Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
QUEDA DE PARAPENTE
26.03.2012 | 17h26 Tamanho do texto A- A+

Instrutor é indiciado por homicídio

Segundo a polícia, a trava de segurança do equipamento estava aberta

Norton Marcon/TV Globo

A jovem momentos antes de pular de parapente

A jovem momentos antes de pular de parapente

G1

O delegado Fábio Barucke, da 15ª DP (Gávea), indiciou nesta segunda-feira (26) o instrutor de voo Alan Figueiredo por homicídio culposo por negligência, após a morte da nutricionista Priscila Boliveira. A jovem de 24 anos, irmã do ator Fabrício Boliveira, morreu ao cair de cerca de 20 metros durante um salto de parapente, em São Conrado, na Zona Sul do Rio.

“Pelas imagens, percebe-se que a trava de segurança estava aberta. Mostrei para um instrutor e pessoas experientes e eles perceberam isso. Ele vai responder por homicídio culposo por negligência. A culpa foi dele que não travou a trava de segurança”, explicou o delegado. Homicídio culposo é aquele em que não há intenção de matar.

O delegado explicou ainda que o instrutor de voo será indiciado formalmente até sexta-feira (30), no entanto, para a polícia, ele já é considerado indiciado.

O corpo de Priscila Boliveira foi removido do Instituto Médico-Legal (IML) na tarde desta segunda-feira (26). O velório está marcado para terça-feira (27), em Salvador, onde a jovem morava.

Ainda nesta segunda, o presidente da Associação Brasileira de Voo Livre (ABVL), Marcelo Silveira de Almeida, e o presidente do Clube São Conrado de Voo Livre (CSCVL), Carlos Trota, prestaram depoimento sobre o acidente de parapente ocorrido no domingo (25).

Polícia investiga negligência ou imprudência
A Polícia Civil do Rio investiga se houve negligência ou imprudência no acidente. Mais cedo, o delegado Fábio Barucke explicou o que poderia ser considerado negligência. "Negligência pode ser apurada com a prova pericial para verificar se existe alguma falha do equipamento, mau uso, maus-tratos, enfim, e imprudência justamente neste sentido da fivela ter sido mal colocada no momento do voo que realizou e aconteceu essa fatalidade”, explicou o delegado nesta segunda-feira (26).

Durante o depoimento, segundo o delegado, o instrutor contou que houve duas tentativas de voo, sendo a primeira sem sucesso. O instrutor contou, ainda, que tentou segurar Priscila com as pernas quando percebeu que ela estava caindo e que ela tinha se soltado da fivela de segurança. A vítima, de acordo com o depoimento do instrutor, caiu durante tentativa de aterrissagem.

“Ele falou que no momento do voo houve uma primeira tentativa, nessa primeira tentativa a vítima parou na corrida da rampa e eles vieram ao solo no momento da corrida e teve que fazer uma segunda tentativa. Na segunda tentativa a vítima novamente parou, mas eles foram assim mesmo, voaram, teve uma queda de altitude, mas logo em seguida eles recuperaram, e no momento do percusso ele percebeu que ela estava caindo, ele tentou segurar, botou a perna, mas ele não teve força suficiente, e ela caiu ao solo, vindo a morrer”, disse o delegado.

A polícia também tenta localizar a câmera que teria sido usada para registrar o voo. Segundo o irmão da jovem, a câmera sumiu após o acidente.

Câmera desaparecida
O delegado afirmou, ainda, que o instrutor será intimado a apresentar a câmera à delegacia, sob crime de desobediência: "Nós estamos indo agora atrás dele (instrutor) para que ele forneça essa câmera, que pode instruir o procedimento e no final concluir se realmente houve essa imprudência e o fato possa ser encaminhado à Justiça. A equipe da delegacia está indo atrás dele intimando para que ele apresente a câmera aqui na delegacia, uma vez que ele já foi ouvido na delegacia e não apresentou essa câmera, e nada falou sobre ela, e agora como nós estamos sabendo, nós estamos intimando para que ele apresente aqui imediatamente”, ressaltou Barucke.

A polícia vai fazer perícia no parapente e nas correias de segurança para tentar entender o que aconteceu.

Amigas acreditam em falha
Três amigas do irmão de Priscila, que estavam no local da decolagem, estiveram na delegacia na manhã desta segunda (26). Elas acreditam que tenha ocorrido uma falha na segurança. “Já vi muitas pessoas voando e na hora que eles saltaram, ela desgrudou dele, ela caiu. O parapente deu uma queda absurda e depois subiu. Isso não é uma coisa normal", diz a fotógrafa Carolina Beiriz, que filmou a decolagem da rampa de pouso.

"Vendo o meu vídeo você vê que eu dou um grito na hora. O que eu senti, depois do que eu filmei e cheguei lá embaixo e ela não estava, sabia que tinha alguma coisa errada. O cara não conectou a perna dela, para mim isso é fato”, afirmou Carol, ressaltando que, depois do acidente, alguém da empresa ainda teria tentando devolver o dinheiro pago pelo voo (R$ 250) ao irmão da vítima.

Segundo Gaya Maria Magalhães, uma das amigas que também esteve na rampa de decolagem, eles só receberam informação do que havia acontecido com a jovem meia hora depois do acidente. “Começamos a buscar informações junto com a Federação Brasileira de Voo Livre e com o clube e eles ficaram tentando amenizar a situação e ganhar tempo”, disse Gaya.

De acordo com ela, instrutores que já trabalharam no clube afirmam que os responsáveis pela vistoria do equipamento não possuem qualificação técnica para fazer a avaliação. “Estávamos lá presentes e verificamos que realmente não tem uma pessoa que verifique se o equipamento está instalado de forma correta. Em nenhum momento nada disso aconteceu. Ela foi ao encontro do instrutor, ele fez a amarração e ele fez o salto. Então, é nítido que não existe essa vistoria”, afirmou.

Para Kátia Todling, que também esteve no local na hora da decolagem, as condições da rampa não são boas. “Não tem uma sinalização para a gente poder ver se o tempo está bom, se a térmica está boa. Já escorregaram na saída porque é um limo aquela rampa”, disse ela.

Ainda de acordo com Kátia Todling, enquanto os amigos estavam tentando obter informações sobre o que havia ocorrido na Associação de Voo Livre, uma ambulância já estava no local cobrindo o corpo e dando Priscila como morta.

“Por que a gente não podia saber? Por que quando chegamos lá já havia ocorrido todo um desfecho? Por que depois só o ferro da câmera e a proteção foram aparecer dentro dos bombeiros?", questionou.

Jovem estava de férias no Rio
Priscila morava na Bahia e passava férias no Rio. Ela teria despencado de uma altura de aproximadamente 30 metros, durante um voo duplo, segundo testemunhas. O instrutor não sofreu ferimentos.

Na noite de domingo, o advogado do instrutor Alan Figueiredo, Marco Aurélio Gomes Araújo, ao deixar a 15ª DP (Gávea), onde seu cliente prestou depoimento, disse que o instrutor viu algo errado no equipamento de segurança de Priscila segundos depois da decolagem. Ele disse ainda que a dupla já havia caído antes de saltar e por isso houve duas decolagens. Segundo o advogado, o instrutor tem 12 anos de profissão.




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