Cuiabá, Quinta-Feira, 26 de Junho de 2025
FRUTO DO CERRADO
10.11.2019 | 10h00 Tamanho do texto A- A+

Há 24 anos em Cuiabá, “Baiano” vende até 60 litros de pequi por dia

Ele é um dos vendedores mais antigos do centro da Capital e já chegou a vender 420 litros do fruto

MidiaNews

Baiano tem uma barraquinha de frutas e pequi junto com sua esposa, localizada próxima a Riachuelo

Baiano tem uma barraquinha de frutas e pequi junto com sua esposa, localizada próxima a Riachuelo

VITÓRIA GOMES
DA REDAÇÃO

Andando pelas ruas do centro de Cuiabá é impossível não sentir o cheiro característico do pequi nesta época do ano. E é em uma dessas calçadas que José Miranda, conhecido como Baiano, há mais de 20 anos passa o dia vendendo litros e mais litros do fruto.

 

Nascido em São Paulo, Baiano vive em Cuiabá desde 1995, quando se mudou com a família para tentar a sorte na Capital mato-grossense.

 

Hoje, com 69 anos, ele e a esposa mantêm uma barraquinha no calçadão em frente a Riachuelo, onde vendem frutas e, entre novembro e fevereiro, o fruto mais famoso do Cerrado: o pequi.

Lembro que nos primeiros anos vendia tanto que no meio do trabalho eu pedia ao fornecedor para ir trazendo mais e mais, porque acabava. Cheguei a vender 7 galões de pequi.

 

“Lembro que nos primeiros anos vendia tanto que no meio do trabalho eu pedia ao fornecedor para ir trazendo mais e mais, porque acabava. Cheguei a vender 7 galões de pequi, cada um deles com 60 litros”, conta Baiano em entrevista ao MidiaNews.

 

Apesar do sorriso no rosto, a rotina do vendedor não é fácil. Ele conta que seu dia começa às 3h da manhã, horário em que dirige até o centro para começar a arrumar a sua mercadoria.

 

Durante toda a tarde, faça chuva ou faça sol, Baiano e a esposa permanecem na barraquinha, embaixo da sombra de uma árvore, vendendo os frutos para quem passa pelo calçadão.

 

No entanto, mesmo encerrando o expediente no final da tarde, Baiano afirma que só consegue dormir às 22h, depois de preparar a mercadoria para o próximo dia de trabalho.

 

A rotina é exaustiva, mas ele diz não se arrepender da vida que escolheu viver 20 anos atrás.

 

Concorrência grande

 

Com duas décadas no ramo, Baiano reconhece que o lucro já não é mais o mesmo de quando conseguia vender 420 litros de pequi em apenas dia.

 

Atualmente, é comum achar vendedores de pequi a cada esquina da Capital. Isso faz com que a freguesia prefira o fornecedor mais próximo.

 

“Estamos vendendo pouco. Antes, o Centro era só aqui nessa região da Praça Alencastro, mas hoje em dia em todo lugar que você vai é Centro. Os vendedores se espalharam e o pessoal não vem mais aqui. Quem vende pequi nesses bairros vende muito, mas os daqui vendem pouco”, explica.

 

MidiaNews

Cleidson da Silva

Cleidson vende seu pequi há anos em Cuiabá pelo preço padrão de R$ 10 a lata

Com a nova realidade do mercado, Baiano conta que consegue vender um galão por dia com 60 litros do fruto, que equivale a R$ 600 bruto, tirando as despesas que consome no dia a dia.

 

Esse é um cenário que não atinge apenas o vendedor. Exemplo disso é Cleidson da Silva, que trabalha com o pequi há 10 anos em Cuiabá. Ele, assim como Baiano, não nasceu no Estado e veio de Goiás para desbravar Mato Grosso 15 anos atrás.

 

 

Ele explica que no dia a dia consegue vender entre 40 à 50 litros do fruto.

 

“Consigo vender todos os dias, mas tem dia que não sai por causa do pagamento das pessoas. Com as vendas, calculando todos os gastos, eu consigo levar uns R$ 70, R$ 80 para casa”, afirma.

A gente (os vendedores) consegue trabalhar tranquilo. Agora, quando o fiscal passa aqui não somos nós que corremos dele, mas, sim, ele que corre da gente

 

Fiscais da Prefeitura

 

Desde que montou sua barraca, Baiano segue trabalhando na região da Praça Alencastro. Ele se recorda do tempo em que não tinha sossego para trabalhar por conta dos fiscais que sempre apareciam na região.

 

“No começo, eu trabalhava correndo, vivia fugindo de fiscal, porque, quando eles chegavam, pegavam todas as nossas mercadorias”, lembra.

 

Após mais de 10 anos trabalhando com medo de perder suas mercadorias, Baiano finalmente conseguiu um documento de liberação da Prefeitura.

 

Sentado em um banquinho de plástico enquanto descasca habilidosamente um a um os pequis de sua barraca, ele diz se sentir feliz por não ter que se preocupar mais com o monitoramento dos fiscais. Para ele, essa foi uma vitória que ele conquistou depois de tanto tempo de desassossego.

 

“A gente (os vendedores) consegue trabalhar tranquilo. Agora, quando o fiscal passa aqui não somos nós que corremos dele, mas, sim, ele que corre da gente”, brinca.

 

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