Os chicletes estão por toda parte, emporcalhando as cidades. Custa caro retirar as gomas de mascar que a população vai deixando pelo caminho: mais de R$ 30 por metro quadrado.
Considerando uma calçada de cem metros quadrados, que é mais ou menos o padrão de duas ruas nas cidades brasileiras, são R$ 3 mil para limpar uma única calçada. Mas a goma de mascar deixa marcas não apenas no chão. A falta de educação é tamanha que postes, estátuas e até bancos de ônibus viram lixeira.
Basta baixar o olhar para enxergar as marcas da falta de educação. “É horrível, nojento, uma falta de educação pura e simples”, reclamou a aposentada Rosa Maria de Paula Monteiro.
Mais irritante e difícil ainda é se livrar de uma goma de mascar. “Embaixo da mesa, algum lugar assim, você bota a mão e tem um chiclete”, aponta a analista de câmbio Adriana Cristina Pereira.
“Tem de pegar um papelzinho ou um pauzinho. Se não tiver, você puxa com a mão, porque você não vai andar com aquilo. É horrível”, diz o fotógrafo Anderson Angélico.
Enquanto espera o transporte, para disfarçar, tem gente que tira o chiclete e coloca embaixo do banco do ponto de ônibus. Nem a cadeira escapa.
“Já perdi umas duas calças, pelo menos no ônibus. Sentei e aí senti uma cosia esquisita. Quando eu levantei, estava toda grudada de chiclete”, lembra a consultora de vendas Aline Soares.
Na Avenida Paulista, a mais famosa de São Paulo, é só olhar atentamente: na parede da farmácia ou colado no semáforo, lá estão os chicletes. “Ele vai fazendo o recobrimento. O sol não penetra, então ele começa a criar manchas. É como se fosse uma capa”, explica o restaurador Francisco Zorzete.
A Avenida Paulista tem quase três quilômetros. Por ela passam, todos os dias, um milhão e meio de pessoas. Na hora de o semáforo abrir, parece ser a hora em que querem se livrar do chiclete. O chão está
A entrada da banca de revistas fica suja. Ivan desistiu de tentar limpar. A prefeitura de São Paulo informou que as calçadas são varridas duas vezes ao dia. “Só varrer não adianta, tinha de ser uma coisa especial”, acredita o vendedor.
O restaurador Francisco Zorzete fez os cálculos e diz que fica caro remover essa sujeira. “Poderia dizer que um metro quadrado, para você remover um chiclete, com as equipes todas, com os equipamentos e solventes todos, custaria de R$ 30 a R$ 35 o metro quadrado. A gente pode trabalhar num primeiro momento com uma remoção mecânica, com uma espátula. Depois você tem de vir com o solvente e com um detergente justamente para você trabalhar a superfície por igual. Senão, vai continuar manchado”, calcula o restaurador.
O trabalho e o transtorno poderiam ser evitados de um jeito bem simples. “O pessoal tem de ter um pouco mais de consciência e jogar onde deve se jogar: no lixo”, ensina um jovem.
Uma calçada da Avenida Paulista que está coberta de chicletes é novinha, foi totalmente trocada em 2008, e já está suja. Até a Sala São Paulo, uma das melhores do mundo para concertos, também sofre com essa falta de educação. Os chicletes são colocados nas cadeiras da sala. É inacreditável.
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