O casal que era dono do cachorro "Paçoca", da raça Lhasa Apso, que morreu no último final de semana, avalia a possibilidade de processar a empresa envolvida no caso.
O cão foi esquecido dentro do carro de um pet shop em Sorriso (a 418 quilômetros de Cuiabá).
Diogo Isidorio, dono do cão, disse em entrevista ao MidiaNews que consultará um advogado para tomar a decisão.
"Vamos conversar com ele [advogado] primeiro, antes da gente tomar qualquer decisão, para ver o que fica melhor para ambos os lados”.
Inicialmente o casal não pretendia acionar a Justiça, devido à própria repercussão do caso. “Como a repercussão está sendo tão grande, eu acho que eles vão tomar um pouco mais de cuidado”.
Diogo compartilhou que se surpreendeu com a proporção que a notícia tomou: “A gente achou que a notícia ia ficar só aqui na cidade”.
O boletim de ocorrência será confeccionado ainda nesta quarta-feira (1º). A família chegou a procurar uma delegacia na cidade na segunda (29) - dois dias depois do incidente - mas foram orientados a aguardar o laudo médico do cachorro, que atesta a causa da morte.
Paçoca ainda está na geladeira da clínica veterinária, aguardando o dia da cremação. O casal pretende visitá-lo em breve, para se despedir adequadamente do filho de quatro patas.
“A gente vai tentar, ver se cria coragem de ver ele lá dentro. Porque a lembrança que nós temos é dele correndo, brincando, pulando nos nossos pés”, contou Diogo.
Inicialmente, o casal acreditava que não teriam sequer o direito de se despedir do animal, pois foram informados pelo proprietário do pet shop que ele havia solicitado a cremação, como forma de resolver a situação da maneira mais rápida possível.
Com a repercussão do caso, a clínica veterinária informou os donos que, na verdade, o Paçoca continuava no local, pois os animais destinados à cremação eram recolhidos apenas às sextas-feiras.
O dia em que Paçoca se foi
A visita ao estabelecimento, segundo Diogo, era semanal, costumeiramente aos sábados. Paçoca cuidava da pelagem no mesmo pet shop há anos, mesmo antes da troca de proprietários, que aconteceu há poucos meses.
O cão foi entregue pela manhã, como de costume e deveria ser entregue por volta das 11h30. “Às vezes ele se atrasavam, a gente mandava mensagem e eles respondiam: ‘não, tá corrido aqui já mando ele pra vocês’, ou se a gente estava na rua passava para pegar ele”, contou.
No dia do incidente, a esposa de Diogo, Maikelly Grando, estranhou a demora e pediu para que o marido entrasse em contato com a empresa. Ele conta que ligou para o pet shop cerca de quatro vezes, por volta das 13h, e não foi atendido. “Na hora não me deu um alerta, pensei ‘ah devem estar corridos”.
Quase uma hora depois, o proprietário do estabelecimento entrou em contato com Diogo, contando o que havia acontecido. Ele só teria se lembrado do animal com a ligação de Diogo.
De acordo com a versão apresentada aos donos, o empresário fez uma rota diferente naquele dia e deixou o Paçoca para ser entregue por último. Ele teria passado em casa e se esquecido do animal dentro do carro, trancado e sem ventilação alguma.
Diogo conta que o sábado em que Paçoca morreu foi um dia especialmente quente e abafado. “Ele levou o Paçoca na Policlínica e a veterinária falou que ele chegou lá sem sem vida. Ela disse que ele morreu por falta de ar e do calor intenso".
Arquivo Pessoal
Paçoca e Pingo brincando com os donos
Segundo Diego, o proprietário da empresa assumiu toda a responsabilidade e alegou que ficaria à disposição da família para o que fosse necessário.
“Ele falou: ‘não tem palavra que vá substituir o cachorro, mas eu vou estar disponível por qualquer coisa que vocês forem fazer’, teria dito o empresário ao casal.
No dia em que tudo aconteceu, Diogo conta que paçoca estava diferente, como se estivesse aborrecido, comportamento atípico para o cão, que gostava de ir ao pet shop.
“Naquele sábado ele estava diferente, não sei se ele estava sentindo. Não tem como explicar, foi muito estranha a reação dele, diferente de todos esses anos em que ele ia para para o pet [shop].
Um membro da família
O casal, que ainda não tem filhos, tinha paçoca como um membro da família, como um “filho peludo". Ele e o Pingo, um vira lata, também adotado, eram muito ligados e faziam a alegria da família.
Paçoca estava com o casal há 7 anos e a sua perda foi um grande impacto. “Era o nosso primeiro bichinho juntos. A minha prioridade naquele momento foi tentar acalmar minha esposa que ficou muito mal com a notícia”, desabafou.
Pingo, que está na família há 5 anos, chegou quando ainda era um filhotinho. “Ele está sentindo muita falta. O comportamento dele mudou. No sábado e domingo ele ficou o dia inteiro na frente do portão, não saía. Toda vez que eu chegava, ou alguém buzinava, ele ficava doido, pulando para ver quem era”, disse.
Rejeitado pela mãe, o bichano tinha em Paçoca um referencial de pai. “Estamos tentando dar o máximo de atenção para ele não sentir tanto, porque os dois eram muito apegados”, complementou.
Rede de apoio e outros casos
A família tem recebido muito apoio nas redes sociais e também relatos de casos similares ao de Paçoca.
Eles também têm recebido ofertas de doações de pets, mas o casal acredita que a perda é muito recente e pretendem esperar para tomar qualquer decisão.
O outro lado
O MidiaNews tentou contato com a empresa de pet shop envolvida no acidente, mas até o momento não obtivemos retorno.
Leia mais sobre o assunto em:
Cachorro morre após ser esquecido em carro de pet shop em MT
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2 Comentário(s).
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paula 02.12.21 22h26 | ||||
Que horror! irresponsabilidade total desse shop, fico indignada com um absurdo desses, por isso tá cada vez mais frequente pet móvel! vc agenda horário pra virem até a frente da sua casa e dentro do carro todo equipado, vc acompanha a tosa e banho dentro de 40 minutos tá tosado, higienizado, nada de deixar pra pegar depois, é muito bom serviço de pet móvel! | ||||
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Sandra Gomes 02.12.21 08h28 | ||||
Que absurdo!!! Voces tem noção do quanto Paçoca sofreu antes de morrer? Podem imaginar a agonia e o desespero pra tentar sair de um lugar quente e sufocante onde nao tinha a menor condição de sair sozinho? O quanto ele deve ter se debatido pra chamar atenção de alguém? Estou estarrecida, chocada e triste por ele. Os irresponsáveis devem ser punidos sim!!!! | ||||
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