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20.07.2014 | 14h52 Tamanho do texto A- A+

Lan houses e cyber cafés estão em fase do declínio

Computadores mais baratos esvaziam locais em Cuiabá

Reprodução

Lan houses ou cybers cafés eram febres na Cuiabá dos anos 1990

Lan houses ou cybers cafés eram febres na Cuiabá dos anos 1990

GUSTAVO NASCIMENTO
DIÁRIO DE CUIABÁ
Febre no final dos anos 1990 e início dos anos 2000 as lan houses e cyber cafés lotavam as esquinas dos bairros de Cuiabá e em todo o país. Porém, 10 anos depois, com o barateamento de computadores e dispositivos móveis e da internet, praticamente não se encontra mais o serviço na Capital. Para sobreviver, alguns estabelecimentos atuam nos serviços de fotocópias por meio de xerografia, emitindo boletos e outros documentos.

O negócio de disponibilizar acesso à internet em bairros até então esquecidos pela tecnologia e a preços módicos, se tornou muito lucrativo. Como tinham diversos jogos, os estabelecimentos também substituíam os já raros fliperamas. E em cada esquina, o que se via eram salas repletas de computadores, com filas imensas de jovens e adolescentes às portas. As lan houses chegavam funcionar 24 horas por dia para abastecer as jogatinas dos garotos, nos famosos corujões.

Marcelo Corrêa, de 24 anos, viveu bem esta fase. Ele era um usuário assíduo das lans, onde passava boa parte dos seus dias jogando. O rapaz passava tanto tempo no local que, com 19 anos, começou a trabalhar como recepcionista da empresa.

Segundo ele, os 12 computadores que o local tem, passavam o dia, praticamente lotados. Marcelo afirmou que a empresa chegou a ter mais de 7 mil pessoas cadastradas, contudo menos de mil pessoas continuam com cadastros ativos. “A procura era tanta que ficavam mais de 8 pessoas esperando por máquina. Hoje, lota raramente em alguns momentos.”

Conforme o recepcionista, no auge dos cafés virtuais, seu bairro, Dom Aquino, tinha ao menos seis estabelecimentos, agora somente a lan onde trabalha continua funcionando.

Dono do cyber café Chandon, localizado próximo a Universidade de Cuiabá e Unirondon, Sérgio Tadahi, contou que a diminuição da procura fez com que ele reduzisse o quadro de funcionário para apenas uma atendente. Ele afirmou que somente com a empresa não tem como sobreviver e por conta disso comanda outros empreendimentos.

Um problema recorrente da época era alto índice de jovens e adolescentes que frequentavam os locais. As crianças matavam as aulas para passar horas e horas imersas em jogos online e em rede. A preocupação dos pais gerou uma comoção nacional pela proibição de uma série de games considerados viciantes e violentos.

Em 2008, uma lei municipal proibiu a instalação de bares, casas de jogos eletrônicos e lan houses a menos de 500 metros de escolas. A lei estadual também nº 8.502 também proibiu a entrada de crianças com menos de 12 anos nas lan houses e cibercafés sem o acompanhamento de pelo menos um dos pais ou responsável legal.

Já os adolescentes com idade entre 12 e 16 anos só podem entrar sozinhos se tiverem autorização por escrito de um de seus pais. Também foi proibida a permanência de menores de 18 anos após a meia-noite. E os estabelecimentos precisam criar e manter atualizado um cadastro de seus usuários.

"Sempre tem alguém que precisa"

Sem a presença dos adolescentes e com computadores, notebooks e celulares cada vez mais baratos e ligados à rede mundial, as lan houses deixaram de sobreviver apenas do acesso a internet e dos jogos em rede. Apenas os negócios localizados perto de faculdades ganharam sobrevida, por conta dos serviços de Xerox, digitação e impressão.

Conforme Alex Farias, proprietário de uma lan house em frente a faculdade Afirmativo há oito anos, as empresas tiveram que se adaptar e oferecer outros serviços. Ele afirmou que comprou uma outra lan na região do CPA, pois a empresa estava praticamente falindo.

“Eles lucravam no máximo R$ 30 por dia. Assim que compramos colocamos os serviços de Xerox e conseguimos melhorar o rendimento para até R$ 200. Ainda é longe da época áurea onde o lucro era de R$ 500 por dia ou mais.”

Segundo Alex, com o passar dos anos houve uma mudança no perfil dos clientes, que agora não vão mais ao local para jogar e sim para fazer trabalhos e navegar na internet no intervalo do almoço. A empresa chegou a mudar o nome de Start Games para Start Cópias. “Nós nem temos mais muitos jogos. Uma maquina para jogo custa R$ 4 mil, com o lucro da empresa não tem como ficar investindo tanto”.

Apesar da queda na procura, ele acredita que o serviço não irá se extinguir. “No Japão, que a tecnologia é muito superior, ainda existe cyber café, então aqui também vai existir. Sempre tem alguém que precisa”.

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