuperado e capaz de retomar o trabalho:
“O profissional é encaminhado o serviço médico, que vai fazer a avaliação. Se ele realmente estiver com algum sintoma, que mostre que ele precisa de apoio psicólogo, ele vai ter. Temos no Correios, o médico do trabalho, que vai fazer a primeira avaliação. Essa avaliação é feita em um ambulatório dentro dos Correios. Não é verdade essa reclamação de falta de carteiros”, disse.
Perigo e prejuízos
Um levantamento do Sindicato dos Carteiros mostra que a situação vem piorando desde o ano passado, quando compras pela Internet viraram uma febre. TVs de plasma, laptops, jogos eletrônicos, celulares e até fogões passaram a ter endereço certo: as mãos dos ladrões, que veem os carteiros como alvos fáceis.
Somente em 2011 a estatal dos Correios gastou R$ 7 milhões em indenizações por conta de roubos de encomendas.
Denúncia anônima
Um denunciante, identificado apenas como “Carteiro inconformado e indignado”, enviou um e-mail para a redação do site relatando a situação atual dos profissionais.
Leia o desabafo do autor:
A Sociedade e a mídia matogrossense precisa tomar conhecimento do período de terror que ronda os Carteiros dos Correios de Cuiaba nos últimos tempos, pelas tomadas de assalto das bolsas dos carteiros , com isso visando talvez (Cartões de créditos, talões de cheques e outros objetos de valores) que são entregues diariamente pelos profissionais da Empresa de correios, sem levar em consideração o fator psicológico dos profissionais que ficam abalados.
Pasmem os senhores, que só nos últimos 20 dias na região da grande CPA, no mínimo três carteiros foram vitimas de assaltantes, conforme a maioria dos BO (Boletins de ocorrências) foram registrados na sua maioria no CISC Planalto.
No entanto, conforme acordo coletivo efetuado pelo Sindicato e categoria, o acordo firmado era que numa situação desta natureza, tão logo o fato acontecido, o profissional deveria por sua vez, passar por um psicólogo, e o que não vem acontecendo, visto por motivo de não ter substituto e pela falta de profissional no quadro de funcionários, e portanto , para que as cartas não fiquem paradas na agência sob acumulo, prefere ferir o diretito do profissional e mantendo ele no serviço , fazendo de conta de que nada houvesse ocorrido.
Pela avaliação da maioria da categoria de carteiros, precisa de uma Ação rápida da Direção Regional, no sentido de acionar a Policia Federal para fazer uma investigação severa e criteriosa sobre o caso, até porque se deixar apenas a cargo da PM e Civil , poderá ficar apenas com o registro do BO, e tudo leva a crê que poderá ser uma quadrilha articulada até mesmo de dentro do presídio .
Se faz necessário também, a intervenção do Sindicato e Direção junto aos Parlamentares Federais, no sentido de que seja instituído o risco de periculosidade para os carteiros.
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