Cuiabá, Sábado, 19 de Julho de 2025
ILHA DA BANANA
17.06.2017 | 11h25 Tamanho do texto A- A+

Usuários retirados de imóveis migram para o Morro da Luz

Moradores da região contam que ainda vivem com insegurança; alguns já foram vítimas de assalto

Alair Ribeiro/MidiaNews

Parte dos que foram retirados agora se reúne no Morro da Luz

Parte dos que foram retirados agora se reúne no Morro da Luz

VINICIUS MENDES
DA REDAÇÃO

Parte dos usuários de drogas que habitavam os prédios abandonados da Ilha da Banana, na região central de Cuiabá, migrou para o Morro da Luz, após o início da demolição.

 

Os moradores da região ainda estão amedrontados com a situação e dizem que já foram vítimas de assédios e assaltos.

 

A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que vai ao local todos os dias levar água e comida para os moradores de rua, e que sempre oferece vagas nos albergues da Prefeitura. No entanto, muitos preferem continuar naquela situação.

Se demolir e não fizerem algo com relação a eles [usuários], vai continuar a mesma coisa

 

Alguns moradores não acreditam que, com a demolição, a situação melhore.

 

Márcio Augusto, que mora ao lado do Morro da Luz, em frente à Ilha da Banana, disse que a segurança piorou após a desocupação dos prédios para as obras da Copa do Mundo.

 

“Depois que desocuparam, piorou muito, a polícia não dava conta. A casa da minha tia, aqui do lado, já foi assaltada umas oito vezes”, afirmou.

 

Ele não acredita que a segurança para ele e os vizinhos possa melhorar com a demolição.

 

“Se demolir e não fizerem algo com relação a eles [usuários], vai continuar a mesma coisa. No Morro eu acho que não melhora, porque muitos deles saíram da Ilha e subiram pra lá. E à noite é muito pior. Você vê, por exemplo, ninguém mais senta na porta de casa no fim da tarde, como era o costume”, contou Márcio.

 

Ele também relatou que não se sente protegido pelo poder público.

 

“Uma pessoa dos Direitos Humanos veio aqui. Falou que ia defender o direito de ir e vir deles. Mas e o nosso direito? E se um dia entrarem na minha casa, me roubarem ou estuprarem minha filha e minha esposa, quem é que vai defender a gente?”, disse.

 

Alguns dos moradores, no entanto, têm esperança de que a situação melhore.

 

Dona Janina Pinheiro mora em frente à Ilha da Banana e é a favor da demolição.

 

“Eu estou agradecendo a Deus por essa demolição, porque vai ficar mais seguro. Com o início destas obras, os usuários de drogas já deram uma aquietada”, contou.

 

Ela afirmou que já foi vítima dos moradores de rua.

 

“Uma vez eu acordei à noite e encontrei uma mulher mexendo no guarda roupa, tinha arrombado a minha porta. Quando a vimos, ela pediu para ir embora. Não chegou a levar nada, mas ficamos com medo. Também já tentaram roubar o carro do meu filho, quebraram a janela do carro dele uma vez”, disse.

 

Dona Neize Ferraz, vizinha de dona Janina, também tem esperança de que os usuários saiam da região.

 

“Saiu um pouco, mas ainda tem uns usuários que aparecem por aqui, sim. E tomara que melhore mesmo, porque do jeito que está não dá pra ficar”, afirmou.

Alair Ribeiro/MidiaNews

Demolição Ilha da Banana

 Área em processo de demolição na Ilha da Banana, em Cuiabá

 

Ela disse que se sente refém da situação, já que os usuários costumam ficar em frente à sua casa.

 

“A porta da minha casa é toda gradeada, sempre fechada. Já quebraram o vidro, para tentar entrar, eu acredito. Eles usavam drogas bem na minha porta e eu não podia falar nada”, contou.

 

Ela acredita que os usuários não saem do local porque recebem ajuda.

 

“E eles ficam aí porque é cômodo. Às vezes vem gente trazer comida pra eles. A primeira dama [Márcia Pinheiro] trouxe cobertor. Tem que dar o cobertor né, mas aí eles ficam por ali mesmo, porque está cômodo”, disse.

 

O comerciante José Carlos Souza é dono de uma loja de conveniências na Ilha da Banana.

 

Por causa do medo, ele atende os clientes através de uma grade.

 

Ele acredita que a desocupação foi feita sem organização, por isso a situação chegou a esse ponto.

 

“Eu acho que essa situação é culpa do Governo. Foi um desleixo isso. Ficou uma bagunça, desapropriaram pra começar a obra mas não fizeram. Antes da desapropriação, isso aqui era um paraíso”, afirma.

 

José Carlos disse que já presenciou assaltos e assédios na região.

 

“Os usuários nunca mexeram comigo, mas com os meus clientes às vezes já aconteceu de pedirem dinheiro enquanto estavam na minha porta. Com as pessoas no ponto de ônibus ali também, já assaltaram. O meu comercio ficou muito prejudicado”, contou.

 

O projeto

 

Na sexta-feira (16), 12 operários trabalhavam na demolição de um dos prédios da Ilha da Banana.

 

No imóvel ao lado, ainda estão esperando a retirada dos usuários de drogas para iniciar a demolição.

 

A previsão é de que a demolição e retirada de entulhos tenha duração de 30 dias úteis.

 

O projeto inicial para o local, apresentado pela extinta Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo), previa a retirada de todas as casas da Ilha da Banana para que os vagões do VLT subissem pela Rua Bernardo de Antônio Oliveira Neto, que passaria a ser mão-dupla.

 

Já a Avenida Coronel Escolástico, em frente à Igreja do Rosário, na pista que faz o sentido Coxipó-Centro, seria bloqueada, dando lugar ao Largo do Rosário.

 

Após os primeiros embates dos moradores da região, o projeto foi mudado.

 

O "Plano B" previa apenas a demolição de metade da Ilha para a implantação da via permanente do VLT do Eixo 2 (Coxipó-Centro).

 

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Demolição Ilha da Banana

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Dona Janina Pinheiro

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Comerciante José Carlos

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Dona Neize Ferraz

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Senhor Márcio Augusto




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