Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
CASO WALL STREET
10.05.2012 | 11h10 Tamanho do texto A- A+

Prejuízos com trote na PM podem passar de R$ 100 mil

Paulo Pereira, 47, ligou para o Ciosp e inventou invasão em edifício comercial; ele está preso

KPMidiaNews/Marcos Vegueiro

Coronel Lino Farias alerta para perigos dos trotes; Paulo (destaque) está preso

Coronel Lino Farias alerta para perigos dos trotes; Paulo (destaque) está preso

KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Osmar Lino Farias, considerou "incalculáveis" os prejuízos causados pelo trote que o pedreiro Paulo Rodrigues Pereira, 47, praticou contra o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), na segunda-feira (7). Contudo, ele avaliou que a corporação teve um gasto de mais de R$ 100 mil.

Devido ao trote, as equipes de elite da PM - Bope, Rotam e Ciopaer -, além do Corpo de Bombeiros e Samu, se deslocaram para a Avenida Isaac Póvoas, na região Central, e cercaram as imediações do Edifício Wall Street. A operação iniciou as 8h30 e foi finalizada às 11h30, quando oficiais confirmaram que a denúncia de um assalto com sequestro, no prédio, era falsa.

Paulo Pereira telefonou para o Ciosp usando um celular e disse que era zelador do edifício, que estava sendo invadido por "quatro bandidos fortemente armados".

Em outra ligação, ele se passou por um dos supostos bandidos e dizia que iria matar reféns, caso o Bope entrasse no edifício.

O coronel Farias disse ao MidiaNews que não há como mensurar precisamente o valor que foi gasto com toda a operação.

“É difícil dizer um valor exato. Deslocamos oficiais do Bope, com os atiradores de elite, Rotam, helicóptero do Ciopaer, ambulâncias do Samu, carro do Corpo de Bombeiros, agentes de trânsito... Fizemos reservas nos hospitais, médicos ficaram de prontidão... Foi uma operação muito grande. Os profissionais passam por uma tensão muito grande, é uma alta gama de estresse”, disse o oficial.

Além dos gastos diretos da megaoperação, Farias pontuou que não devem ser deixado de lado os prejuízos que foram causados em toda a sociedade, que padeceu em vários quesitos, devido ao trote do pedreiro.

“Não podemos deixar de contabilizar que o edifício alvo da operação é um conjunto comercial. As pessoas deixaram de trabalhar, as empresas não faturaram. As ruas foram bloqueadas e isso impediu as lojas localizadas na avenida e no entorno dela  de venderem. As pessoas que precisavam passar por aquele local tiveram que escolher outros caminhos para seguir o seu destino. Isso leva mais tempo, mais gastos, mais aborrecimento”, analisou o coronel.

Farias disse ainda que o elevado número do efetivo da PM usado na operação deixou a população desprotegida. O coronel citou o exemplo de um comerciante que acionou a PM, logo após seu estabelecimento ter sido invadido, e demorou a ser socorrido. “Um cidadão de bem acionou a Polícia, era uma ocorrência verdadeira e ele padeceu, porque grande parte dos policiais estava atendendo a um trote”, exemplificou.

Mudança na legislação

Após a ocorrência do trote, o coronel Farias observou que esse pode ser o momento oportuno para os legisladores, da esfera municipal principalmente, atentarem para a criação de uma lei que puna com aplicação de multas as pessoas que se atreverem a “brincar” com trote.

“Eu vi um major, de uma cidade do interior de São Paulo, dizendo que quem é pego aplicando trotes tem que pagar uma multa de R$ 2 mil. Atualmente, a pena é muito branda e não deixa as pessoas temerosas nesses casos”, disse.

Danos ao patrimônio

O comadante da PM informou que Pedro Pedreira continua preso e que a Polícia Civil entendeu que o caso não deve ser tratado como um simples trote, e sim como dano ao patrimônio público.

“Ele está preso e vai continuar preso por um bom tempo. O caso dele passou dos limites e foi interpretado como um grave dano ao patrimônio público, que colocou toda a sociedade em risco”, explicou Farias.

O oficial espera que a rápida prisão do pedreiro seja um exemplo para as pessoas que costumam passar trote. “Espero que o caso dele sirva de exemplo para as pessoas que perdem tempo incomodando a Polícia com denúncias falsas. Se for menor de idade, os pais serão responsabilizados. Caso seja, maior vai ser preso, assim como esse foi. Não vamos tolerar esse tipo de situação”, completou.

Trotes

Conforme levantamento do Ciosp, de janeiro a abril deste ano, foram registradas 43.026 falsas ocorrências ou trotes, sendo que 36.620 foram praticados por crianças e 6.406 por adultos.

“Infelizmente, a Segurança Pública ainda enfrenta esse tipo de problema, que dificulta nosso trabalho”, disse o coordenador do Ciosp, tenente-coronel PM Eduardo Henrique de Souza.

Brincadeira sem graça

Paulo Rodrigues Pereira, 47, foi identificado como o autor das ligações que levaram os pelotões de elite da corporação a desencadear uma megaoperação contra um suposto assalto com reféns.

Ele negou que tivesse ligado para o Ciosp e passado um trote. Alegou que o chip de seu celular, da operadora Claro, teria sumido na parte da manhã e, quando retornou para casa, por volta do meio- dia, a esposa lhe informou que a Policia o havia procurado.

Pereira foi preso no bairro Jardim Vitória, após a Polícia rastrear um aparelho de telefone celular do qual ele ligou, duas vezes, somente na manhã de segunda-feira, no bairro Santa Isabel. Outras 29 ligações falsas, somente em 2012, foram atribuídas ao mesmo número de telefone.

Na primeira ligação, Paulo dizia que era porteiro do edifício Wall Street e que se chamava Rodrigo Silva; e que, por já ter servido ao Exército Brasileiro, conhecia as armas que os supostos assaltantes estavam portando. Ele disse que havia fuzil e até granada.

Já na segunda ligação, ele disse que era um dos assaltantes e que iria matar todos os reféns, caso o Bope entrasse em ação.

Veja a galeria de fotos com registros feitos pelo MidiaNews da megaoperação da Polícia para atender ao trote.

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GALERIA DE FOTOS

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Ramon Monteagudo/MidiaNews

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Katiana Pereira/MidiaNews

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Katiana Pereira/MidiaNews

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Katiana Pereira/MidiaNews

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Rotam - Wall Street




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COMENTÁRIOS
6 Comentário(s).

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helio  10.05.12 20h18
esse pessoal do bope dificilmente a maioria estão fazendo rondas na rua....e falando em efetivo, tem que dizer a esse bando de politicos deputados e governador, que ta na hora de fazer novos concurso para a pmmt de mt, chega de todo ano ter efetivo reduzido, passa ano sobre ano e é essa conversa.
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Raul  10.05.12 18h52
Raul, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
João Victor  10.05.12 15h29
Tem muita gente aqui que acha que entende de segurança pública. Amigos, por gentileza, cada um na sua área. Vocês não têm conhecimento sobre o assunto para afirmarem que houve despreparo da polícia. No mundo inteiro existe um padrão para se adotar em determinadas situações. Por exemplo, é comum nos Estados Unidos ocorrerem situações em que a polícia recebe denúncias anônimas de bombas e por isso evacuam prédios, estação de metro etc. Muitas vezes a denúncia é falsa. Agora me respondam: A polícia americana é despreparada também? Por gentileza, não opinem sobre assunto que vocês não entendem.
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Carlos  10.05.12 14h06
Concordo com o senhor Coronel, so que não é falta de Lei, é falta da aplicação da Lei; Infelizmente a lei não acontesse e sim desaparece principalmente quando exsiste poder aquisitivo. Aqui no Brasil todos sabemos quando a lei se torna energica e quando se torna-se branda e oculta. Sabemos tambem até que tipo de cela existe, pois se dizer que a cela é igual para todos estaremos pactuando com um amaranhado de mentiras. No caso desse Pedreiro, mesmo que ja tenha tido algum dia uma ficha crime, não acho o certo a aplicação da lei severa (Preso ou pagando o que não pode) ou oculta(a mais gostosa de todas : dentro de casa fazendo churrasco e bebendo cerveja) , acho que deveria ser a branda, aquela que o cara paga fazendo serviço para o estado , sem salario até que ele pague pelo transtorno, pelo trote que cometeu. E outra, se não fosse o poder aquisitivo, com certeza teria muita gente grande na cadeia.
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Marcos  10.05.12 12h49
Quem ouvir a gravação do senhor que deu o trote ficará indignado. Como pode a atendente da policia não notar a tranquilidade da pessoa que está denunciando. Despreparo total.
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