KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
O servidor Luiz Carlos Prestes, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Não Renováveis (Ibama) em Cuiabá foi preso na última terça-feira (24) por agentes da Polícia Federal, na Operação Coluna. Ele é acusado de corrupção. O superintendente do Ibama em MT, Ramiro Martins Costa, disse que a prisão não se constituiu numa surpresa.
"Nós já tínhamos escutado rumores, denúncias, mas nenhuma delas foi confirmada. Não havia provas, nessa investigação fomos cautelosos e conseguimos provas contundentes", disse o superintende, em entrevista ao MidiaNews.
Luis Carlos é servidor publico há 33 anos e participou de várias operações, principalmente em ações que desvendou casos de corrupção envolvendo madeireiras. O servidor foi surpreendido pelos agentes na saída de uma empresa. Ele levava um envelope com R$ 20 mil em dinheiro.
Extorsão
Segundo a PF, o fiscal teria pedido R$ 80 mil a uma empresária da Baixada Cuiabana para anular uma multa de mais de R$ 2 milhões. Toda a negociação foi gravada pela vítima. Nela, o fiscal afirma que outras quatro pessoas estão envolvidas no esquema.
Prestes vai responder por corrupção passiva e peculato, que é o crime praticado por servidor público contra uma instituição pública. Se condenado, ele pode pegar até 12 anos de prisão. Além do processo administrativo que será instaurado.
Recebendo salário
O servidor está detido na Policia Federal e, como está gozando o período de férias, continua recebendo salário. "O salário dele seria cortado se ele estivesse faltando o trabalho; como está em férias não tem como suspender", disse o superintendente do Ibama.
Martins Costa informou que a corregedoria já está analisando o caso e deve fazer um pedido para que a presidência do Ibama afaste Prestes de todas as atividades.
"Na próxima semana, uma comissão disciplinar deve chegar em Cuiabá. Assim, acredito que ele [Prestes] deve ser afastado, mas o corte salarial só será feito depois de julgado e comprovada a sua culpa", revelou.
Para a Polícia Federal e o Ibama, as provas são contundentes. O advogado do servidor preso disse que só vai se pronunciar quando tiver acesso ao inquérito.
Outros sumiços
Segundo assessoria do Ibama, outros sumiços de processos ainda estão sendo investigados. "Temos conhecimento de pelo menos 30 processos que não conseguimos encontrar. Eles constam no sistema, mas não são encontrados nos departamentos", revelou Martins Costa.
Além do preso, duas outras pessoas são investigadas: um servidor ativo do órgão e um ex-servidor demitido recentemente por envolvimento nas fraudes desbaratadas pela Operação Curupira, deflagrada em 2005.
Veja trechos da conversa do servidor Luiz Carlos Prestes com uma empresária da Baixada Cuiabana, grava pela PF com autorização judicial:
Luiz Carlos: Tem a compensação financeira que eles querem.
Empresária: E o que eles pediram?
Luiz Carlos: Eles pediram 80.
Empresária: 80 mil?
Luiz Carlos: É. São 2 milhões e 300 de multa, né?
Empresária: E vocês tão pedindo 80 mil
Luiz Carlos: É, que aí entrega na sua mão o processo. Aí você queima, rasga.