Na pena dos poetas, na boca dos cantores e sob o olhar dos apaixonados, o coração recebe vários contornos e cores diversas. Símbolo do amor e da vida, ele merece cuidados desde o princípio.
Tanto que divide com o "Dia dos Namorados" (12 de junho), nesta semana, o estrelato em prol do "Dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita" – uma alteração na estrutura ou na função do coração que atinge 1 em cada 100 nascidos vivos no mundo.
Atualmente, cerca de 23 mil crianças possuem um coração “especial” no Brasil. Ou seja, irão necessitar de atendimento diferenciado e de cirurgia cardíaca. Inclusive, a doença possui incidência oito vezes maior do que a Síndrome de Down, por exemplo. Contudo, estima-se que 18 mil destes bebês, cerca de 78%, sequer recebem o tratamento – em muitos casos, por falta de diagnóstico. Em Cuiabá, a data de conscientização é lei desde dezembro de 2010.
Segundo o cardiopediatra do Santa Rosa Cor, Leandro Ponce, não existe uma causa definida que possa explicar as cardiopatias congênitas. Quanto mais cedo os pais souberem, melhor.
Por isso, a importância do pré-natal – que, quando bem feito, é possível identificar o problema ainda no útero e se preparar para o tratamento assim que o bebê nascer. Porém, sem o diagnóstico correto, muitos desses bebês correm risco de vida. Em todo caso, informação é essencial.
“O termo ‘congênita’ é porque vem desde o nascimento. Ela é uma doença que acontece na formação do bebê – entre a quarta e a oitava semana de gestação, quando se forma o coração. Pode ser um defeito no ‘septo’ [no buraquinho], defeitos de arritmia ou defeitos funcionais. Entre as principais causas, constam desde fatores genéticos até doenças na gestação – que podem ser investigados durante o pré-natal. Bebês com outras malformações também precisam avaliar o coração, pois podem ter a doença associada”, explica Ponce.
O cardiopediatra, que é um dos quatro especialistas que atuam em Mato Grosso, complementa que, apesar de algumas cardiopatias exigirem procedimentos cirúrgicos imediatos após o nascimento, outras são tratadas apenas com medicação para controle dos sintomas e acompanhamento. No entanto, muitas famílias acabam negligenciando este monitoramento por falta de sintomas aparentes – o que pode ser tarde demais.
“É preciso entender que a cardiopatia congênita existe e o diagnóstico precoce é essencial. Tem algumas que é preciso saber antes do nascimento. Isto, para o pessoal da UTI estar preparado, mesmo que não precise de cirurgia. Outras, se resolvem sozinhas e vamos apenas acompanhando. Enquanto algumas, em certo momento, teremos que operar. Se for tratada, o prognóstico é de vida normal. Mas, sem acompanhamento e tratamento ideal pode se tornar uma doença grave e irreversível – resultando, por exemplo, na síndrome de Eisenmenger, que causa hipertensão pulmonar”, ressalta.
Ecocardiografia Fetal
Com a evolução da tecnologia aplicada à medicina, hoje em dia é possível verificar como está a saúde do coração dos bebês com um exame chamado Ecocardiografia Fetal. Nessa fase da gravidez, a mulher costuma realizar o ultrassom morfológico do primeiro trimestre, mas segundo o cardiopediatra um exame não substitui o outro. Se vier negativo, dá segurança ao casal. Se houver cardiopatia, é possível planejar previamente eventuais intervenções.
“O diagnóstico fetal é um grande avanço. O exame de Ecofetal [Ecocardiografia Fetal], que já é oferecido no Santa Rosa Cor, contribui justamente para descobrir precocemente a cardiopatia congênita e, consequentemente, evitar que evolua para doenças irreversíveis. Quanto mais precoce, melhor – até porque, a criança nasce em um lugar preparado para atuar no caso. Inclusive, existem cirurgias fetais, que podem ser feitas dentro da barriga da mãe e ajudar na evolução do coração do bebê”, comenta Ponce.
Apesar de indicado para todas as mulheres, o exame traz como foco gestantes de risco, que tenham menos de 16 anos ou mais que 35 anos de idade, que já tiveram filhos ou outros familiares próximos com cardiopatia congênita, que tenham diabetes ou lupus, que contraíram doenças como toxoplasmose ou rubéola durante a gestação, entre outros fatores. Destaque também para gestações gemelares, de múltiplos e fertilização in vitro.
Teste do coraçãozinho
Após o nascimento, o exame de oximetria de pulso, mais conhecido como Teste do Coraçãozinho, contribui para a triagem neonatal. O exame – feito entre 24 e 48 horas após o nascimento – é capaz de detectar precocemente cardiopatias graves e diminui o percentual de recém-nascidos que recebem alta sem o diagnóstico de problemas que podem levar ao óbito ainda no primeiro mês de vida.
No teste, uma pulseira é colocada no pulso e no calcanhar da criança para medir a oxigenação no sangue, o que confirma se o coração está trabalhando normalmente. Em Cuiabá, o Teste do Coraçãozinho já é lei, tornando-se obrigatório desde junho de 2012, conquista que tem relação direta com o trabalho realizado pela Associação de Assistência à Criança Cardiopata Pequenos Corações – entidade sem fins lucrativos que conta com mais de 50 núcleos regionais, um em Cuiabá.
“Se já foi detectada cardiopatia congênita antes do nascimento, um ecocardiograma transtorácico será solicitado imediatamente. Independente disso, o Teste do Coraçãozinho – que leva menos de cinco minutos – é um grande aliado na detecção de cardiopatias graves”, ressalta o cardiopediatra.
De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no Brasil o registro de óbitos relacionados à cardiopatia congênita é de 107 para cada 100 mil nascidos vivos, representando cerca de 8% da morte infantil. Destes, aproximadamente 30% dos óbitos ocorrem no período neonatal precoce (0 a 6 dias de vida).
Sintomas
Caso não haja o diagnóstico de cardiopatia congênita durante a gestação ou no nascimento, os pais e mães podem observar a presença de alguns sintomas que indicam a existência do problema nos bebês e, até mesmo, em crianças mais velhas, já que ele pode se manifestar depois de anos do nascimento.
“Bebês precisam desse tipo de atenção caso apresentem cianose [dedos ou lábios roxinhos], cansaço durante as mamadas ou baixo ganho de peso, por exemplo. Já, crianças mais velhas devem ser observadas quando demonstram cansaço nas atividades físicas em relação às demais crianças, pouco ganho de peso, cianose, sopro no coração ou apresentem infecções respiratórias de repetição – pois muitas vezes, o problema não é o pulmão, e sim o coração”, pondera Ponce.
Entre as cardiopatias congênitas mais comuns, constam a válvula aórtica bicúspide – que apresenta apenas dois folhetos (denominadas cúspides) em vez dos três normais; a Comunicação Interventricular (CIV), que ocorre quando existe um orifício ou “buraquinho” entre as duas câmaras do coração chamadas de ventrículos (esquerdo e direito); e a Comunicação Interatrial (CIA), um defeito no fechamento do septo interatrial – que é a estrutura que divide parte do coração entre os lados direito e esquerdo.
Santa Rosa Cor
O Santa Rosa Cor é referência na área cardiológica adulta e pediátrica. O hospital oferece desde consultas de prevenção até cirurgias de alta complexidade. A área Cardiológica do Hospital Santa Rosa reúne uma equipe de profissionais multidisciplinar altamente capacitada e atualizada.
Uma Unidade de Tratamento Coronariano, com equipe de enfermagem especializada e cardiologistas de plantão 24 horas por dia, plenamente capacitada para atender pacientes com problemas cardíacos em situação crítica ou de alta complexidade. Por meio do Check-Up Executivo, oferecido no Hospital Santa Rosa, uma equipe multidisciplinar realiza uma série de exames e consultas de diferentes especialidades em um só dia.
Acreditação
O Santa Rosa é o único hospital do Centro-Oeste certificado pela Acreditação Canadense, nível Diamond – uma das principais certificações de qualidade em saúde no mundo. A instituição também é certificada em Excelência, Nível III, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA).
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1 Comentário(s).
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Mailane 13.02.18 02h10 | ||||
Boa noite! Muito esclarecedor tudo que foi colocado sobre a cardiopatia congênita. Parabéns pelos detalhes de cada informação! | ||||
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