Marcelo Nascimento da Rocha

Considerado no passado um dos maiores golpistas do País, Marcelo Nascimento da Rocha, de 40 anos, cuja trajetória inspirou o filme “VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso”, vive como dono de uma empresa de eventos em Cuiabá desde que saiu da prisão, em maio de 2014.
Ele já trouxe vários shows para a Capital, como das bandas Capital Inicial, Biquini Cavadão, Paralamas do Sucesso, Raimundos, além dos cantores de funk Ludmilla e Mr. Catra.
“Eu não troco a vida que eu tenho hoje por nada do meu passado” disse, em entrevista ao MidiaNews.
Marcelo foi preso 12 vezes em diversos Estados por crimes como associação ao tráfico, roubo de avião, estelionato e falsidade ideológica.
Em Mato Grosso, ficou detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, entre 2009 e 2014, quando conseguiu a progressão da pena para prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. Marcelo, aliás, foi o primeiro a ser monitorado com o aparelho no Estado. Atualmente não utliza mais o dispositivo.
Das 12 prisões, o empresário conseguiu fugir de nove e, em muitos casos, pela porta da frente.
Mas seu episódio mais emblemático foi quando fingiu ser Henrique Constantino, filho do dono da companhia aérea Gol, durante entrevista a um programa do apresentador Amaury Junior.
O episódio aconteceu na chamada Recifolia, em Recife (PE), que é umas das maiores festas de Carnaval fora de época do Brasil. Quando começou a se passar pelo herdeiro rico, ele foi paparicado até por atores globais.
Na entrevista, ele admitiu que não se arrepende do episódio. “Não fiz mal a ninguém”, disse. Ele relatou, entretanto, que lamenta os crimes que cometeu e que a vida de golpista não compensa. “Não faria de novo”.
Para Marcelo Nascimento, entretanto, os erros do passado o ajudaram a ter a vida que tem atualmente. Além de empresário do ramo de eventos, ele tem uma empresa de consultoria e faz palestras sobre o poder da persuasão.
As dicas são baseadas na própria experiência de vida. No panfleto das palestras, ele é apresentado como "Marcelo Nascimento VIP" e é classificado como uma pessoa com alto índice de inteligência e dinamismo.
“Queira ou não, as coisas que aconteceram no meu passado eu usei de trampolim para o meu futuro. Mas se você me perguntar se eu busquei isso, eu vou responder que é lógico que não. Eu não fiz aquelas coisas pensando que no futuro viveria de palestras. Mas usei a parte negativa de toda essa história e transformei em positiva. Fiz do limão uma limonada”, argumentou.
Questionado por que escolheu Cuiabá para morar, ele explicou que a cidade é a “terra das oportunidades”. Hoje ele vive na Capital com a mulher, o filho de seis meses e a enteada de 17 anos.
“Adoro Cuiabá. Me sinto em casa. Tenho muitos amigos. Penso que, para quem quer recomeçar, o Estado de Mato Grosso é o mais formidável. Digo isso por onde eu passo no Brasil. E é por isso que eu escolhi esse Estado para morar. Não me vejo morando em outro local. Até tenho condições de morar em Florianópolis, Rio de Janeiro, por exemplo, mas eu não troco Cuiabá por nada”, disse.
Preconceito
Marcus Mesquita/MidiaNews
Marcelo Nascimento faz palestras em todo o Brasil
Apesar de já atuar no ramo de eventos muito antes de ter sido preso, Marcelo relatou que sofre bastante preconceito na área. Porém, isso não o abala.
“Uma vez eu estava contratando uma banda para fazer um show aqui em Cuiabá e um concorrente ligou para o empresário do grupo musical e questionou se ele sabia quem eu era. Só que eu já conhecia o empresário. Ele disse para esse concorrente que não tinha problema com isso, que tudo já estava pago e que a banda ia realizar sim o show em Cuiabá”, contou.
“As pessoas tendem a querer vender o peixe delas não pelo frescor, mas pela podridão do peixe de outros. Mas a verdade é que eu venho trabalhando diariamente, fazendo meus eventos com muita qualidade. E isso provoca inveja”, completou.
Para Marcelo, as pessoas que pensaram que ele sairia da cadeia e voltaria para o crime se frustraram.
“A minha vida é trabalhar e estudar. Desde que eu ganhei a progressão de regime, tenho essa rotina. Acordo muito cedo e trabalho até muito tarde. Faço questão que meus eventos saiam como planejado, que tenham uma boa infraestrutura, um bom som, que as pessoas sejam bem atendidas. Tudo no meu evento tem que funcionar. Eu cuido de todos os detalhes para que não haja nenhum tipo de reclamação”, afirmou.
Uma nova chance
Marcelo faz parte da ONG Anjos da Liberdade, do Rio de Janeiro, que realiza palestras para reeducandos que ganham progressão de regime, numa tentativa de ajudar na ressocialização.
“É difícil para alguém aceitar que uma pessoa que cumpriu o sistema prisional possa ter endireitado. Mas o que as pessoas não sabem é que no Brasil não existe prisão perpétua, nem pena de morte. Então, fatalmente, as pessoas que estão lá dentro do sistema prisional vão sair um dia. E a forma como elas vão sair de lá depende das oportunidades que elas vão ter na vida”.
Para Marcelo, todos os que se encontram atrás das grades merecem uma segunda chance.
“Hoje eu faço muita coisa voluntária para tentar ajudar as pessoas a saírem de lá. E, assim como eu, ter uma oportunidade de ter um emprego e retomar a vida. Porque o melhor caminho é esse, o crime não compensa”.
Os golpes
Marcelo começou a “enganar” as pessoas desde muito novo.
Aos 14 anos, no Paraná - Estado onde nasceu -, ele já se passava por sobrinho do dono de uma empresa de ônibus para não pagar passagem e poder viajar.
“Eu nunca gostei de ficar em casa, sempre dava um jeito de viajar. Eu acredito que boa parte do conhecimento que adquiri na vida foi através de viagens, conhecendo pessoas, lugares”, afirmou.
Aos 21, ele passou a aplicar golpes como vender motos do Exército, carros roubados, vagas em uma faculdade de direito e até terreno no mar.
“Eu vendia coisas absurdamente incríveis e que nenhuma pessoa compraria em sã consciência”, relembrou.
Além de filho do dono da Gol, Marcelo já se passou por policial de elite, guitarrista dos Engenheiros do Hawaii, olheiro da seleção brasileira, campeão de jiu-jitsu, repórter da MTV e produtor do Domingão do Faustão
Em uma das suas prisões, ele liderou uma rebelião na cadeia de Bangu no Rio de Janeiro. As emissoras de comunicação na época disseram que Marcelo se passou por líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) e enganou até mesmo os presos que faziam parte das facções. A rebelião durou 16 horas.
Ele garante, porém, que nunca fingiu ser líder da organização e que foi apenas porta voz do motim.
Marcelo também já foi até piloto do narcotráfico.
Para ele, o título de maior golpista do Brasil agora é dos políticos. "Essa vaga já foi preenchida pela galera do mensalão, do petrolão", ironizou.
Todas essas histórias podem ser conferidas em um documentário.
Assista AQUI.
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7 Comentário(s).
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Mayara 29.09.16 16h15 | ||||
Excelente estrategista. Parabéns por hoje usar sua inteligência para coisas boas e suas palestras para ajudar pessoas. | ||||
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Dennis Rodrigues 26.09.16 07h36 | ||||
Conheci Marcelo no ano passado e sempre demonstrou ser um excelente profissional. Além de ter um ótimo gosto musical, tem um coração de ouro. Tamo junto Marcelão! | ||||
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Yohan 25.09.16 17h33 | ||||
Acredito ser verdade oque Marcelo disse, é um cara de coração bom, e de grande valor. | ||||
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RENATA FREIRE 25.09.16 15h33 | ||||
Assistia reportagens sobre ele, vi o filme que a vida dele inspirou... E sinceramente nao sabia se sentia raiva ou admirava tamanha inteligencia. Das coisas '' erradas '' que ele cometeu deixou alguns ensinamentos: ' podemos ser o que quiser, basta a força que tivermos dentro de nos mesmos'. Hoje em dia conheço pessoalmente e vou admitir, o coração é um dos melhores e maiores que ja conheci na vida! Erros podem ser concertados, e ele é exemplo disso. Hoje vive uma vida diferente, e creio eu que ele deu valor a chance que Deus lhe deu novamente. Tem minha admiração e a sua historia de vida hoje nao é so inspiração para filmes, com suas palestras ele encaminha muitas pessoas para um degrau de sucesso. | ||||
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Leo 25.09.16 15h19 | ||||
Marcelo é um bom amigo e um cara de papo muito reto. Suas colocações e seu posicionamento é firme. É um cara correto nos negócios e tem um envolvimento total em.seus eventos. Os erros do passado como na vida de todos pode servir para tornar alguém melhor. Não somente acredito que tenha se transformado como alguém melhor, como tenho orgulho de ter ele como um dos meus poucos amigos. As pessoas tendem a querer vender o peixe delas não pelo frescor, mas pela podridão do peixe de outros " É bem cuiabá" | ||||
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