KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
A dona de casa Suely Mariana Vilela relatou, em entrevista ao MidiaNews, o sofrimento que tem passado desde teve a confirmação da morte da filha, Maiana Vilela, 16. Ela suspeita que a filha estivesse grávida quando foi assassinada e que esse seria um dos motivos da execução da menor.
O empresário Rogério Amorim, 38, ex-namorado da jovem, é acusado de ser o mandante e mentor do crime.
O corpo de Maiana foi resgatado pela Polícia na manhã do dia 25 de maio, após a menor ter ficado cinco meses desaparecida.
Além de Rogério, a polícia prendeu a esposa do empresário, Calisângela de Moraes, 36, que também é acusada do crime. Paulo Ferreira Martins, 40, e Carlos Alexandre Nunes da Silva, são apontados como os executores.
A entrevista foi realizada na manhã de segunda-feira (18), na residência de Suely, no bairro Doutor Fábio, na periferia de Cuiabá.
A mãe não descarta a possibilidade de que Maiana estivesse grávida quando foi assassinada. Ela revelou que a adolescente, em uma oportunidade, a questionou sobre como se fazer um aborto.
“Ela me perguntou se chá de canela abortava, respondi que não. Ela me disse que era uma amiga que queria saber. Depois, ela fez outras perguntas sobre aborto para uma conhecida. Não me disse que estava grávida. Mas, me lembro que os seios dela estavam bem maiores. Eu perguntei se ela estava grávida, me disse que não. Mas, tinha medo de eu brigar. Não duvido que a tenham assassinado por conta disso”, afirmou.
Na sexta-feira (15), Suely foi até a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) buscar as roupas e objetos pessoais da filha, que estavam na casa do empresário.
“A minha filha se resumiu a quatro sacolinhas de plástico, com algumas roupas e perfumes. Tinha roupa com a etiqueta, que ela tinha comprado para usar no Natal e no Ano Novo. Foi isso que me restou, além das lembranças e da saudade, que não passa”, contou a mãe.
Denúncia de extorsão
“Quero deixar claro que não havia nenhuma extorsão, chantagem ou algo do tipo, como foi dito. Não temos dinheiro, somos pobres, mas somos pessoas dignas. Nunca pedi ajuda para cuidar de meus filhos. Fomos abandonados pelo meu ex-marido muito cedo. Me virei sozinha, mas sempre com dignidade. Nunca ‘vendi’ minha filha, eu só queria o bem dela. E tem mais: quem extorque as pessoas tem dinheiro, a minha filha só deixou essas roupinhas, nada de valor. É um canalha dizer que ela estava chantageando ele”, disse Suely, se referindo a Rogério.
“Eu me arrependo todos os dias de ter permitido o namoro. Não devia ter deixado, tinha que ter ido contra a vontade dela, devia ter procurado o conselho tutelar, a Polícia... e denunciado aquele canalha. Nunca recebi nenhum proveito, apenas perdi a pessoa que mais amava. Só queria a felicidade de minha filha. Ela me dizia: ‘Mãe estou apaixonada, feliz, feliz. Ele me ama, vamos nos casar’. Ela morreu acreditando que ia se casar e ter uma vida normal. Era isso que ela queria, uma família, e não apartamento, dinheiro. Ela só queria amor...”, completou.
Romance escondido
Suely contou que a filha escondeu o relacionamento com o empresário, por medo de ser repreendida.
“Eu vi que ela ganhou uma caixa de bombom, depois um buquê de rosas, um ursinho... Perguntava quem era o admirador e ela não dizia. Um dia, achei dinheiro escondido dentro do ursinho. Perguntei quem tinha dado e ela me contou que foi o Rogério. Dei uns tapas nela e ela ficou de castigo, sem sair de casa por uma semana”, disse a mãe.
Uso de outras menores
O temor de Suely era que acontecesse com a filha o mesmo que já havia ocorrido com outras meninas do bairro Doutor Fábio, que, segundo ela, também foram envolvidas pelo empresário.
“Eu briguei com Maiana, disse que o Rogério não prestava, que já tinha usado outras garotas. Ele se envolveu com várias meninas, sempre menores de idade. Uma das meninas afirma que engravidou dele, aí depois ele sumiu. Se a Maiana estivesse grávida, pode ter pensado que ia acontecer o mesmo com ela”, contou.
Mesmo com os alertas da mãe, Maiana se recusou a terminar o namoro e foi morar na casa da sogra, no bairro CPA II.
“O castigo e briga não adiantaram, ela já estava apaixonada. O Rogério apareceu na minha casa, me mostrou uns papéis de separação dele com a Calisângela. Aí, falou que ia namorar a Maiana, que estava apaixonado. Depois disso, a minha filha foi morar na casa da mãe dele. Vendo tudo isso, achei que era de verdade. Que mãe ia permitir que a amante de um filho casado morasse junto com ela?”, questionou.
Última conversa
Suely se emociona ao lembrar a última conversa que teve com a filha. Elas se despediram no dia 20 de dezembro de 2011, um dia antes de Maiana ser assassinada, em um plano cruel, tramado pelo ex-namorado Rogério Amorim, de acordo com a Polícia Civil
“Eu estava dentro no ônibus, indo para o Paraná, quando ela me ligou e disse: ‘Mãe nunca esqueça de uma coisa: Eu te amo, eu te amo, eu te amo’. E eu respondi que que também a amava muito. Essa foi a nossa última conversa, e que eu nunca vou me esquecer”, completou.
Caso Maiana
Maiana Vilela desapareceu no dia 21 de dezembro de 2011. Investigações da Polícia Civil mostram que a jovem foi vítima de um plano tramado pelo ex-namorado, Rogério Amorim.
A DHPP prendeu oito pessoas por envolvimento no crime, quatro foram liberados por não terem participado efetivamente do assassinato, apenas sabiam do crime.
A prisão temporária foi revogada após o depoimento deles que contribuiu para esclarecer o assassinato e também apontar os autores.
Continuam presos o empresário a esposa dele, Calisângela de Moraes, 36. Como executores, Paulo Ferreira Martins e Carlos Alexandre Nunes da Silva, que teriam recebido R$ 5 mil pelo crime, além da moto que Carlos ainda a revendeu.
Segundo a Polícia, Rogério contratou Paulo Ferreira e Carlos Alexandre para executarem a menor.
Ele deu um cheque de R$ 500 para Maiana descontar no Banco Itaú, no CPA 1. Ela teria que levar R$ 400 desse montante para pagar um suposto caseiro, em uma chácara na região do Coxipó do Ouro.
Esse pagamento era parte do plano de Rogério para atrair Maiana para o seu algoz. A garota foi até a chácara, entregou o dinheiro para Paulo, que a matou em seguida, por asfixia. Ele teve a ajuda de
Carlos Alexandre.
A dupla colocou a menor no banco traseiro de um automóvel Uno, de cor prata, que pertencia a Paulo. Eles levaram o corpo de Maiana até a empresa de Rogério, no bairro Três Barras, para que ele comprovasse a morte da ex-namorada.
Depois disso, o corpo da menina foi enterrado em uma área afastada na estrada da Ponte de Ferro, a cerca de 15 km de Cuiabá. O corpo de Maiana foi resgatado por policiais na manhã de 25 de maio, uma sexta-feira, após terem prendido a quadrilha.
Veja algumas fotos de Maiana quando criança e flagrantes da mãe guardando as roupas da filha: