Cuiabá, Quarta-Feira, 16 de Julho de 2025
TRAMA E CRIME
16.07.2025 | 08h50 Tamanho do texto A- A+

PM era "sugar daddy" de homem preso por matar trans, diz Polícia

O policial sustentava o estilo de vida do suspeito; corpo da vítima ainda não foi encontrado

Reprodução

Marcos Yuri Amorim (esquerda) vivia suposto relacionamento amoroso com o policial ambiental Roberto Carlos de Oliveira (direita)

Marcos Yuri Amorim (esquerda) vivia suposto relacionamento amoroso com o policial ambiental Roberto Carlos de Oliveira (direita)

TIAGO MINERVINO
COLABORAÇÃO PARA O UOL

O policial ambiental da reserva Roberto Carlos de Oliveira, preso por suspeita de participação no assassinato de Carmen de Oliveira Alves, era "sugar daddy" de Marcos Yuri Amorim, namorado da vítima e principal suspeito de executar o crime.

 

Marcos Yuri namorava com Carmen, mas ao mesmo tempo se relacionava com Roberto Carlos, que sustentava o estilo de vida do suspeito. "A relação de sugar daddy [quando o mais velho da relação banca o mais novo] encaixa como uma luva. O Roberto tem poder econômico e o Yuri não tem. Ele [Yuri] trabalhava como entregador e fazia bicos", afirmou o delegado do caso, Miguel Rocha.

 

Roberto Carlos tem poder aquisitivo, segundo o delegado. O policial ambiental tem uma "boa aposentadoria" como segundo tenente, além de ter recebido recentemente uma herança de família de valor não informado.

 

Yuri havia se inscrito para prestar concurso público para oficial da PM do estado. De acordo com o delegado, essa é mais uma evidência da relação que os dois mantinham, porque Roberto teria incentivado Yuri a realizar a prova.

 

Militar é apontado como "comparsa" de Yuri no crime contra Carmen. A Polícia Civil de São Paulo não informou há quanto tempo os dois estavam juntos, mas afirma que eles assassinaram a estudante e depois ocultaram o corpo que, até o momento, não foi encontrado.

 

Roberto Carlos é policial ambiental da reserva e atuava em Ilha Solteira. Ao UOL, o advogado do militar afirmou que ele é inocente e "não cometeu os crimes dos quais é acusado". A defesa não comentou o suposto envolvimento amoroso dele com Yuri.

 

O UOL tenta contato com a defesa de Marcos Yuri. Entretanto, em depoimento ele também alegou inocência.

 

'Aproveitador'

 

Marcos Yuri e Carmen se conheciam desde criança, segundo o irmão da vítima, Lucas Oliveira Assis. Ao UOL, ele descreveu o suspeito como um "aproveitador". "Na faculdade ela fazia os trabalhos pra ele, ela cozinhava e chamava ele pra dormir em casa, pra comer, pra sair, enfim, ela meio que carregava ele nas costas, só queria saber de coisas pro seu próprio benefício".

 

Família de Yuri era contra o namoro por Carmen ser uma mulher transexual, diz Lucas. "Era uma coisa muito discreta, os amigos nunca conviveram com Carmen e o Yuri no mesmo lugar [...] Era algo muito assim, só os dois. Era tudo muito escondido para a família [dele] não descobrir".

 

Relatos de Lucas vão ao encontro da investigação policial. Segundo a polícia, o crime foi motivado pela pressão de Carmen para Marcos assumir o namoro. Por não querer tornar o relacionamento público, o suspeito teria assassinado a namorada em 12 de junho, exatamente no Dia dos Namorados.

 

Dossiê

 

Carmen teria descoberto supostas práticas ilícitas de Marcos Yuri. De acordo com a polícia, a estudante encontrou evidências de crimes cometidos pelo namorado e colocou tudo em um dossiê em seu notebook, que foi deletado no dia em que ela desapareceu.

 

Corpo da estudante ainda não foi encontrado. Entretanto, a polícia já trata o caso como feminicídio e realiza buscas nas proximidades da casa de Yuri para localizar o corpo da jovem. Ela foi vista com vida pela última vez naquela data, após deixar o campus de Ilha Solteira da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), onde cursava zootecnia, mesmo graduação feita por Yuri.

 

Yuri mora em um assentamento em Ilha Solteira, cidade localizada a 674 km de São Paulo. Para auxiliar na investigação, a Justiça autorizou a quebra do sigilo telefônico da estudante e dos dois suspeitos. De acordo com a polícia, os dados do aparelho celular da vítima indicam que ela não saiu da cidade.

 

O pai de Carmen, Gerson, disse que precisa saber do paradeiro da filha para poder ficar em paz. "Precisamos do corpo, ou de onde que ela esteja, para a gente ficar em paz", disse ele nas redes sociais.

 

"Que punam as pessoas que fizeram essa brutalidade com ela", disse Gerson, pai de Carmen.

 

Unesp divulgou nota em solidariedade e afirmou que a comunidade escolar está "profundamente abalada". Universidade afirmou que tem colaborado com as investigações e repudiou "toda forma de violência".

 

Em caso de violência, denuncie

 

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

 

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

 

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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