Imóveis vazios São Sebastião

O Centro Sul é diariamente utilizado para a locomoção de milhares de trabalhadores e consumidores. Mas, apesar da intensa movimentação, avenidas importantes da região como Isaac Póvoas e Getúlio Vargas estão com inúmeros imóveis vazios.
Na última semana, o MidiaNews contabilizou, em ambas as avenidas, pelo menos 15 imóveis para alugar. Já na São Sebastião, que liga as duas avenidas mencionadas, havia seis imóveis nas mesmas condições em um intervalo de pouco mais de 100 metros.
O cenário pode ser consequência de diversos fatores, principalmente a migração do comércio para o formato online e misto (presencial e online integrados) ou em bairros.
De acordo com o levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cuiabá, o Centro tem sido a última opção dos consumidores para as compras, sendo escolhido por 10,5% deles. Os Shoppings são escolhidos por 12% dos consumidores.
Ainda segundo a entidade, 16% dos consumidores já preferem fazer as compras de modo online, e a tendência é que o número aumente a cada ano
“O que vemos hoje é essa mudança de comportamento do consumidor, que torna ele cada vez mais exigente, e hoje cada vez mais as compras são efetuadas com a omnicanalidade – hoje uma compra pode começar no Instagram e terminar numa loja física. Ela pode começar numa loja física e terminar no WhatsApp”, disse o empresário Júnior Macagnam, presidente da CDL.
A omnicanalidade é uma estratégia com o objetivo de integrar diversos canais de comunicação no ato da venda de serviços e produtos de uma empresa.
“Então, hoje a forma de comercialização dos produtos, a forma do comércio tem mudado bastante e isso tem feito com que alguns comerciantes não consigam se adaptar”, acrescentou.
Segundo o presidente da CDL, mesmo que em datas comemorativas como Dia das Mães, Páscoa e Dia dos Namorados a grande maioria dos consumidores ainda optam por comprar de forma presencial, o cenário vem mudando.
“Como há ainda uma grande maioria das pessoas que preferem comprar em lojas físicas, a gente alerta para os nossos associados que a jornada de compra, o processo de compra, tem que ser cada vez mais pessoalizado, cada vez mais tornar essa experiência positiva para fazer com que o consumidor continue optando pela loja física”, disse Junior.
No entanto, há empresários que preferem se adaptar integralmente ao estilo de compra online, como é o caso de Silleni Lemes, dona de uma floricultura na Isaac Póvoas.
A empresária mudou as suas vendas para o modelo online e, atualmente, os clientes entram em contato pelas redes sociais e passam na loja física apenas para retirada.
Silleni não vê mais vantagens em manter uma loja física, que exige um custo significativamente maior e a tendência é a venda online.
Victor Ostetti/MidiaNews
Silleni montando um buquê solicitado de forma online para o cliente retirar na loja
Proprietária de um imóvel na avenida, ela dividiu o espaço e uma metade é utilizada como ateliê enquanto a outra está para alugar – mas ainda não encontrou um locatário.
“O que vejo é que Cuiabá está passando por uma grande mudança. As empresas tradicionais, mais antigas, estão dando mais espaço para empresas mais novas que estão vindo aí no mercado. O que acontece é que as lojas precisam se reciclar, inovar. A minha intenção, ao passar para a venda online, é fazer isso”, afirmou.
“As pessoas não têm mais tempo. Então já faz online, passa aqui, retira e pronto. Chegou aqui e já está pronto”, acrescentou.
Para Macagnam, o comércio online é importante para que os comerciantes não sejam passados completamente para trás por empresas do exterior de venda em massa.
O presidente destaca que não só em Cuiabá, mas em todo o Brasil, essas grandes empresas estão afetando o comércio físico brasileiro significativamente.
“O avanço do comércio eletrônico tem afetado todos os lojistas que não estão dentro do comércio eletrônico. Daí a importância, e até serve como alerta para todo empresário, é que ele tem que participar do mundo digital".
"É importante que o lojista esteja presente em todos os canais de venda para que ele seja percebido por esse consumidor”, disse.
Outra questão que tem afetado as vendas no centro e levado à grande quantidade de imóveis vazios na região é a preferência dos consumidores pelos comércios de seus respectivos bairros.
“Isso mostra a importância desses empresários de bairros continuarem investindo nos seus negócios, no atendimento, na capacitação das suas equipes, no design das suas lojas, dos seus estoques”, afirmou.
Silleni afirma que tem percebido essa mudança, dando o exemplo de bairros como CPA 1, 2 e 3 e Pedra 90. “São como outras cidades dentro de Cuiabá. E isso é um mercado que está crescendo muito”, diz.
Reprodução
O empresário Júnior Macagnam, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cuiabá.
Ela ainda usa o exemplo de seu irmão, que tem um imóvel ao lado do seu, mas o colocou para alugar e imigrou para o bairro Boa Esperança.
Ainda, dificuldade de mão de obra qualificada e elevada carga tributária são outras questões que devem ser levadas em conta ao se analisar o cenário atual, afirma o presidente.
No entanto, há novas vantagens que têm ajudado os comerciantes do Centro Sul de Cuiabá, como afirma o Júnior Macagnam.
Ele cita o sistema de estacionamento rotativo, que permite maior movimentação de carros parados por dia e a saída dos ambulantes do centro, considerando o fato de muitos deles venderem produtos não regularizados por menor preço.
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2 Comentário(s).
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Dora 30.06.25 10h14 | ||||
A CDL pede para valorizarmos o comercio local, mas não dá gente. O poder de compra do brasileiro só está caindo... dai você vai numa loja aqui no centro e a mesma roupa que você viu online por R$90, na loja tá R$199. Entendo que há despesas na loja física, mas... | ||||
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Fabio José Pereira 30.06.25 09h06 | ||||
O problema da região central vem se agravando a anos, e podemos citar os principais: Falta infra estrutura, O IPHAN com aqueles patrimônios históricos em ruinas, prefere deixa ruim tudo que facilitar a reforma(o Valor para reformar um imóvel antigo é absurdo) , falta de estacionamento e o principal SEGURANÇA, o cotidiano do logista é chegar pela manhã e entrar seu comércio todo revirado e destruído. | ||||
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