Greve Santa Casa 31-07-2018

A Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá fechou as portas para novas internações desde a manhã desta terça-feira (31).
A situação da unidade médica mais antiga da Capital continua crítica, devido à falta de repasses regulares por parte da Prefeitura de Cuiabá, com a qual tem contrato.
Na segunda-feira (30), os enfermeiros da unidade de saúde já haviam emitido um comunicado informando que iriam cruzar os braços por conta dos atrasos salariais. Eles já estão há quase dois meses sem receber.
Na frente do hospital foram estendidas grandes faixas com os dizeres: “A Saúde está na UTI, não deixe ela morrer” e “Tirem a Saúde da UTI, vidas não podem ser objetos ou moedas de troca”.
A reportagem esteve no local e conversou com enfermeiros.
“Não está sendo fácil para ninguém, temos contas para pagar. Essa situação vem se arrastando desde dezembro, e está difícil. A gente está trabalhando com 30% do efetivo. Só queremos o que é nosso por direito”, disse Joaquim Pereira dos Santos Filho, técnico de enfermagem.
O presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen-MT), Dejamir Soares, criticou a falta de repasses e de informações a respeito de emendas parlamentares e os recursos que entram para a unidade de saúde.
“Mais uma vez por falta de pagamentos, indo para a segunda folha de atraso. De um lado está a categoria sem receber. Do outro a Prefeitura nega e aponta que todos os recursos estão sendo pagos dentro do tempo hábil. O Estado também diz que está dentro da contratação, e a Santa Casa afirma que está com os repasses atrasados”.
“Chegou num ponto que a fala da Santa Casa não surte mais efeito e não gera mais credibilidade. Até porque em abril entrou uma emenda parlamentar de R$ 10 milhões, que dava para ter sanado todas as dividas até dezembro. E em menos de um mês essa emenda evaporou e não tem mais nada”, disse.
Caos na Santa Casa
Não é de hoje que os funcionários reclamam da situação financeira da instituição, que, segundo seu presidente Antônio Preza, continua trabalhando com um déficit que gira entorno de R$ 700 mil mensais.
Assim como os funcionários, Preza também afirma que não tem mais como levar a situação financeira adiante.
“Chegamos num momento em que vamos ter que resolver isso. Não há como o hospital ser tocado dessa forma. Tudo isso é reflexo da falta de repasses, sim”, disse, em recente entrevista ao MidiaNews.
Os únicos compromissos que a instituição tem conseguido manter é com os medicamentos, materiais e comida.
Segundo o diretor, a esperança que ainda resta é a liberação das emendas parlamentares e dos recursos do Fundo de Estabilização, prometido pelo Governador Pedro Taques.
A promessa é que o fundo destinará 100% dos recursos para a Saúde, provenientes de parte dos incentivos fiscais de setores produtivos que aderiram ao projeto. A expectativa de arrecadação é de R$ 180 milhões em um ano. Com isso, os hospitais filantrópicos devem receber repasses de R$ 36 milhões ao ano.
No entanto, a Prefeitura de Cuiabá informou que não há atrasos significativos nos repasses - e que a maioria está em dia.
De acordo com a Secretaria de Saúde, o último pagamento aconteceu no dia 16 de julho, quando foram repassados R$ 274 mil referentes aos serviços hospitalares de alta complexibilidade; R$ 247 mil de serviços ambulatoriais de nefrologia e mais R$ 470 mil de serviços ambulatoriais de alta complexibilidade.
"Ao todo foram repassados no ano de 2018 o montante de R$ 30.702.461,24. A secretaria informa que no final do ano passado e neste ano a Santa Casa recebeu de emendas parlamentares para custeio o montante de R$ 18.905.732,00 já repassados", diz trecho de uma nota enviada à imprensa pela Prefeitura.
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9 Comentário(s).
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José Santana 01.08.18 21h43 | ||||
Saudades de quando as Irmãs Salesianas administravam essa instituição de saúde, uma lastima que tenham deixado a administração. Com a saída delas os interesses políticos, pessoais, e outros tomaram conta e acabaram com a Santa Casa!!! | ||||
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Vitória 01.08.18 09h32 | ||||
Força pra todos os funcionários da Santa Casa, não é justo o que voces esão passando. O Governo a prefeitura, os políticos tem que olhar com bons olhos e resolver a situação da Santa Casa, não ficar procurando de que quem a culpa. | ||||
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Levino 01.08.18 06h36 | ||||
Mas cade os onze milhões da emenda ? Que saco sem fundo é esse? Parece que está faltando é gestão. Decerto que uma fiscalização na SC poderia ajudar a administração a gerir melhor suas verbas PÚBLICAS. Não acho certo nem moral uma pessoa ter salário de dezenove mil para trabalhar no setor de arrecadação de doações. É um absurdo isso. As Santa Casa de todo país vivem sempre em estado de caos financeiro. Acredito piamente que falta GESTÃO. | ||||
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teves neves 31.07.18 20h14 | ||||
Se houve esses repasses..para onde foi o dinheiro..tem planilha de pagamentos????..fica essa palhaçada de empura empura..revoltante a falta de respeito , com a nossa saude, com os funcionarios, colaboradores da SANTA CASA..meu irmao Gaças a Deus saiu hoje de lá depois de 40 dias internado...tratado todo esse tempo com muito carinho por todos lá .parabenizoe Agradeço a todos lá de coração...pessoa impares..que tem contas a pagar, familias para sustentar...vamos rever isso ou falta repasse ou má administração..a saude não pode parar...nesse perido vi quanta gente passa por lá, com cirurgias..vindos de todos lugares....Politicos vamos trabalhar direito...a administração tambem. | ||||
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Roberson 31.07.18 19h00 | ||||
Essa Santa Casa tem fiscalização? Não é possível, há tempos entra gestão e sai gestão mas ninguém consegue resolver os problemas desse lugar. Nenhuma auditoria foi realizada para verificar desvios de recursos? Se eu que estou de fora vejo várias coisas mal explicadas, imagina o que tem a dizer quem está la dentro... Está na hora de ter alguma intervenção das autoridades e passar um pente fino nisso tudo. | ||||
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